Capítulo 6

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Os dias se passaram muito rápido. Fiquei as últimas duas semanas me desdobrando entre escrever, cuidar do meu pai (que, por sinal, parecia uma criança inquieta que não queria seguir as recomendações médicas), responder vários e-mails, comentários das minhas leitoras nas redes sociais e também negociando propostas com algumas editoras de livros.

Tive pesadelos com papai durante alguns dias. Quase toda a madrugada eu ia ver se ele estava respirando ou se precisava de alguma coisa. Às vezes, Helena dormia conosco para nos tranquilizar, já que ela tinha mais experiência do que eu. Sua avó passara pelo mesmo problema anos antes. Felizmente, tudo deu certo e o meu velho aparentava estar mais forte do que nunca.

Era uma sexta-feira treze. Particularmente, sempre amei esse número. Era o meu dígito da sorte e o dia preferido da semana. Ocorreria naquele dia, o coquetel de apresentação de Aleff na empresa. Ele não viera ao Brasil desde o que ocorreu conosco em Nova Iorque. Confesso que perdi algumas noites de sono por causa disso, mas busquei em minhas memórias cada uma de minha atitudes e, sinceramente, não me lembrava de ter feito nada que o fizesse agir com tamanha frieza.

O velho Jorge acordou ansioso e radiante por tudo de positivo que vinha acontecendo. Logo cedo, programou tudo com o seu sócio pelo telefone. Combinaram de chegar juntos e, no meio do evento, fazer um discurso para os funcionários.

Passei o dia cuidando de mim. Fiz as unhas, hidratação nos cabelos, usei máscaras faciais e combinei com Eivy de ir para o seu apartamento às quatro da tarde para nos aprontarmos e irmos juntas.

Dei folga à Helena e a convidei para ir conosco, porém a mulher disse que passaria o fim de semana no interior com a família. Admirava o quanto ela valorizava seus laços familiares. Sempre que pode vai visitá-los.

Arrumei minha bolsa com o que seria necessário e chamei um motorista por aplicativo para o centro, onde ficava o apartamento de Eivy.

— Temos pouco menos de uma hora pra ficarmos prontas! — enfatizei assim que Eivy abriu a porta. — Prometi pro meu pai que iria chegar às seis. — Entrei depressa a deixando para trás.

— Sim, senhora! — Eivy fez continência.

— É sério, engraçadinha. Senão é você quem vai ter que se justificar pro meu pai.

— Deus me livre! — Ela correu para o quarto rindo.

À Acompanhei apressada.

Seu apartamento era de tamanho mediano. Bem a cara dela, inclusive. Era confortável, decorado com cores brancas e amarelas em sua maioria. Eram os seus tons favoritos. O quarto era organizado, com um tapete felpudo enorme estendido no chão e uma penteadeira glamurosa, com espelhos e cosméticos por toda parte.

— Deixa eu ver seu vestido — Eivy pediu, enquanto terminava uma mecha do babyliss em seu cabelo.

— Você vai amar! Comprei semana passada naquela loja que me indicou.

Abri a bolsa e tirei de dentro dela um vestido mullet longo preto, com um decote em V bem grande. Ela faz um "o" com a boca, surpreendida.

— Que coisa linda! Vai ficar perfeito, amiga. Tô apaixonada! O gostosão vai endoidar quando te ver! — Bateu palminhas enquanto ria.

— Nem pensei nisso. — Menti, porque sabia que lá no fundo eu gostaria que ele me achasse atraente.

Já havia contado a Eivy tudo o que acontecera entre mim e Aleff. Ela ficou surpresa com o meu comportamento, principalmente pelo fato de eu nunca deixar nenhum homem passar do ponto, entretanto me incentivou a fazer isso com mais frequência, para tirar aquela trava psicológica que tinha em relação a sexo.

A Minha Vez, Catharine - livro 1 completoOnde histórias criam vida. Descubra agora