Allan_Poe_RE

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Era tarde de segunda-feira e Melinda encontrava-se sentada sobre o sofá de couro do apartamento de seu psiquiatra. Edward estava sentado na poltrona a frente, ele vestia uma calça social e uma camisa gola polo na cor vermelho. Ela conseguia sentir aquele olhos azuis a observando enquanto sua íris viajavam de suas pernas cobertas por uma calça jeans em direção às botas que cobriam os pés dele.

- O Evan voltou para casa. - afirmou Melinda.

Ela não ousou levantar a cabeça para olhar nos olhos de Edward, pois sentir as íris azuis do psiquiatra fitando-a já era constrangedor.

- E como você se sente, Melinda? - perguntou Edward.

Quando ela levantou a cabeça, Edward assistiu os olhos escuros da garota transbordar em lágrimas. Ele levantou-se da poltrona e sentou-se ao lado de Melinda. A jovem sentiu o toque do psiquiatra sobre o seu ombro e o escutou sussurrar:

- Ele não pode machucá-la.

Edward observou as lágrimas escorrer pelo rosto da jovem enquanto os soluços se faziam presentes e altos. Ele assistiu Melinda puxá-lo para um abraço e também a abraçou ao mesmo tempo em que acariciava o cabelo louro dela.

Ambos ficaram abraçados por breves minutos que foram o suficiente para Melinda sentir aquele cheiro masculino do psiquiatra adentrar em suas narinas. Edward abraçou e acariciou o cabelo da jovem enquanto percebeu o choro se silenciar sobre as batidas de seu coração.

Melinda conseguia sentir as coisas boas e ruins a rodeando como um animal que fica cercando sua presa e esperando pelo momento certo para atacar. Mas Edward não sabia que ela preferia confessar seus erros através de fábulas e desgraças disfarçadas de bênçãos.

Agora estamos segurando o para sempre? Pensou Melinda enquanto sentia os dedos do psiquiatra sobre os fios de seu cabelo. Mas ela queria que Edward continuasse a protegendo em seu abraço, mesmo que em poucas horas tivesse que se despedir dele.

Por que eu estou a abraçando? Eu mal a conheço e ela é minha paciente. Pensou Edward enquanto afastava a jovem de seus braços e voltava a se recompor.

- Vai ficar tudo bem, Melinda. - disse Edward. - Ele não irá arriscar de procurá-la depois da queixa que você fez. - acrescentou.

Ao termino da terapia, Melinda levantou-se do sofá e pegou sua bolsa para sair do consultório. Mas após escutar a voz de Edward sussurrar seu nome, ela se vira para olhá-lo.

- Você disse que escreve sonetos. - ele fez uma pausa. - Eu gostaria de ler. - acrescentou.

Melinda não se importava se alguém lê-se seus sonetos e adorava decifrar os comentários dos poucos seguidores que tinha no wattpad. Além do mais, Edward era seu psiquiatra e isso iria ajudá-lo a entender o que se passava na mente da garota.

Ele tinha as melhores da intenções e Melinda sabia que o papel de seu psiquiatra não era julgá-la como as pessoas a sua volta. Ela acreditava que Edward a ajudaria a superar seus medos e encontrar formas de passar pelos problemas sem levar traumas consigo.

- O nome da conta no wattpad é A Dama de Vermelho. - respondeu.

Edward assentiu.

Melinda saiu pela porta do apartamento sentindo que devia dizer mais coisas e ao mesmo tempo retirar as palavras que disse para ele. Mas Edward parecia ser um tipo de herói que seria capaz de ajudá-la a concertar os parufusos de sua mente.

Mesmo que fosse insuportável essa agonia de não conseguir despejar ou livrar-se de tudo o que sentia em apenas uma sessão. Melinda não queria escutar o psiquiatra pedir para que ela fosse paciente quando todos os seus estúpidos impulsos foram feitos as pressas.

O Soneto Do Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora