Capítulo 7

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"Não importava quantas vezes o Peter Pan protegia seus amigos do Capitão Gancho, desde que eles continuassem a salvos".

Corte Noturna - Velaris - Prythian (Terras Feéricas)

Gwyn olhava Rhysand apreensiva. Nervosa. Definitivamente ela deveria controlar mais suas emoções. A sacerdotisa tinha realizado descobertas interessantes sobre Koschei, bom, não sobre ele exatamente, mas sobre o território inexplorado das fadas ancestrais.

Aparentemente o Meio escondia mais do que poderes antigos e magias cruas. O livro "A terra perdida das fadas ancestrais" relatava que havia uma caverna, uma entrada de labirintos e armadilhas que levava há uma dobra, á terra das fadas ancestrais.

A guerreira não sabia o porquê, mas os seus instintos dizia que descobrir essa terra era o inicio para derrotar esse novo inimigo, poderoso e antigo.

-Amren deve estar chegando, essa é uma conversa na qual ela deve participar – O Grão-Senhor da corte noturna estava sentando em uma poltrona preta e imponente na sala de reuniões da casa do vento. Gwyn havia conjurado uma mensagem solicitando a presença de Rhysand e o Grão-Senhor não demorou segundos para enviar à resposta pedindo a fêmea que a aguardasse naquela sala.

A Carythian estava segurando suas anotações e o livro das fadas. Um livro marrom antigo, as folhas amarelas e a escrita em uma língua antiga. Graças ao caldeirão que sua educação havia sido completa.

-Tudo bem -  Gwyn inspirou, não sabia o porquê ficava nervosa com Rhysand a encarando.

A gravinha do poder do Grão-Senhor, mesmo que controlado, arrepiava a pele dela e a espera de Amren, independente da perda de poderes, era como Nestha, uma presença.

A porta se abriu e Amren, Cassian, Nestha e Azriel entraram na sala. Gwyneth arregalou os olhos e se encolheu na cadeira. Nestha se aproximou da amiga, mas os olhos da sacerdotisa estavam no encantador de sombras. Sondando, avaliando.

Gwyn sentiu a surpresa do encantador ao ver ela sentada os aguardando a chegar.

Azriel entrou na sala não como o amante que Gwyneth trocava beijos, mas o Mestre espião da corte noturna, o macho de confiança do Grão-Senhor. O guerreiro Illyriano forte e temido. As mãos cicatrizadas estavam rentes com o corpo. A reveladora da verdade presa em sua cocha torneada, os músculos marcando a calça.

Rhysand sorriu para os amigos e delicadamente pediu á Gwyn que contasse seu palpite. A sacerdotisa fez.

- Voce já ouviu falar nesse lugar Amren? – Rhys perguntou.

-Lendas. Quando cheguei a esse mundo as fadas ancestrais eram muito respeitadas e quando elas foram caçadas e seus números foram caindo, houve boatos de que elas fugiram para o Meio e usaram a magia que reside lá para quebrar a dobra dos mundos e criar um lugar entre dois mundos de descanso.

-No entanto, a menções da entrada e saída, não é um portal. – Gwyn ponderou, franzindo a sobrancelha. As sombras de Azriel dançando em seus ombros, como um poncho.

A curiosidade nos olhos de todos os presentes na sala era notável, tanto quanto no momento que as sombras dispararam para perto dela, pela tranquilidade de Azriel com aquilo e pela familiaridade de Gwyn com as sombras.

Nestha olhava a amiga como se dissesse que ela não fugiria mais uma vez de explicações.

Entretanto, ninguém comentou sobre.

-Concluo que deveríamos fazer uma expedição até o meio, procurar, buscar mapas da área dos locais onde há cavernas ou qualquer buraco semelhante – A voz firme de Cassian encheu o silencio da sala.

-O meio esta infestado de magia pura e antiga, uma equipe de no máximo três pessoas para demarca a área é o ideal – Amren se jogou em um dos sofás na sala, suspirando –Um período de paz Caldeirão, por favor.

