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Hugo 🃏

Depois de uma noite tranquila com a minha gata, no outro dia a rotina da manhã se repetiu, fomos trabalhar e na hora do almoço eu sai da loja deixando na mão dos moleques que trabalhavam aqui e fui pra casa, já que a Carol tinha me mandado uma mensagem, cheguei na casa dela entrando e ela tava deitada no quarto.

Hugo: Não foi trabalhar hoje por quê?- Bati na cabeça dela, me sentando.

Carol: Dia de folga.- Se sentou na cama.- Queria conversar contigo, tem uma coisa na minha mente.

Hugo: Pode falar.- Ela respirou fundo e me encarou.- Mas antes quero te pedir ajuda, tô querendo muito pedir a Alice em casamento,  comprar uma aliança, fazer uma surpresa foda pra caralho.

Carol: Que coisa linda amigo, claro que eu vou te ajudar, sempre quis.- Falou animada.- É muito chique falar que é noiva de outra pessoa.- Eu ri.

Hugo: Não quero que passe desse final de semana. Mas conta ai teu problema.

Carol: Tô pensando em me juntar com o Fael de vez, engravidar, morar juntos, construir uma família sabe? Você sabe que eu sempre quis achar alguém que eu ame pra poder ter filhos, sempre foi meu maior sonho e eu encontrei, eu amo o Fael e acredito que ele seja a pessoa certa.

Hugo: Não vou te dizer que "Não deixo" como seu irmão. Mas, eu digo que não acho legal e nem apoio porque você sabe bem com o que ele é envolvido, se você fez tanta questão de não querer o teu irmão nisso, vai querer o pai e o teu marido dessa maneira?

Carol: Ele vai sair do tráfico assim que a gente se juntar.- Falou e eu olhei bem nos olhos dela.- Sabe quando você ama alguém e realmente quer construir tudo junto? Eu me sinto assim, feliz e amada.

Hugo: E a faculdade? Trabalhar na área que tu gosta, um filho agora vai te atrasar nisso.

Carol: Eu estou ciente e venho me organizando a cada dia mais, é só questão de se esforçar e eu estou muito disposta, fora que não vou estar sozinha.

Eu observei e peguei pra mim cada coisa que ela falou, depois de tentar aconselhar ela, acabei nem voltando para o trabalho e fiquei em casa. Essa parada de filho mexia muito comigo, apesar de já ter conversado com a Alice e meio que entrado em um acordo, não era o que eu realmente queria, eu sabia que a gente teria condições boas parar criar um moleque.

Fiquei pensando nisso o resto do dia todo, admito que tava com ciúmes de forma boa da Carol, dela se decidir assim e ficava feliz em saber que a felicidade dela real, a alegria dela era a minha! Quando a Alice chegou eu tava calado, minha mente não saia da conversa mas eu não ia conversar com ela sobre isso, a gente no final iriámos acabar brigando, como sempre que se toca nesse assunto.

Alice: Aconteceu alguma coisa? Tá quietinho desde que eu cheguei.- Sentou do meu lado da cama de toalha no corpo e no cabelo.- Quer conversar?

Hugo: Não, bagulho meu.- Ela me olhou fazendo bico e beijou meu rosto.

Alice: Te amo e estou aqui se quiser.- Falou manhosa se levantando.- Vem jantar comigo na verdade, rápido.

Olhei pra ela soltando uma risada e me levantei, fui pra cozinha com ela e a gente sentou pra comer, eu tava calado e ela na mesma comendo, até eu falar.

Hugo: Carol conversou comigo hoje falando que queria ter filho por agora com o Fael.- Ela me olhou interessada.- E sabe o que é melhor? Que a vida de vocês duas é o mesma coisa.

Alice: E o que tem a ver? Não entendi.- Ela riu sem graça.

Hugo: Que eu tô cansado desse bagulho, de querer uma coisa e tu querer outra. Por maior tempão fiquei calado sobre isso só aceitando, mas eu tô cheio desse bagulho. Quero realizar meu sonho e caralho, Alice...- Ela parou de comer me encarando.

Alice: A Carol quer ter filhos agora, eu não quero. Simples e pronto, morreu ao descobrir isso? - Falou se levantando da mesa.

