Cap. 15

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Narrado por Mia Davenport

É sábado, 9:23 da manhã. Eu sou acostumada a acordar antes das 10 horas mesmo aos finais de semana, fico irritada se acordo tarde, parte do meu dia foi perdido, mesmo que o meu dia seja passar o dia na cama lendo alguma coisa, mexendo no celular ou assistindo um filme.

O sol passa por uma fresta da cortina. Conseguindo de alguma forma iluminar boa parte do quarto.

Me sento na cama parando para raciocinar o que eu iria fazer no dia. Lembro que combinei com Oliver e Dylan de ir à lanchonete perto da minha casa que geralmente nós vamos, as vezes, nem é para comer, só pra passar o tempo.

Me levanto e vou para a cozinha sabendo que não teria ninguém, já que meus pais com certeza já saíram para trabalhar e o meu irmão, diferente de mim, se nega a acordar antes das 11 horas no final de semana.

Falando nisso, a diferença entre nós é gritante na maior parte das vezes. Ele ama calor, eu prefiro frio. Ele ama crianças, eu não tenho jeito nenhum com elas. Ele não lê quase nada, eu amo. Ele é extrovertido e consegue fazer todo mundo gostar dele tão facilmente, eu sou introvertida e poucas pessoas gostam realmente de mim. Essa diferença pode ser boa ou ruim, depende de quem você tá falando.

Pra ele, com certeza é boa. É engraçado, divertido, é difícil conversar com ele por mais de cinco minutos e não gostar dele. O amigo incrível, um colega de sala incrível, uma companhia incrível, o filho incrível, o irmão perfeito. Não é atoa que ele é o favorito dos meus pais.

Pra mim, essa diferença não é tão boa assim. Não sou exatamente a pessoa mais engraçada e carismática, não sou a amiga favorita, a filha favorita. Mas tá tudo bem, eu realmente me acostumei com isso. Tenho o Oliver e o Dylan desde os meus 12 anos,  tenho o Adrian desde sempre e tinha o Noah.

A pior parte são as coisas que já ouvi dos meus pais e de outras pessoas da família. Coisas do tipo "você deveria ser mais como o seu irmão", "tenta ser mais legal se você quer que gostem de você como gostam do Adrian", "tenta sorrir mais e falar mais com as pessoas", ou "mas também não precisa forçar e ser desesperada por atenção desse jeito". Ou quando meus primos e primas passavam a maior parte das festas de família com o Adrian, ou só chamavam ele para passar um final de semana na casa deles.

Eu sei que o Adrian muitas vezes se culpa por causa disso, mas é claro que não é culpa dele. Ele não tem culpa de ser assim, ele é incrível, e todos ao redor dele tem muita sorte, inclusive eu. Tenho muita sorte de ter o Adrian. Já tive medo de o perder algumas vezes, como por exemplo quando eu e o Noah paramos de nos falar, achei que talvez ele fosse ficar com raiva do que eu fiz, mas não, e eu já deveria imaginar. Se tem alguém que eu sei que vai estar comigo independente de qualquer coisa, é o Adrian, e eu espero muito que ele saiba que eu também vou estar com ele, mesmo nós dois não sendo os irmãos mais carinhosos do mundo, ou que passam o tempo inteiro juntos.

Bebo um copo d'água e volto para o quarto, passo o tempo no celular e terminando o livro que eu estava lendo.

Cerca de duas horas depois, escuto a voz do Adrian.

— Mia! — Ele grita.

— No quarto. — Grito de volta, sem tirar o olho do livro. 

Escuto a porta sendo aberta e olho para ele, com a cara de quem acabou de acordar, calça amassada e cabelo bagunçado.

— Vai sair hoje? — Ele pergunta com o braço apoiado na maçaneta.

— Vou, mas só mais tarde.

— Dylan e Oliver? — Ele pergunta e eu afirmo com a cabeça.

Ele sai do quarto deixando uma fresta da porta aberta. 

Sim, eu disse nãoOnde histórias criam vida. Descubra agora