Eu havia saído do coma no hospital sem memória alguma de como eu fui para no local, entubada, com dor por todo lugar e uma tatuagem de dragões que eu não sabia como havia parado em meu pulso. Minha mente estava confusa e tudo que eu parecia ter vivido não se passava de um sonho que meu subconsciente criou para que eu esquecesse de um suposto trauma vivido.
Passei os dedos levemente pela cicatriz branca, lembrando de como fui traída e de como eu quase fui assassinada pelo homem que eu mais amei na vida. Porém algo estava estranho, eu sentia como se algo estivesse faltando em mim, um pedaço grande, muito grande de minha alma.
Suspirei em tristeza por me sentir daquele jeito. Eu havia ficado nove longos meses deitada em uma maca sem me mexer e com perigo de morrer a cada segundo que se passava, mas fui salva pela minha própria reação aos exames que os médicos faziam diariamente em meu corpo buscando alguma resposta do meu cérebro.
Dois meses antes, quando eles finalmente iriam desligar os aparelhos eu mandei uma resposta, murmurei algumas palavras desconectas e foi o suficiente para trabalharem incansavelmente para minha recuperação. Acordei tinha um mês e consegui a alta duas semanas depois ao apresentar uma melhora incrível.
Estava deitada na cama em meu novo apartamento que consegui comprar com o dinheiro do novo trabalho que eu estava fazendo em um café na esquina. Minha maior vitória foi sair da Companhia e finalmente ser livre, já que eu tinha conseguido entregar o anel.
Liberdade..
Era uma palavra tão doce para mim que a conquistei fazia poucos dias e nem havia visto e feito o que eu queria fazer ainda. Tinha tantas coisas, tantas comidas que eu queria provar e muitos lugares que eu queria visitar.
- Mamãe, mamãe. - Olhei para a porta do quarto, vendo Haru de cinco anos entrando correndo e pulando com tudo em minha cama, me abraçando forte. - Eu cheguei da escola.
Fiz leves cócegas em sua cintura tirando uma gostosa gargalhada sua e a abracei de volta, fazendo um cafuné em seus cabelos.
- Oi meu amor, como foi? - Perguntei para ela, que me contou que tinha ido visitar um museu e visto estátuas gigantescas de deuses gregos que ela nem sabia falar o nome deles de tão complicados.
Eu não sabia como explicar que tinha um bebê crescendo dentro de minha barriga enquanto eu estava de coma e muito menos dizer quem era o pai, já que misteriosamente foi o tempo correto que eu permaneci de coma. Haru apareceu na minha vida assim que eu consegui me recuperar o suficiente para recebê-la em meus braços e eu nunca a achei tão perfeita.
Olhos profundos e negros e brilhantes como uma galáxia, me fazia reviver sentimentos que eu não conseguia dizer do porque e de onde surgiam. Seu sorrisinho que me encantava cada vez mais e sua risada que contagiava a tudo e a todos. Era meu pequeno e belo tesouro, a mais bela e pura jade.
Estávamos saindo de casa para comprar o jantar, que Haru tanto insistiu em hambúrguer. O inverno estava chegando e as folhas das árvores já caíam, sujando o passeio e as ruas, mas alegrando minha filha ao ver aquela imensidão laranja e amarela, me fazendo parar para a observar pulando em montes de folhas enormes e fazendo anjinhos com elas.
Dei um passo para trás, esbarrando com alguém.
- Oh me desculpe, não foi minha intenção. - Me curvei e olhei em seus olhos.
Profundos e negros e brilhantes como uma galáxia.
Imediatamente coloquei minhas mãos em minha boca e lágrimas transbordaram dos meus sem ao menos eu saber o motivo. Aquilo tudo era diferente do que eu jamais tinha vivido, lembranças inundando minha mente e sentimentos que antes estavam guardados renascendo.
Haru parou do meu lado, se escondendo entre minhas pernas e me olhando com seus olhinhos cheios de preocupação.
- Mamãe está tudo bem? - Apertou meu agasalho e atraiu atenção do moreno que até segundos atrás me olhava.
Seus olhos misteriosos se iluminaram ainda mais e aquele sorriso que eu reconhecia a quilômetros de distância surgiu em sua boca. Ele se abaixou para ficar na altura da menina e perguntou seu nome.
- Haru. - A pequenina disse, o fazendo me encarar.
- É um nome perfeito. - Assenti em concordância. - Eu sou o Jungkook Haru, prazer em lhe conhecer.
Minha filha apertou sua mão e se soltou, se jogando em cima do moreno tentando disfarçar uma lágrima solitária que saiu de seus olhos.
- O que acha de irmos tomar sorvete? - Ele perguntou para mim.
- Eu quero! Eu quero! Vamos mamãe, vamos? - Eu confirmei para a menina que tremeu de alegria e euforia.
- Vamos para casa Jade. - Ele estendeu sua mão para minha direção.
Olhei para aqueles dedos longos e quentes, sorrindo como uma boba. Segurei novamente aquela mão e um leve choque correu pelo meu corpo.
- Vamos para casa.. - Reafirmei sua expressão, recebendo seu sorriso ainda maior. - Estou com saudades de algumas pessoas.
Me sentia mais feliz do que nunca e eu finalmente pude respirar aliviada. O pedaço que faltava em mim finalmente fora preenchido.
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New Chance - JJK
FantasyDepois de ser traída pela única pessoa em quem eu confiava fielmente e ser alvo de uma tentativa de assassinato, resolvi por fim a única coisa que me pertencia. Minha vida. Não iria permitir que ninguém tirasse ela de mim, se fosse pra eu morrer pe...