O Soneto Do Cisne Negro

O Caso Evan

Paris, França.
Maio de 2018.

A chuva havia cessado há poucos segundos, mas o céu ainda continuava cinza sobre a cidade parisiense. Melinda encontrava-se caminhando sobre a calçada molhada da Rue Rivoli 8, utilizando um par de sapatenis branco, calça jeans no tom azul claro e uma camiseta amarela de manga curta. Ela estava com a mochila atrás de suas costas e o cabelo louro sendo jogado para trás pelo vento frio daquela manhã.

Quando o sinal vermelho acendeu no semáforo da avenida movimentada, Melinda atravessou a rua junto com alguns pedestres vestidos socialmente para trabalhar. Quando ela olhou no seu relógio de pulso e percebeu que ainda tinha tempo para um café da manhã, resolveu parar em uma cafeteria.

Melinda entrou no Café Marly, sentou-se no bancos acolchoados e fez seu pedido. A vista do local era impecável, a decoração interna também não deixava a desejar e a sorte da loura é que no caminho da escola ela sempre passava pela cafeteria.

Melinda já se encontrava sentada sobre a banqueta de madeira com a refeição a sua frente entre varias pessoas que se espalhavam pelo ambiente movimentado.

- É a primeira vez que olho uma moça na sua idade pedir chá gelado as 06h23min da manhã. - comentou uma voz masculina.

Melinda levantou os olhos e ao olhar para o lado avistou um homem de cabelos castanhos e ondulados jogados para o lado direito. Ele possuía um belo par de olhos na cor castanho escuro e um otimismo tatuado em seu rosto.

- Perdoe-me pela falta de educação. - ele fez uma pausa. - Sou Scott Karlberg. - acrescentou.

Ela o fitou de cima a baixo e notou que ele vestia um sobretudo por cima de uma camisa branca de botões, uma calça de tecido francês e sapatos sociais italianos recém engraxados.

- Melinda Christie . - respondeu.

- É um belo nome de mulher para uma jovem. - afirmou Scott.

Após terminar seu café da manhã, Melinda colocou o dinheiro debaixo da xícara como fazia de costume e saiu da cafeteria. Enquanto caminhava pelo exterior para ir a escola a loura ainda conseguia sentir a sensação de um olhar desconhecido preso a suas costas.

Ao passar pelos enormes portões do instituto Flore White, ela avistou Sofia a esperando na entrada do colégio. Quando Melinda aproximou-se da amiga, percebeu que o cabelo negro e cacheado da garota estava preso em um coque alto no topo de sua cabeça e ela usava vestimentas curtas.

Flore White não possuía um uniforme e nem tampouco regras. Os alunos frequentavam a escola como queriam e faziam o que bem entendiam e a diretora Vera parecia não se importar se algum estudande morresse de overdose nos banheiros masculinos ou fosse violentados no milharal atrás da escola.

Ao passarem pela porta da frente da sala, Sofia agarrou a mão da amiga e a guiou para sentar-se no fundo.

- Soube que o novo professor de biologia é um gato. - comentou Sofia.

Ambas sorriram.

Melinda abaixou a cabeça para colocar seu celular no silencioso e não notou quando o professor entrou na sala cumprimentando os alunos com um bom dia caloroso. Mas as íris escuras da garota se levantaram junto com a turma que virou-se para olhá-la no momento em que o professor disse:

- Não é possível.

Era Scott o seu novo professor de biologia e os olhos da garota se conectaram rapidamente com os dele. Quando notou que toda a turma olhava para a surpresa tatuada nas íris de Melinda, ele disse:

- Eu sou Scott, seu professor de biologia.

Durante toda a aula, Melinda sentia o celular vibrar no bolso traseiro de jeans. Não suportava mais receber ligações e mensagens em momentos importunos.