Meu corpo estava pesado, minha cabeça latejava e todos os músculos que residiam embaixo de minha pele ardiam em resposta a algum movimento que eu tentava fazer. Minhas pálpebras ainda fechadas dificultava a minha visão, mas eu não as queria abrir. A escuridão me banhava em paz e era só assim que eu queria ficar: em paz.
Aos poucos minha audição foi se tornando mais que um zumbido e eu pude escutar os bips e a os pássaros que cantavam. Pude sentir o sol batendo em minha pele e aquecendo o local de forma acolhedora, como se me mandasse forças e me abraçasse, dizendo que tudo iria ficar bem.
Com um pouco de dificuldade consegui abrir meu olhos, que doeram com a claridade que vinha de uma janela aberta até eu me acostumar com ela e ver onde eu estava. Eu me encontrava em meu quarto, ligada a aparelhos que monitoravam meus batimentos cardíacos, minha pressão e oxigenação. Um inalador estava preso em meu rosto e me ajudava a respirar melhor, o que julguei ser oxigênio.
Um coberta fina e vermelha cobria meu torso e pernas, deixando apenas minhas mãos lado a lado de meu tronco. Ao virar para o lado eu pude ver ele dormindo calmamente, seus cabelos negros estavam um pouco maiores do que a última vez que eu o havia visto e cobriam um pouco seus olhos fechados.
Uma intensa vontade de passar os dedos por aqueles fios sedosos se fez presente, então levantei a mão, notando asas de empunhadura presas juntamente com o tubo extensor ligados a um soro que caía lentamente pela metade. Resolvi não mexer novamente aquele braço e apenas me permiti observá-lo. Sua respiração lenta e ritmada. Sua boca entreaberta. Sua pele brilhante pelo suor. Ele era perfeito.
Toquei seus cabelos com a minha mão livre, fazendo um carinho que fez encher meu peito de alívio por ele estar bem. Sorri minimamente, passando meus dedos por entre seus fios, tocando sua pele, seus lábios e quando olhei em seus olhos meu coração errou uma batida.
Jungkook me encarava com aqueles olhos escuros, passando por todas as partes de meu rosto e me analisando, buscando um machucado ou algo fora do lugar. Recolhi minha mão, que logo foi apertada pela a sua, que fez um carinho em minha palma. Ele a levou para os lábios e depositou um beijo em meus dedos, fazendo com que eu puxasse um pouco mais de ar para me recuperar.
O moreno levantou seu corpo, ainda segurando minha mão e a posicionando em sua testa, soltando um intenso suspiro. Ficou assim por alguns minutos, o que me fez perceber um pequeno tremor em seus ombros e logo notei que chorava, aquilo partiu meu coração.
- Você não sabe o quão assustado que fiquei quanto te vi depois de entrar naquele castelo. Te ver caída e machucada me matou por dentro e o desespero de você não acordar por nada acabou ainda mais comigo. - Soltou tudo de uma vez, apertando um pouco mais forte meus dedos entre os seus. - Eu fiquei com tanto medo Jade.. Não quero te perder, eu não posso te perder. Eu amo você..
Seus olhos vermelhos por conta das lágrimas fitaram os meus que já estavam marejados e sorri. Finalmente eu senti que tudo aquilo que eu passei, toda aquela dor da traição, da solidão e da raiva se foi com apenas aquelas três pequenas palavras. Meu peito estava completo, e não somente fisicamente, mas minha alma estava completa.
Com um pouco de dificuldade toquei as bochechas de Jungkook com a mão livre e afaguei levemente sua pele, buscando trazer conforto para o garoto. Sequei algumas lágrimas e com esforço, juntei nossas testas, sentindo o desconforto do inalador e da agulha em meu braço, mas aquilo não era importante. Pelo menos não agora.
- Jungkook... - Tentei lhe dizer que o queria, que também o amava e que eu nunca iria deixá-lo. Porém, eu sabia que aquilo não iria acontecer.
- Eu sei Jade, eu sei. - Afagou meus cabelos e sorriu para mim, aquecendo meu peito e tirando uns fios rebeldes de meus olhos. - Eu entendo o que queres dizer e também sei que não é sua culpa. Não temos o que fazer, é o destino, não é mesmo? - Ele riu de uma forma dolorosa.
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New Chance - JJK
FantasyDepois de ser traída pela única pessoa em quem eu confiava fielmente e ser alvo de uma tentativa de assassinato, resolvi por fim a única coisa que me pertencia. Minha vida. Não iria permitir que ninguém tirasse ela de mim, se fosse pra eu morrer pe...