-O casamento de Cassian e Nestha é em dois dias, vamos marca o monitoramento da área para um dia após a festividade. – Rhys sentenciou.

Gwyn em um momento de coragem, sem nem pensar duas vezes encarou o seu Grão-Senhor firme.

-Quero fazer parte dessa missão. Acredito que como uma Valquiria e uma erudita sou a pessoa ideal para essa missão.

-O que? É muito arriscado Rhys – Azriel se voltou para Rhysand, não encarou Gwyn que franzia o cenho para o encantador de sombras, desacreditada na intervenção de Azriel.

-Não é uma decisão sua – Gwyn sibilou.

-Você está pronta? – A expressão no rosto de Az era terrível. Medo o agarrava. Mãe, o encantador nunca sentiu tanto medo. Pensar em Gwyn em perigo doía. O laço apertou e ele enviou um puxão pelo laço. A expressão da sacerdotisa se fechou mais, mas o guerreiro não se sentiu culpado.

-Estou. Acho que já provei meu valor e todos aqui sabem que consigo me defender.

-Gwyn está certa, ela é a pessoa ideal para ir nessa missão. – Nestha olhou seria para a amiga. Apesar do voto de confiança Gwyn conseguia ver nos olhos de Nestha um receio. Preocupação.

-Concordo. Nestha e Cassian não podem ir. Eu me ofereço também Rhys, é uma missão de conhecimento. – Amren falou, parecendo entediada, o corpo jogado no sofá, mas ainda sim, plena.

Imponente e maravilhosa.

- Ótimo. Amren, Azriel e Gwyn depois do casamento vocês atravessam até o meio. Vamos seguir essa pista – Os olhos do Grão-Senhor focaram em Azriel que tentava controla a vontade de proteger Gwyn, de contestar a decisão da Valquíria de ir.

Azriel sabia que ele não tinha o direito de fazer escolhas para ela. Eles juntos ou não. Ele poderia apoiar e proteger a guerreira, mas não escolher o caminho que ela deveria seguir. O guerreiro se controlou e manteve a compostura. Com os olhos travados em Gwyneth, Az concordou com Rhys.

Gwyneth entendia o lado protetor de Az, mas não gostou do intromissão do encantador. A Valquíria sabia as lutas que poderia vencer e até onde podia ir. Gwyn estava se curando e sabia que ir nessa missão era um grande passo para isso.

A sacerdotisa pedou licença, deixou o livro com Rhys a pedido dele e se levantou saindo pela porta da sala e se direcionando para a biblioteca. As sombras a seguiu. Gwyn pisou no corredor e sentiu Azriel atrás dela. A fêmea não se virou e continuou andado para longe da sala e quando virou para o próximo corredor sentiu os dedos gelados do encantador em seu cutuvelo e antes que tivesse reação ele os puxou para um quarto. A porta fechou e a escuridão os envolveu. O quarto estava frio.

-Desculpa Gwyn – E antes que a sacerdotisa pudesse agitar sua raiva, ela amoleceu – Não devo me intrometer em suas decisões, em suas batalhas.

Então Gwyn encarou o rosto magoado de Az. Sentindo a verdade em suas palavras. Fechou a distância entre eles e entrelaçou os braços na cintura musculosa do Illyriano.

-Não gostei Az. Você vai ter que lidar com esse seu lado protetor – Az abraçou Gwyn de volta. Os lábios encostando suavemente na testa da fêmea.

-Eu sei, perdão – Gwyn assentiu. Segurou o rosto de Az com as duas mãos olhando firmemente nos olhos de Az e então beijou o Illyriano. Só então fechou os olhos.

Foguetes e estrelas. Menta e hortelã.

Az a pressionou suavemente contra a porta, as mãos cicatrizadas apertando a cintura fina da sacerdotisa.

Pela mãe, Gwyn rezou ao caldeirão que eles resolvessem qualquer desentendimento assim.

A sala escura e fria ficou quente de repente.

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