22 | Ódio

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"Tudo que você tem é o seu fogo
e o lugar que você precisa chegar.
Nunca domine seus demônios mas
sempre os mantenha na coleira."

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Seth

A CLAREIRA ESTAVA VAZIA. Não havia um único som vindo de nós, somente ouvíamos o farfalhar das folhas e os pássaros cantando. O sol estava nascendo, gerando um brilho leve na pele de cada um dos vampiros presentes. Os Cullen estavam aqui, — apesar de toda a minha insistência para que não viessem — eles alegaram que não tinha a mínima chance de deixarem a gente lutar essa batalha sozinhos depois de tudo que já fizemos por eles. Me senti grato mas preocupado, não queria mais vidas em risco por minha culpa.

Alex estava parada ao lado de minha irmã — assim como o resto de nós, na forma de lobo — a mão posicionada em cima do pelo prateado do pescoço de Leah. Não falavam nada, somente se olhavam. Eu sabia que também não era fácil para nenhuma das duas.

Não sabíamos exatamente o que Isabel queria no momento. Talvez uma conversa, talvez acabar com todos nós.

O que sabíamos é que queríamos acabar com ela, queríamos acabar com cada um deles que tiraram o Quil de nós. Cada vez que meu peito doía ao me lembrar de meu amigo eu transformava toda a dor em ódio, torcia para que esse ódio não me cegasse e sim me desse inteligência para discernir as melhores maneiras de vingar a morte dele.

Quil não era vingativo. Ele era bom, justo e fiel aos seus valores. Nunca havia matado um vampiro, nunca havia matado um inseto que seja. Ele não gostava desse tipo de coisa, achava que isso modificava as pessoas e ele não queria mudar — ou talvez não estivesse pronto pra mudar. Não importa, isso diz muito sobre quem ele era: uma pessoa incrível.

E esses malditos iam pagar pelo o que fizeram.

As mentes da matilha reverberam em aprovação ao meu pensamento. Eu sabia que não era o único querendo me vingar, a perda de Quil doeu em todos nós.

— Estão vindo — murmura Alice.

Nesse exato momento começamos a ouvir passos amassando as folhas da floresta, eles vinham em uma velocidade rápida. Prendo minha respiração, esperando para vem quantos iriam aparecer.

Pareciam ser muitos.

A primeira pessoa a aparecer é uma mulher, uma vampira loira com cabelos cacheados e cheios. Seus lábios são carnudos e estão pintados de vermelho, eles combinam sinistramente com a cor de suas íris. Pelo jeito como Alex muda sua postura creio que essa seja a tal Isabel.

Aos seus flancos outros vampiros começam a surgir. Altos, baixos, homens, mulheres, mais velhos e mais novos. Conto rapidamente: eram trinta.
Dez a mais do que nós.

— Olá querida — ela diz, parando à alguns metros de nós. — Juntou bastante gente para a nossa conversa.

— Você não achou que eu viria sozinha, achou?

Isabel dobra a cabeça pro lado, um sorriso que chegava a ser bizarro de tão dócil em seus lábios.

— Não, mas tudo bem, mais diversão pra nós — ela aponta pro grande grupo atrás dela.

𝐌𝐄𝐑𝐋𝐈𝐀𝐇, 𝘵𝘸𝘪𝘭𝘪𝘨𝘩𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora