PRÓLOGO

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⚠️ Alerta de gatilho! ⚠️

Esse livro contém cenas de violência, sexo explícito e linguagem agressiva. Se você é sensível a algum desses temas, não leia.

Recomendado para maiores de 18 anos.

Boa leitura!


Sempre gostei de escrever. Desde os meus quatorze anos, escrevo livros de romance. No colégio, minhas amigas brigavam entre si para ver quem iria ler primeiro a minha "obra" mais recente. Elas me viam como a mais experiente entre as quatro nerds da sala só porque eu detalhava bem os relacionamentos dos casais românticos. Adorava descrever os sentimentos e romances fictícios, mesmo sem nunca ter beijado na boca antes. Isso não me incomodava. Bem, na verdade, não até os meus vinte anos, quando comecei a namorar com o Igor. Era um rapaz bastante inteligente. O conheci na faculdade, ele cursava administração e eu letras. Suas feições jamais saíram da minha mente, afinal, ele fora a minha primeira grande paixão. Aqueles cabelos loiros, o porte físico atlético e um sorriso tímido que... ah! Me fazia suspirar toda vez que o via.

Nosso namoro durou uns seis meses, mais ou menos. Até poderia ter dado certo, mas além do meu pai achar que não era hora de me distrair com namoricos (era assim que ele se referia ao meu relacionamento), jamais esquecerei do episódio traumático que vivi com Igor em nossa primeira vez. Na verdade era a minha primeira vez. Ele já havia namorado outras meninas antes de mim.

Era uma terça-feira à tarde. O dia estava chuvoso, úmido e um pouco frio. Já passávamos dos cinco meses de namoro e, mesmo sem dizer, eu percebia que Igor estava inquieto e sem paciência para as minhas desculpas quando o assunto era sexo. Eu queria muito fazer, mas tinha medo.

Naquela tarde, Igor me convidou para ir à sua casa. Na época, ele morava com um amigo e dividia as despesas. Seu colega de casa costumava fazer companhia à sua namorada todos os dias à tarde, então tínhamos bastante tempo só para nós dois. Assistimos, ou melhor, Igor assistiu a um filme, até porque eu nem consegui prestar atenção. Minha cabeça só pensava no que viria depois. Ao menos fui totalmente preparada. Fiz depilação, coloquei a melhor lingerie que eu tinha, fiz o cabelo, escovei bem os dentes... até psicologicamente eu já me sentia pronta. Mas não adiantou: na hora, o nervosismo estapeou minha cara com toda a sua força.

Sempre me considerei uma mulher determinada, pelo menos em relação à profissão. Na maioria das vezes, minhas decisões eram firmes. A prova disso é que me tornei escritora mesmo quando o meu pai, dono de uma das maiores empresas do Brasil, a Sikera Empreendimentos, era, desde sempre, contra. Ele achava que eu deveria cursar Administração, Contabilidade ou qualquer outra coisa que fosse ocupar um cargo grande dentro de seu negócio. Aquele velho papo de sucessão. Mas eu sempre bati o pé, dizendo que meu talento era escrever. E mesmo depois de anos, ele ainda achava que eu joguei uma grande carreira no lixo. Mesmo depois de doze livros autorais publicados e de ter recebido um alto retorno em vendas; mesmo depois de eu ter conseguido a liberdade financeira.

Nada o fazia mudar de ideia.

E ainda assim, sendo uma mulher corajosa, me encontrava totalmente sem ação depois do filme ter acabado. Fiquei quieta no sofá me perguntando se era eu quem deveria dar o primeiro passo, mas não foi preciso. Igor, que até então estava em seu canto enrolado em alguns lençóis, largou-os repentinamente e veio ao meu encontro, me beijando.

Na tentativa de criar um clima, começou devagar e foi acelerando o ritmo até me repousar sobre aquele estofado azul de dois lugares. Quando senti uma parte de seu peso sobre meu quadril, ele parou.

— Você prefere ir pra cama? — ele perguntou com uma voz embriagada e sensual, que me excitou.

É bem provável que ele estivesse pouco à vontade naquele sofá minúsculo. Diferente de mim, que sempre fui baixinha e não sentia qualquer dificuldade em deitar naquele espaço curto, Igor estava bastante incomodado. Ele era bem mais alto que eu.

— Pode ser — sussurrei.

Seguimos até sua cama. Com pressa, ele se livrara de suas roupas, o que me fez sentir um mix de vergonha e admiração. Seu corpo era incrivelmente lindo, forte, definido e..., nossa! Seu membro parecia ser grande demais para mim. E era só nisso que eu conseguia pensar àquela altura. Comecei a tirar minha roupa também, afinal de contas, não iria ficar ali como uma idiota só observando.

Eu não era lá uma modelo, mas me considerava bonita. Durante aqueles cinco meses de namoro, Igor sempre fizera questão de elogiar a minha aparência. Ele intensificou os galanteios a medida em que seu desejo por mim aumentava. Talvez esperasse que eu finalmente me entregasse. O rapaz dizia, enquanto me observava como um bobo analista, que meus cabelos marrons-escuros faziam contraste com a minha pele clara e que nunca havia visto olhos tão belos quanto os meus: castanhos com fundo acinzentado.

Diferente do meu pai, que tem olhos azuis, puxei aos olhos de minha mãe. Todos que a conheceram diziam que eu me parecia muito com ela. Tinha apenas quatro anos quando um acidente no trânsito a levou de mim. O que me restou foram algumas fotos e poucas lembranças guardadas na memória.

Meu pai tentou, mas não conseguiu preencher o vazio que ela deixou. Nem mesmo as suas inúmeras namoradas ao longo desses anos fez eu sentir qualquer presença materna. Talvez se ela estivesse comigo eu com certeza saberia o que fazer quando chegasse a hora de me entregar a um homem, melhor dizendo, saberia a quem não me entregar.

Uma pena ter aprendido isso na prática.

Antes mesmo que eu terminasse de me despir, Igor me alcançou e me beijou com tanta vontade que me derreti em seus braços. Ele me tomou em seu colo e praticamente me arremessou sobre cama. Até aí, tudo bem. Pensei que tamanha intensidade fosse justificável, afinal, eu enrolei aquele garoto durante cinco meses. O clima estava quente e eu me sentia nervosa, mas excitada.

Ele tirou o restante da minha roupa, se posicionou entre minhas pernas e, sem nenhum aviso ou preparação, me penetrou.

Assim, no seco!

Eu gritei de susto, só que mais de dor.

— Tudo bem, Catharine? — perguntou um pouco confuso e, ao mesmo tempo, aparentava estar transbordando de desejo.

— Nãã... — com a voz meio trêmula, tentei explicar o porquê do berro — É que... eu não... não estava esperando, só isso.

Eu avisei antes que era virgem, porra! Esperava pelo menos um pouco de consideração.

Pobre inocente...

Ele parou por uns segundos, como se houvesse entendido a mensagem, e começou a entrar e sair de mim. Tudo o que eu queria era que aquela tortura acabasse logo. Me sentia dolorida e toda a excitação se dissipou. Só hoje me arrependo de não ter ido embora ali mesmo, ainda lembro das mãos suadas e das batidas descompensadas do meu coração.

Depois de alguns minutos, ele gemeu e se liberou, caindo sobre mim. Nos prevenimos, óbvio, não sou nenhuma louca. Mas foi uma sensação péssima..., de desgosto mesmo.

Dias depois, tentamos novamente. Desta vez, com a promessa de que não iria doer, de que seria só prazer. E ele não mentiu: foi só prazer. Para ele!

O tempo foi passando e o relacionamento esfriou. Namoramos por mais um mês e decidimos terminar.

Não me envolvi sério com ninguém desde então. Fiquei com mais alguns caras ao longo desses seis anos, contudo nunca deixei ir tão longe, nada mais do que beijos e algumas carícias. Comprei uns brinquedos eróticos para me satisfazer e, de lá pra cá, me contento em escrever os casos sexuais e românticos das minhas amadas heroínas dos livros.

Pelo menos aqueles homens sabem o que fazer na cama.


Comenta aqui o que achou desse início conturbado😘

A Minha Vez, Catharine - livro 1 completoOnde histórias criam vida. Descubra agora