Alice
Quando cheguei no morro, fui andando lentamente para minha casa, abri o portão e entrei, só encostei tudo e me sentei no sofá, fiquei ali por longos minutos até meu celular tocar, olhei vendo o meu pai ligar e atendi.
Guga: Abre o portão.- Falou assim que eu atendi.
Alice: Tá aberto.- Passei a mão no rosto e desliguei, aeitei minha postura vendo ele entrar e se sentar ao meu lado.- Eu tô cansada pai, não quero falar sobre nada que não seja uma viagem, me paga uma viagem?
Guga: Não.- Me olhou debochando.
Alice: Então nem vou te responder.- Dei os ombros virando o rosto e ele riu.
Guga: O que foi? - Puxou meu corpo pra perto do dele e eu me deitei.
Alice: Fala logo o que você quer, defende a Rebeca só pro meu dia ficar pior de vez.- Respirei fundo.
Guga: Eu tento fazer ela se sentir amada, igual você e o Fael, só isso.- Fechei meus olhos ignorando ele.- Eu sempre tô com ela quando ela tá chorando e achando que não faz parte da família, que a gente só tá com ela por pena.
Alice: Eu sempre deixei claro a ela, considero ela como minha irmã desde que eu me entendo por gente, mas você sempre quer justificar o injustificável, pois ela sempre implicou comigo.
Guga: Você saiu de casa cedo, foi atrás do que queria assim que completou os 18, nem esperou muito. Nem por isso deixei de te amar, de te ligar, de querer você por perto. A mesma coisa com o Fael, mas você implica com ela só por ela não fazer o mesmo que você.
Alice: Implico sim, porque não acho bom pra ela, não acho legal! Não é por isso, mas desde os quinze anos a única vida que ela quer é a de baile, festa... Eu não acho que isso vai levar ela a algum lugar e o que eu mais quero é ela chegando no topo junto comigo. Do mesmo jeito que implico com o Fael pra ele sair do tráfico, de achar alguma coisa digna, ele sabe, ela sabe que eu reclamo tanto com ela por isso e pronto. Quero o melhor pros meus e vou continuar falando, reclamando e julgando, mas se um dia ela chegar pra mim e falar que quer levar essa vida de hoje pra frente, eu paro na hora. Apoio ela como ela nunca me apoiou, me estendeu a mão.
Guga: Então deveria conversar com ela, no lugar de descontar o estresse.- Fiquei calada, não importa o que eu falasse.
Ignorei sua presença ali, mesmo gostando dele mexendo no meu cabelo. Ele revirou minhas coisas da cozinha, pegou cerveja e me deu, olhei pra ele respirando fundo e ele ligou a tv como se estivesse em casa, apenas respirei fundo e fiquei assistindo o jogo com ele.
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Cria do morro
Teen FictionEu honrei tudo o que você fez por mim, todas as vezes que você segurou minha mão e todo esforço que fez por mim. Porém chegou a minha vez de viver e se talvez eu não conseguir te dar orgulho, todo aquele que você merece. Talvez não seja mais um clic...