Capítulo 11

38 2 0
                                    

    A verdade repousa em qualquer lugar

          Com o passar dos meses já não se ouvia mais falar nos irmãos Kira e Klefy fazendo com que seguissem seus caminhos apesar de tudo estava indo bem para ambos os reinos e demais terras as vezes quando menos se espera, podem haver reviravoltas.
      Grannus continuava seguindo seus dias como governante ensinando diferentes assuntos a sua irmã Ayla que ao contrário de algumas princesas gostava daquela vida de governar sem depender de casamento, sua mãe não pensava mais em Rairon o que era de fato um alívio para ela pois assim ficaria somente em ajudar Zarah com as etiquetas. A vida no reino estava indo bem para todos os que moravam lá, bom... Nem todos.
          Á medida que o tempo passava Liandra era movida pelo ódio e quando via sua felicidade indo por água abaixo seu sangue fervia, não dava conta de se controlar sabendo que Klefy tornou-se alguém importante para a família de Grannus enquanto que ela não passava de uma simples amiga, e até mesmo uma aliada. Como um homem que sempre fez maldades para aquela família poderia mudar da água pro vinho? Sua atitudes não se comparam com aquele rei tirano que era antigamente, mas como dizer até o mais forte dos reis é ferido por seu orgulho deixando de lado a corte e passando a focar somente nas pessoas que lhe fazem bem. No entanto, a rainha de Rayearth não acreditava nessa mudança tão repentina e passou a desconfiar.
          Mas quem poderia julga-la por suas desconfianças, a reputação de Klefy antes de ser o irmão da antiga rainha de Ceres era a pior de todas provocando preocupação e revolta para reinos que ficaram sabendo sobre esse laço sanguíneo, se perguntaram como tudo havia acontecido no passado fazendo com que a família real desse explicações sem cabimento somente para diminuir o foco em suas terras pois assim teria um pouco de paz, de fato era horrível ter que dá argumentos que não eram bons mexendo com as emoções da família por muitas das vezes tornava difícil principalmente para Kira. Ela ficou conhecida como a rainha da voz porém preferiu o silêncio deixando seus filhos falarem por si, já não aquentava mais vê o castelo cheio de reis e rainhas tocando nas mesmas palavras.
          Mas com o passar dos dias aprendeu a esquecer tudo e qualquer assunto que vinha aos seus ouvidos em relação a isso passando a se concentrar em Zarah, como era fácil conversar e ensinar tudo o que sabia para a herdeira do trono de Uindon mesmo sabendo daquele passado, tinha a certeza do seu julgamento e das fortes palavras que poderiam vim dela daqui há alguns anos pela frente. Nada lhe daria o maior prazer de esquecer aquelas benditas frases de Zafira quando estava na choupana e na carta deixada por Kyttay, jamais imaginou que a sina de sua nora e amiga estava em suas mãos sem saber o rumo que seguiria.
          Por que justo a si tinha que manter esse segredo a sete chaves? Contar ou continuar calada fazia a antiga rainha ficar em um beco sem saída percebendo o quanto seu silêncio a corroía por dentro, e pensava de todas as maneiras dizer tais palavras a Zarah mesmo sabendo que colocaria sua amiga e o respeito de seu filho em risco, sabia que esse era o preço alto a se pagar quando mantém uma verdade a ser guardada. Só que não precisava seguir dessa forma ou precisava? Questionou-se esperando sua resposta aparecer como um sussurro em seu ouvido dizendo que quando menos se esperaria tudo chegaria a sua conclusão, porém o tempo estava a passar e quanto mais continuava com o silêncio sua chance de se redimir diminuía.
          Há se pudesse voltar no tempo onde havia encontrado a carta jamais a abriria novamente sabendo de seu conteúdo, todavia, o passado não voltaria mais tendo que seguir no presente rezando amargamente por perdão de sua família mesmo não revelando absolutamente nada a eles. Mesmo que se não abrisse aquele pedaço de papel as dúvidas sobre Zarah iria continuar as mesmas até descobrir a verdade e agora que já sabe tinha um dever a cumprir para com seus pais, apesar de ter jurado que somente Zafira e Zander tinham o direito juntamente com a responsabilidade de contar para a  herdeira do trono de Uindon sobre seu passado, tinha algo lá no fundo lhe dizendo para se encontrar com eles pela última vez para descobrir seus reais planos. No entanto, tinha medo de ir lá porém o poder da amizade que tinha com sua futura nora era mais forte que tal sentimento.
          Tinha que decidir se ia até os antigos reis ou esperava para ver o que aconteceria quando tudo viesse a tona de uma vez só, havia uma decisão difícil em suas mãos sabendo o quanto fora ruim pensar porém a escolha deveria ser clara e boa para ambas as partes, mas será mesmo que tomaria providências corretas para as dúvidas? Não, Zarah era boa de mais para continuar achando que seus pais morreram sendo criada pelos tios. Após pensar bastante e andar de uma lado a outro enfim havia chegado a solução porém precisava da ajuda de Ravenna para seus pensamentos tomassem forma, realmente não podia mais fugir de suas ações podendo gerar consequências graves e sendo uma rainha mesmo sem coroa sua honra tinha que permanecer intacta, mesmo quê significasse o desprezo.
          Em uma tarde como qualquer outra lá estava a antiga rainha em seu jardim lendo um de seus livros enquanto ouvia o som do cantar dos pássaros sentada no banco de mármore branco debaixo da macieira, os raios do sol persistiram entrar por entre o vão das folhas sabendo que tais eram balançadas pelo vento trazendo o ar gélido e ao mesmo tempo puro, ninguém  incomodava Kira nesses momentos de solidão somente seus filhos e nora tinham a permissão para isso mas nenhum deles se atrevia fazer tal coisa. Seus ensinamentos a eles se tornaram úteis a final de conta além do mais o respeito pelos pais vinham em primeiro lugar, deixando de lado a coroa e a fortuna.
          Ficando no jardim seus filhos cuidavam dos afazeres reais desejando que tudo terminasse porém sendo o rei e a princesa seus dias de diversão tinham acabado trazendo consigo responsabilidade, apesar de tudo sobrava algumas horas para os irmãos ficarem nos quartos descansando não só a mente como também o corpo. Esgotados mal havia sobrado tempo para ficar ao lado da família, e isso os deixavam tristes mesmo sabendo desses terríveis destinos. Grannus deitou-se junto com Zarah em seu quarto pegando no sono ao seu lado já sua irmã ficou lendo um livro até adormecer assim como o irmão, trazendo um silêncio enorme para dentro daquele castelo.
          A antiga rainha fechou o livro, levantou-se do banco de mármore branco e caminhou até sair do jardim entrando lá ouvindo somente os sons de seus empregados tendo a certeza que seus dois filhos tinham ido descansar, então se recolheu ao quarto e esperou o cair da noite. Quando o astro e as estrelas reinavam no céu foi para a sala de jantar junto com os filhos ficando até o último deles irem se recolher novamente, iria ficar completamente sozinha se não fosse por Ravenna estando em seu colo. Sem sono caminhou para o jardim passando a observar as constelações enquanto sentia a brisa do vento tocar seus cabelos balançando cada fio lentamente, realmente está ali a deixava aliviada com tudo o que estava a passar em sua mente tendo a companhia da raposa vermelha.
          Lembrou-se do compromisso que tinha com os reis de Uindon indo falar com eles tomando todo o cuidado ao sair do castelo pela passagem no labirinto daquele delicado jardim mostrado por Ravenna, seguiu o caminho passando pelas ruas da cidade sabendo que estava sendo seguida por ela até chegar na floresta e depois dali era a pequena que a conduzia por entre as árvores desviando dos perigos eminentes que havia por lá, poucas horas depois já estavam perante a entrada do túnel que levava até a choupana do outro lado do rio. Ao passar por ele e ver que as luzes de velas iluminava aquela pequena casa se aproximou lentamente, bateu na porta com a raposa em seu colo esperando por alguns minutos até ver Zander abrindo para sua entrada. Sentou-se no sofá enquanto bebia um chá feito pelo próprio passando a espera por Zafira, antes disso os dois passaram a conversar.
          Quando a antiga rainha de Uindon chegou e viu sua amiga sentada em frente ao seu marido ficou a se perguntar o porquê dela está ali, deixou as ervas que havia colhido na floresta sentando-se perante a mesma e perguntou:

Zayrha a princesa ruiva Onde histórias criam vida. Descubra agora