Sim, eu disse não

Cap. 18

Narrado por Mia Davenport

Sexta-feira, preciso arrumar algum lugar pra ir, urgentemente. Os amigos do Adrian vem pra cá hoje.

Poderia chamar os meus amigos para cá também, mas isso só deixaria a situação pior, e acho que o Oliver vai sair com a Olivia.

Estou em direção a sala de aula. Adrian vai para o grupo dele e eu vou para o meu.

— Oi, bom dia. — Falo me sentando em uma cadeira na frente de Maya

— Bom dia! — Maya responde com um sorriso.

— Bom dia. — Os meninos respondem juntos.

— O que vocês vão fazer hoje? — Pergunto.

— Vou sair com a Olivia e depois com meus pais. — Oliver responde.

— É aniversário da minha tia, vou para a casa dela com meus pais. — Dylan fala.

— Nada, eu acho. — Dessa vez a resposta vem da Maya.

— Quer fazer alguma coisa? Qualquer coisa, podemos só ir para a praça, não sei.

— Quero! — Ela se empolga. — Qualquer canto tá bom.

— Que horas? — Pergunto.

— Umas 14 horas, a gente se encontra na praça. — Ela diz e eu concordo com a cabeça.

Continuamos conversando até o professor de história chegar na sala.

Depois de duas aulas de história que passaram impressionantemente rápido, nós ficamos sentados no refeitório, em uma mesa não muito longe da que meu irmão e os amigos dele estavam.

Eles parecem não perceber que estávamos ali, nem mesmo quando passamos do lado deles para nos sentar. Os quatro, e agora com a novata parecem sempre estar em mundo só deles e não importa o que resto pense ou diga. Eles só vivem.

Isso não é uma coisa ruim, deve ser realmente bem confortante não se preocupar se as pessoas estão vendo ou prestando atenção em alguma coisa que você tá fazendo, ou se vão falar de você depois que você sair do local.

O Adrian não mudou, sempre teve esse jeito. Mas o Noah sim, talvez depois que a Olivia chegou, não sei. Mas seria bom se esse sorriso que ele dá quando ela diz alguma fosse direcionado a mim, não de forma romântica, mas só algum tipo de atenção.

Aquilo tudo aconteceu, porque eu fiz aquilo tudo acontecer. E a culpa de não ter mais a atenção dele é minha. A única pessoa que me dava atenção além do meu irmão agora me ignora completamente.

Muitas pessoas me reconhecem pela escola, mas elas não me conhecem de verdade. A atenção que eu recebo delas não é verdadeira. É quase como se o que eu realmente fosse não existesse, é invisível.

Eu não me importo com qual tipo de atenção vou receber. Seja amor, ódio, raiva, ternura, sei que não dá para agradar todo mundo, mas pelo menos me odiariam ou me amariam pelo que eu sou, não pelo que deixo parecer que sou.

Faz cerca de dois anos que parei de falar com Noah, e ele me conhecia, conhecia a Mia daquela época, tão bem quanto eu mesma. Mas tudo que eu disse e fiz, não era exatamente eu, era quem eu queria mostrar que era. Só as paredes do meu quarto me escutavam chorar sozinha por ter feito aquilo. Por ter afastado completamente quem me conhecia e realmente gostava de mim.

Eu não gostava dele daquele jeito, a ponto de aceitar um pedido de namoro, nunca entendi exatamente o porque, acho que nunca gostei de ninguém desse jeito. A companhia dele era incrivelmente boa e ele era um amigo espetacular.