Chapter XXVI: Calm before the storm

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❝Algo bloqueou a tempestade e as fontes de sol que ele sentiu, mas as lágrimas fluíram livremente.❞

ೃ༄

「Ano de 2042」

Harry passou a madrugada toda andando pela casa, inquieto. Ele precisava do chá para dormir, mas seu estômago não estava colaborando para manter líquidos ou alimentos sólidos por pouco mais de vinte minutos.

O ômega vivia de ritos, desde o amanhacer até o entardecer. Logo, a mínima interferência em sua rotina fazia do seu corpo uma verdadeira bomba relógio.

Ele se recompôs para comparecer ao instituto naquele dia, uma vez que permanecer em casa apenas agravaria sua irritação e ele não conseguiria se sentir bem sabendo que Deise ㅡ um lince recém resgatado ㅡdependia da sua avaliação para retornar à natureza.

─ Você parece, ─ Niall se arrastou uma cadeira ao lado dele. ─ Disperso.

─ Eu não tive uma boa noite de sono. ─ Ele ofereceu um sorriso esforçado, as unhas batucando contra a mesa distraidamente. ─ Na verdade, não tive sono. Meu estômago não está muito bom.

─ Já tentou algum chá? Minha mãe diz que boldo é bom.

─ Tomo chá para dormir todos os dias, sempre funciona comigo. Mas eu não consigo comer nem beber nada além de água, ent-

─ Harry, você é maluco? Você não deve ficar esse tempo todo sem se alimentar! ─ Horan chiou espantado. ─ Fique aqui, ok? Eu vou...vou pedir ajuda. Trazer alguém para checar sua pressão arterial ou comida para- Qualquer coisa! Apenas fique.

─ Não, não- ─ A porta da copa dos funcionários se fechou. ─...precisa.

Harry suspirou, caminhando até a janela estreita em busca de ar fresco. Ele se debruçou no batente, admirando a movimentação frenética das pessoas pelas ruas de Tallinn e a magnitude dos prédios empresariais que dividiam seu território com a arborização recentemente implementada pelo prefeito da cidade.

Um som melódico atraiu sua atenção e, no instante seguinte, o responsável pelo assobio sereno pousou próximo ao seu braço, fitando-o como se o admirasse também.

Tratava-se de um cardeal vermelho e esbelto, o veterinário jamais o confundiria com qualquer outro. Ele sorriu para ave, permitindo que ela pulasse de um lado para outro, explorando o ambiente.

A calmaria não se prolongou por muito tempo.

Uma sudorese excessiva e repentina cobriu suas palmas e o ritmo dos batimentos cardíacos se intensificarem. Sua visão se distorceu por um par de segundos e, ao piscar seguidamente, ele sentiu que não fazia mais parte daquele espaço, quase como se o tempo tivesse parado e sua estrutura estivesse em outro plano ㅡ uma espécie de sonambulismo induzido.

Harry encarou o cardeal e imaginou a sensação de tê-lo em sua boca.

Se seria salgado ou crocante demais.

Imprudente, ele pegou o pássaro em suas mãos, o farejando enquanto ignorava as bicadas que machucavam sua pele. O ômega entreabriu os lábios prestes a mordê-lo, parecia o certo a se fazer.

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