Hugo: E pelo visto tu não quer nem agora nem depois.- Falei sem olhar pra ela que tava indo pro quarto.

Alice: Eu vou falar essa porra pela última vez.- Falou alto e eu virei pra olhar pra ela.- Eu não quero ter filhos agora e não é você nem ninguém, nem porque uma amiga minha vai ter um filho que eu vou mudar o caralho da minha opinião, Hugo. Quer ter filhos agora? Ótimo, eu não quero. Tá achando ruim caralho? Termina comigo e vai atrás de qualquer outra pessoa pra ter a porra de filho, porque digo e repito, comigo não vai rolar agora.- Falou gritando.- Que inferno, eu tô cansada disso.

Hugo: Tu tá certa, eu posso te amar pra caralho, mas se a gente não tem a mesma visão de futuro é melhor terminar.- Falei só isso, voltando a comer.

Alice foi pro quarto batendo a porta e eu terminei de comer, tava calmo e sem me afobar. O assunto chegou aonde tinha que chegar.

Quando a Alice saiu ela tava com todas as coisas dela na bolsa e saiu jogando a chave no chão, quando ela abriu a porta Pedrinho ia bater e ela passou batendo nele, terminei de comer e me levantei indo colocar na pia.

Pedrinho: O que rolou? - Falou sem entender.

Hugo: Não estamos mais juntos, só isso.- Falei indo pro quarto.- Sem papo.

Me sentei na cama passando a mão no rosto e escutei a porta batendo, por agora senti que era melhor assim, que se eu queria um filho e a Alice não, era melhor a se fazer pros dois e não teria mais estresse.

Alice 🔮

Fui pro uber bem tranquila, estava cansada e se ele estava infeliz por besteira, eu ia chorar por isso? Jamais. Ficava muito feliz pela Carol, ela sempre compartilhou comigo o sonho de casar logo e ter um time de futebol, eu ficava tão feliz e agora ainda mais por saber que ela iria construir isso com meu irmão! Mas o desejo dela e o fato de nós termos a mesma rotina, não significa que queremos as mesmas coisas.

Quando eu cheguei em casa, meu celular começou a tocar assim que eu entrei, quando atendi a primeira coisa que eu escutei foi um grito e em seguida a Carol desesperada dizendo que o Fael tava no hospital e precisa de sangue.

Eu joguei tudo que tava comigo no chão, minhas roupas e as bolsas no chão, desci o morro correndo com o celular na mão, pedi pra um dos meninos me levarem pro hospital e assim eles fizeram. Quando eu cheguei fui correndo atrás da Carol que tava chorando e andando de um lado pro outro.

Carol: A Malu não tava me atendendo, não sei se vocês tem o mesmo sangue.- Eu balancei a cabeça.

Alice: Cadê o médico? - Ela saiu me arrastando e gritando com todo mundo que reclamava de algo, chegamos numa sala e o médico logo correu ao me ver e quando ela disse que eu era prima dele.

Fomos pra uma sala e eu coloquei tudo que tinha que coloca rota tirar sangue, eu odiava a agulha e só de me sentar já comecei a passar mal. A cada minuto que passava meu olho pesava e quando o médico chegou pra tirar meu sangue parou na hora.

- Ela não tem condições física e mental pra retirada de sangue.- Eu realmente estava muito tonta, com vontade de vomitar e desmaiar ali mesmo.

Carol: Se acalma pelo amor de deus.- Segurou minha mão.

Alice: Liga pra minha mãe, pra Rebeca, pro Guga, pede pra algum deles entrar em contato com o meu avô, eu não tô bem.- Falei sentando meu corpo ficar leve.

O médico me entregou um copo de água e tomei um susto quando a sala foi invadida, o Pedro e o Hugo chegaram assustados e eu senti uma cólica horrível, senti meu corpo amolecendo mais e a Carol mais desesperada ainda segurando minha mão.

- Ela tá tento um aborto espontâneo.- Escutei o médico falar e tentei abrir meus olhos mas eu não consegui.

Por poucos segundos só consegui escutar zumbidos no meu ouvido e não demorou muito pra eu desmaiar sentindo muita dor no meu corpo.

Cria do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora