Onde Os Cisnes Negros Cantam

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- Como psiquiatra da senhorita Christie, voce conhece alguém que poderia machucá-la? - perguntou a detetive.

- Evan Swan. - respondeu.

Edward assistiu a detetive fechar sua caderneta e colocar alguns papéis sobre ela dizendo:

- Se for necessário irei chamá-lo para mais perguntas, obrigada senhor Ramírez.

Haviam se passado semanas desde a última vez que jogou todas as cartas na mesa para ajudar as autoridades encontrar Melinda. Mas não houve retorno e a cada dia que se passava Jane se afundava no álcool e tornava-se uma das suspeitas pelo desaparecimento da filha.

Eram 07:13am quando Laszlo passou pela porta da frente do apartamento de Edward e avistou o amigo sentado sobre a poltrona de couro com uma garrafa de whisky presa em sua mão. Ao notar para os pés descalço do amigo, ele notou que haviam varias garrafas de bebida alcoólica completamente secas e jogadas sobre o enorme tapete.

- Você precisa se distrair. - disse Laszlo pegando a garrafa de whisky da mão do amigo.

Edward não disse nada, apenas continuou olhando para o sofá de couro a sua frente. As pálpebras pesadas e as olheiras eram perceptíveis, mas ele ainda se recusava a fechar os olhos ou ficar sóbrio.

- Desde a semana passada que voce não para de beber, Edward.

- Mesmo estando sóbrio não consigo tirar ela da minha cabeça. - afirmou o psiquiatra.

- Não vai conseguir esquecê-la olhando para o nada. - ele fez uma pausa. - Precisa seguir em frente. - acrescentou.

Edward soltou uma risada irônica.

- Eu olho para o sofá e vejo ela sentada, olhando para mim como...

- E os seus pacientes? - perguntou Laszlo.

Edward levantou-se da poltrona e tomou a garrafa de whisky das mãos do amigo. Ele bebeu um pouco do líquido pelo gargalo e caminhou em direção a janela.

- Edward?

- Cancelaram meu registro. - gritou. - Eu abri a boca sobre o Evan e a detetive descobriu que Melinda e eu...

Edward observou a rua através do vidro da janela e assistiu a chuva cair do lado de fora. Novamente ele ingeriu a bebida alcoólica pelo gargalo escuro e não se importou com a forma que Laszlo o observava render-se ao whisky.

Edward permanecia vivendo sob um céu tempestuoso onde as chuvas e raios eram contínuos. Mas ao mesmo tempo que afogava-se no álcool, ele desejava saber sobre Melinda. Ainda que recusasse a sonhar com ela durante a noite, as lembranças da garota o assombravam durante o dia.

Edward pensou ter vivido um sonho na noite em passou ao lado da jovem e as palavras que ela disse ainda vagavam sua mente. Mas a verdade é que Melinda havera tornado ele em um castelo de cartas que estava demorando aos poucos.

- Ela tem medo da solidão. - sussurrou Edward.

- O quê? - Laszlo perguntou confuso enquanto observava o amigo encarar a chuva.

- Melinda tem medo de ficar sozinha. - respondeu.

Laszlo assistiu o amigo colocar a garrafa de whisky sobre a escrivaninha e mexer em suas pastas de trabalho que estavam espalhadas sobre o móvel. Ele levantou-se do sofá enquanto Edward procurava pela pasta com as anotações sobre Melinda.

- Edward olha para você. - disse Laszlo. - Afundou mais rápido que o titanic por causa de uma colegialzinha e ainda perdeu o emprego por causa dela. - concluiu.

O Soneto Do Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora