O sândalo tem um perfume envolvente, quente e aconchegante, com cheiro de corpo limpo em dia de mormaço quente, um pouco adocicado sem ser enjoativo.
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͏ ͏ ͏ ͏ ͏❝Em um mundo de chocolate, morango e doce de leite, eu escolho baunilha.❞
ೃ༄
A madrugada que antes se resumia a pensamentos obsessivos sobre uma solidão eterna se transformou em hipóteses nebulosas de alucinação pois, após o episódio do estranho em sua residência, Harry cogitou estar delirando.
Aquilo não foi real, não poderia ser.
Mas a lasca da madeira arranhada pela faca era real, assim como os cacos de vidros enrolados no jornal e o pano manchado de sangue na lavanderia.
O ômega descobriu mais tarde que a fechadura da porta dos fundos havia sido quebrada por, segundo seu vizinho Lucifer, um golpe bruto. Além de conseguir cadeados, o pânico se encarregou de fazê-lo equipar todas as janelas com uma tranca extra.
Seguro mas não menos paranoico, Harry despendia horas e horas pensando no ocorrido, o que lhe instigou a buscar por outras perspectivas. Então, ao sábado de manhã, ele se agasalhou em seu cardigã tablado colorido para andar pela vizinhança e colher informações.
A ideia era obter relatos semelhantes, uma vez que ele acreditava não ser o único a ter sofrido uma invasão esquisita. No entanto, depois de percorrer o equivalente a quatro quadras batendo de porta em porta e, em sua maioria, sendo atendido com uma carranca, ele concluiu que era demasiadamente azarado.
─ Harry, querido! ─ Elise, uma senhora simpática que morava ao lado, saudou. A chave do carro cintilava em seus dedos, indicando que ela havia chegado recentemente. ─ Bom dia!
Eles trocaram um abraço caloroso. Elise era uma beta que vivia ali desde que Harry se mudou para Tallinn para cursar veterinária, cerca de oito anos atrás. Talvez gostasse dela por se imaginar em sua pele quando envelhecesse, uma pessoa que desfrutava da solidão e tinha como maior passatempo cuidar de uma horta.
É claro que a mulher conseguiu uma maneira de trazer o ômega para dentro de casa lhe oferecendo pães de centeio recém retirados do forno.
─ O apicultor resolveu o problema com as abelhas?
─ Não só resolveu como abasteceu meus armários. ─ Disse entusiasmada enquando o servia com chá de laranja. ─ Eu fiz compotas de mel com pera e canela. Leve algumas e me diga se gostou.
─ Eu amo os seus doces, Elie. Tenho que certeza que estão deliciosos! ─ Sorriu sem graça, levando uma fatia de pão até a boca. ─ Eu sempre saio com uns quilos a mais da sua casa.
─ Fico feliz que eu esteja cumprindo o falso papel de vó muito bem. Mas e você? Decidiu sair da toca logo cedo para perambular pelo bairro... ─ Lhe lançou um olhar sugestivo. ─ Está buscando por um alfa?
A mulher esboçava um sorriso singelo. Elise sempre levantava esse tópico quando Harry a visitava e, obviamente, não fazia por mal. Ela sabia que ser um ômega exigia a companhia de um alfa. Não era sua opinião sobre a vida alheia, era biologia.
─ Você sabe que eu desisti dessa ideia há um tempo.
─ Se você diz. ─ Retrucou desconfiada, sorvendo o líquido morno. ─ Mas saiba que há um alfa se hospedando pelas redondezas. Eu tenho o número dele, se quiser.
─ Eu dispenso. ─ Riu genuíno, impressionado com a agilidade que Elise agia. ─ Eu estava investigando a invasão que aconteceu na minha casa.
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Immutable
FanfictionCom 70% da população dizimada após a eclosão da Terceira Guerra Mundial, a ciência foi forçada a mesclar genes animais com o DNA humano para repovoar a Terra. No entanto, assim como todas as intervenções do homem na natureza, o resultado refletiu em...