Capítulo 23

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    Chegamos na floresta perto das 20:00. Foi divertido assistir os dois montando a barraca, as hastes batendo no rosto de Sebastian e o pano caindo sobre Elizabeth. Eles estão pegando leve comigo, já que eu estou, literalmente, caminhando para a morte.
    A floresta é perigosa, por isso nos dividimos em turnos. Depois de muita insistência, eu consigo o primeiro turno. Por horas, fico apenas encarando as árvores. Bem, parte delas. Há uma grande névoa circulando e não consigo enxergar muita coisa.
    Essa paisagem me acalma de certa forma, nunca gostei de sentir o sol no rosto ou do calor do verão. Está um clima agradável, bom para refletir. E para...
    Ouço um barulho vindo das árvores, e, rapidamente, saco minha pequena lâmina, presente dado por meu pai quando eu tinha 7 anos, a sensação do couro em minhas mãos é reconfortante.
    Me lembro de quando meu pai me ensinou a usá-la, ele disse que eu tinha um dom. E depois do treino, não importava onde estávamos, ele sempre me levava para comer sorvete de menta.
    – Eu pensaria melhor antes de fazer isso – um vulto aparece entre a névoa. Não consigo ver seu rosto mas reconheço sua voz. A nostalgia me faz perder o ar, e um arrepio passa pelas minhas costas. Jonathan. – Sabia que me reconheceria, meu anjo.
    – Não me chame de meu anjo – digo tentando parecer irritada – Eu não sou nada sua. Nada.
    – Assim você me magoa – ele diz e sinto um sorriso em sua voz. Ele chega mais perto e, finalmente, consigo enxergar seu rosto. – Você já deve saber sobre nós. E minha proposta continua em pé. Você não precisa morrer. Nenhum de nós precisa. Nós podemos nos juntar e ser mais poderosos que todos eles. Nós podemos mostrar para eles o que é ser poderoso de verdade. Venha comigo, Mackenzie. Por favor.
    Ele oferece sua mão para mim e eu a encaro. Sinto uma fagulha de esperança. Talvez eu possa continuar viva, e mostrar para os meus colegas que sou poderosa. Eu mereço o respeito deles. Quero fazê-los se arrepender do que disseram para mim.
    Jonathan percebe que estou ponderando e segura minhas duas mãos. Seu calor abraça minhas mãos gélidas.
    – E-eu não sei – minha voz oscila. Não sei o que escolher. Realmente não sei. Jonathan olha para mim e me puxa para um abraço. Consigo sentir sua respiração em minha orelha. Um arrepio percorre meu corpo.
    – Eu poderia te proteger. Te fazer feliz. Venha comigo, eu lhe imploro – ele parece desesperado.
    E então tomo minha decisão.
    – Não. Eu não vou com você.
    Uma grande parte de mim quer fugir com ele, mas sei que não é certo. E não quero ver o mal reinar. Isso não pode acontecer. Também penso que isso deixaria papai orgulhoso. Ele não teve uma opção na minha idade, mas eu tive. E fiz a escolha certa
    Ele parece espantado e, por um momento, penso que vai dizer algo. Mas, então, o zíper da barraca é aberto e quando volto a olhar para Jonathan, ele já se foi.
    – Mackenzie? – Elizabeth diz preocupada, e me viro para ela – Você está bem? Parece que viu um fantasma.
    – Eu estou bem – digo tentando reconforta-la.
    – Vá dormir. Você parece cansada – eu assinto e caminho para a barraca. Mas antes me viro e digo:
    – Me chame de Mack, afinal somos amigas, não é?

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⏰ Última atualização: May 14, 2021 ⏰

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