Capítulo 4

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    Assim que entro no quarto, encontro Elizabeth me encarando enquanto bate o pé no chão, não parece irritada mas preocupada. Será que sou obrigada a conversar com ela? Por sermos colegas de quarto e tals.
     – Preciso de um favor – ela diz cortando o silêncio.
     – Achei que os Weasley não precisassem de ajuda da sonserina – digo a provocando.
     – É sobre Sebastian – ela diz revirando os olhos. E deve perceber meu olhar irritado porque continua a falar – Bom, ele meio que está tendo uns problemas...
     – Com drogas? Sempre achei que ele seria o primeiro dos dois a começar a usar – digo sorrindo enquanto sua expressão muda de preocupação para raiva - Mas então com o que o principezinho do reino bruxo precisa de ajuda?
     Me sento na minha cama e a observo respirar profundamente antes de continuar:
     – Ele... ainda não conseguiu aceitar o fato de ter caído na Sonserina. E está arrumando encrenca com alguns colegas sonserinos.
     Sinto algo se mexer no fundo de meu âmago. Eu entendo caçoarem de mim e me odiarem. Entendo minha casa ter feito algumas coisas que a inclinaram a ser taxada como "Malvada" ou " A casa dos vilões". Mas um sonserino reclamando da própria casa? Não, desculpa, mas eu achava que pelo menos meus colegas entenderiam o quanto é ofensivo nos estereotipar dessa forma.
     Saio irritada, todos no corredor abrem espaço enquanto passo. Escancaro a porta de Sebastian, o barulho faz com que eu me assuste mas finjo que não. Lá está ele, deitado na cama enquanto lê uma revista em quadrinhos. Fecho a porta atrás de mim, sem me importar com o que os outros pensarão.
     – Você acha que é melhor que todos só porque seu pai é uma pessoa importante? Pois bem, você não é mais importante que ninguém aqui! Ninguém! E principalmente...
     – Por que eu seria melhor que qualquer um aqui? – ele diz me surpreendendo com sua calma.
     – O que?
     – Você disse que eu acho que sou melhor que todos aqui. Mas porque eu seria? – ele diz finalmente me olhando nos olhos.
     – E-eu – tento formar uma frase – Elizabeth disse que..
     – Que estou arrumando encrenca, que estou odiando estar na sonserina. Ela está certa, mas não pelos motivos que pensa.
     – Então por que? – digo confusa, e me sento ao seu lado na cama.
     – Todos sempre colocaram expectativas em mim, desde que nasci, e sabe como é estressante saber que...
     – Que nunca vai ser como eles querem que seja? – digo sentindo um pouco de pena dele – Sei como se sente, sabe como é viver sendo filha do inimigo jurado de um dos bruxos mais amados? Todos me tratam como se eu fosse uma pessoa horrível e maldosa, e ninguém pensa em como sou de verdade. Ninguém nem se importa.
     Ele fica quieto por alguns minutos e sinto algumas lágrimas escorrendo por meu rosto. As afasto e tento manter a calma.
     – E-eu nunca imaginei que se sentisse assim – Sebastian diz enfim – Agora estou me sentindo um idiota.
     – Não acho que nenhuma tristeza seja menor ou maior que outra – digo e respiro fundo – Só queria que soubesse que sei como se sente.
     Ele me olha antes de prosseguir:
     – É muita pressão, não é? – ele diz voltando seu olhar para o outro lado do quarto – Ser sempre do bem, ser sempre do mal no seu caso. Todos sempre disseram que eu pertencia à Grifinória como meu pai.
     "E olha só onde estou agora!" ele abre os braços apontando para o quarto "Eu só queria poder fazer os outros se orgulharem de mim. Mas olha só para mim, estou preso na casa dos vilões, e nem sei o que meus pais pensam disso porque não podemos manter contato com eles ."
     " Casa dos vilões? Oh, coitadinho do Sebastian Potter, ele está preso na casa dos vilões. Então por que você não sai e vai choramingando até seu papai? Ele com certeza vai mandar o Chapéu te trocar de casa, e todos vão ficar com peninha do pequeno Potter!" digo revirando os olhos, e me odiando por ter sentido pena dele " Talvez para você esteja na casa dos vilões, porque é um idiota, babaca. E talvez seja o mais vilanesco entre todos nós!"
      "E-eu" ele gagueja "Eu não sei o que dizer"
      "É claro que não sabe" eu me levanto, irritada "Você sempre teve tudo na sua vida, tudo. Todos sempre te amaram. Sabe o que é ser odiado a vida inteira? Sabe o que isso faz com você? Porque eu sei. E quase todas as pessoas nessa casa já sofreram pelo menos um pouco do eu sofri. Mas claro, somos a casa dos vilões. Não temos sentimento, e não ligamos para passar por cima dos nossos próprios amigos e familiares, certo?" percebo que estou chorando há alguns minutos "Você já tentou focar nas coisas boas da nossa casa? Em como nós nos esforçamos para sermos melhores que os outros? Ok, esse não é um bom exemplo. Você já pensou em como sonhamos mais alto que os outros? Ou em como queremos que nossos amigos realizem seus sonhos, e como às vezes nos esforçamos até mais que eles para isso? Não, acho que nao pensou nisso"
      "E-eu" ele começa "Acho que você está certa. E-eu sinto muito"
      "Tudo bem, acho que eu exagerei um pouco também" sorrio para ele "Vem, me dá um abraço"
    Nós nos abraçamos, e quando volto a olhar em seu rosto, percebo-o encarando a porta. Me viro e vejo Elizabeth ali encostada na porta com um sorriso no rosto.
     – Eu vim  impedir que matasse ele, mas parece que não será necessário – ela diz, e sorrio para ela.
     – É, acho que não – me viro para Sebastian – Ainda acha horrível ser da Sonserina?
     – Com certeza não – Sebastian responde, e olha no fundo dos meus olhos – Obrigada, de verdade.

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    Eu adoro o jeitinho que a Mack e o Seb se entenderam no final, acho que de todos na história eles são os mais parecidos. De certo modo, claro. O que estão achando do Seb?

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