Depois do ocorrido no quarto, não tocamos mais no assunto. Almoçamos praticamente em silêncio, ambos muito pensativos, e eu confesso que me senti um pouco constrangida. Mas não arrependida. Depois que papai estivesse bem e pudéssemos retornar ao Brasil, teria algo no mínimo picante para escrever em meu livro. Minha imaginação não parou um segundo até o fim da refeição.
Aleff e eu fomos imediatamente para o hospital. Papai estava bem melhor, até mais corado. Agradeci aos médicos e a Aleff por isso. Conversamos um pouco sobre os acontecimentos desde minha chegada, ocultando, é claro, o que aconteceu entre mim e o futuro novo dono da S.E.
— Falando nele, onde está? — Meu pai questionou enquanto olhava através da janela do quarto.
— Foi resolver algumas coisas do trabalho, eu acho. Só me disse que voltaria mais tarde pra me buscar, e me pediu pra eu dizer em seu nome que estava feliz com a sua melhora.
— Agradeça a ele depois.
Assenti com a cabeça. Ele ficou pensativo.
— Fico feliz de ver vocês dois se dando bem. Ele seria um ótimo namorado, não acha?
— Ah, papai, por favor, não vai começar...
— Só estou dizendo que vocês estão se dando bem!
— Sei... — o avaliei por um instante. — Nem pense em comentar com ele sobre esse assunto!
— Não, não... isso nem passou pela minha cabeça.
— O senhor não me engana, seu Jorge Araújo — estreitei meus olhos, como se verificasse se ele realmente falava a verdade.
— Mas você está com alguém?
— O senhor sabe que não. — me encolhi — Praticamente não saio de casa.
— Isso é verdade. Até eu vivo mais do que você, Catharine. Francamente, você precisa abrir os olhos, minha filha. Por que não vem trabalhar na empresa conosco? Assim, conheceria pessoas novas e não ficaria só enfurnada dentro de casa.
— Pai? Nós já falamos sobre isso. — bufei — É melhor a gente mudar de assunto. O senhor não pode se estressar.
— Tudo bem. Mas um dia eu ainda convenço você.
Revirei os olhos suspirando.
Realmente papai não sabe a filha que tem!
Começo a lhe contar sobre os edifícios que vi em Nova Iorque e, enfim, consigo distraí-lo.
Após algumas horas conversando, duas enfermeiras praticamente me expulsaram do quarto. "Ele precisa descansar", disse uma delas, enquanto me conduzia para fora com as mãos nas minhas costas.
Aleff chegou minutos depois para me buscar. Desta vez, seu comportamento era frio, distante, parecido com o da primeira vez em que nos vimos. Apesar de notar os seus olhares durante o percurso, não puxei assunto.
Não sei se conseguiria me segurar caso me beijasse.
Quando chegamos em seu apartamento, ele trancou-se em seu quarto. Ficou lá tempo suficiente para me deixar incomodada.
Será que fiz algo de errado?
Seja lá o que fosse, decidi que não passaria por aquilo novamente. Dessa vez, não vou esperar uma grande decepção para me valorizar. Estava farta de ser boba com homens que não queriam nada além de uma transa. No caso de Aleff, nem sequer chegamos aos finalmentes.
~
Papai recebeu alta no terceiro dia. Decidimos ficar em um hotel para não incomodarmos mais o Aleff. Aquele homem estava tomando conta dos meus pensamentos, e eu não gostava nada disso. Desde que seu comportamento se tornou indiferente, decidi evitá-lo. Passava o dia inteiro no hospital ou dando voltas pela cidade a fim de me distrair. Trocamos apenas algumas mensagens para falar sobre o estado do papai. Houve frações de momentos descontraídos em que ele veio trocar assuntos banais. Chegou até a me fazer algumas perguntas pessoais, principalmente sobre meus livros, mas não dei importância e fingi desinteresse.Depois de uma semana em Nova Iorque, papai e eu voltamos ao Brasil. Antes de embarcarmos, Aleff combinou que no final do mês, se tudo estivesse bem conosco, marcaria a data do tão esperado coquetel de apresentação dele na empresa. Ele atuaria como o principal dono da Sikera Empreendimentos.
Papai ficou feliz com o bom negócio e ainda mais com a quantidade de dígitos em sua conta após a venda. Aleff, radiante, também comemorava o grande passo em sua carreira executiva.
Já eu não poderia dizer que estava tão contente assim. Depois daquela péssima primeira experiência com Igor, achei que conseguiria me "desencantar", como dizia Eivy, com o Aleff, mas, para o meu eterno desgosto, tinha quase certeza de que ele se arrependeu do nosso beijo.
O que me restava eram os meus vibradores.
Pelo menos eles não me decepcionavam!
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A Minha Vez, Catharine - livro 1 completo
RomansaCatharine é uma escritora de romances eróticos, mas não possuí quase nenhuma experiência sexual. Após perder a virgindade com seu namorado de faculdade, ela criou um bloqueio que a impede de ter relações íntimas. As coisas começam a mudar quando o...