Paris, França.
Maio de 2018.Quando Melinda passou pela porta da frente de sua casa, sentiu o vento frio entrar junto com ela na residência. A garota fechou a porta atrás de sia e pegou as correspondências jogadas sobre o tapete que tinha o nome gravado Bem-vindo em inglês.
Melinda colocou as correspondências sobre uma mesa retangular que ficava na altura de sua cintura onde tinha um vaso de plantas artificiais sobre o móvel. Ela passou por trás do sofá de veludo na cor marfim e adentrou na cozinha dizendo:
- Mãe?
Melinda caminhou em direção a escada feita a tábuas e assistiu Jane descer os degraus desajeitadamente.
- Mãe. - sussurrou. - Não acredito que bebeu de novo. - concluiu.
Melinda assistiu a mulher de cabelos negros descer as escadas cambaleando e movimentando a mão como se estivesse tentando escrever o próprio nome no ar. Assim que Jane chegou no andar de baixo, observou a filha ajudá-la a caminhar em direção a cozinha.
- Por que demorou chegar em casa? - Jane perguntou com a voz pesada.
Enquanto a loura colocava água na parte interna da cafeteira de cor preta e ligava o aparelho na tomada. Jane sentou-se sobre a banqueta de madeira que ficava em frente ao balcão de mármore.
Melinda caminhou em direção ao armário, retirou duas xícaras de porcelana e colocou sobre a bancada. Enquanto a filha procurava pela caixa de chá dentro da dispensa, Jane pegou a chávena e percebeu que estava vazia.
- O que eu vou beber? - perguntou Jane enrolando-se nas próprias palavras. - A xícara está vazia. - concluiu.
No mesmo instante, Melinda retornou ao balcão com uma caixa verde com a figura de uma flor de pétalas amarelas e tomou a xícara das mãos da mãe antes que ela quebrasse a louça.
Jane assistiu a filha movimentar-se em direção a cafeteira e desligá-la. Quando Melinda retornou com a chaleira de vidro onde armazenava a água quente, despejou o liquido em ambas xícaras.
- Você não me respondeu porque demorou. - afirmou Jane.
- Estava em consulta com um psiquiatra. - respondeu mergulhando um saquinho de ervas dentro das xícaras.
- Psiquiatra? - perguntou Jane. - Você é maluca por acaso? - acrescentou.
Melinda revirou os olhos e entregou a xícara de chá para ela dizendo:
- Agora bebe o chá, bebum.
- Para que chá? - gritou. - Eu quero vodka. - concluiu.
- Você precisa se acalmar. - ela fez uma pausa. - E eu também. - acrescentou com um sussurro.
Enquanto tomava tranquilamente o chá de camomila, Melinda observava sua mãe para certificar-se de que ela beberia todo o liquido.
Não demorou muito para Melinda encontrar-se caminhando pelo quarto da mãe com o braço da mulher embriagada em volta do seu pescoço. Assim que colocou Jane sobre a enorme cama de casal, ela sentiu celular o vibrar no bolso de sua jaqueta.
Como foi a terapia?
- Sofia.Melinda não respondeu o torpedo, apenas desligou a tela do aparelho e saiu do quarto da mãe.
Era tarde quando a loura flagrou-se na varanda de seu quarto observando a vizinhança varrer as folhas do gramado na frente de suas casa. Melinda vestia um short jeans curto, acompanhado por um sutiã rosa sem algum tipo de detalhe e um casaco de camurça na cor marrom.
De repente, ela avistou o carro de Evan estacionando na casa em frente. Melinda assistiu ele entregar um buquê de rosas vermelhas e beijar a criança de um ano no braço de Ingrid. Ela tinha o cabelo louro preso em uma trança frouxa e ambos haviam casado no cartório há cinco anos atrás e no ano passado conceberam a filha Micaela.
Os Swan's eram a família mais respeitada do bairro e a mais querida pelos vizinhos. Jane costumava conversar com todos os moradores do bairro, mas quando Evan mudou-se com a esposa para a casa da frente, a vizinhança a deixou para escanteio.
Melinda olhou o céu acima e assistiu as nuvens cinza cobrir o manto azul e camuflar a luz solar. Ela sentiu o doce vento daquela tarde soprar levemente contra o seu rosto e observou a brisa varrer os gramados expulsando as folhas secas para perto das cercas pintadas de branco.
Não demorou muito para o barulho de carros da policia ecoar pela tranquila Rue Roses Blue's e os veículos das autoridades parar em frente a residência da família Swan. Melinda assistiu detalhadamente o momento em que os policiais caminharam sobre o gramado da casa que ficava perante a sua e observar Evan sendo algemado.
Toda a vizinhança apareceu nas portas de suas casas para assistir o advogado da Hilbert's entrar algemado no carro da polícia. Melinda notou que Ingrid olhava fixamente para a varanda de sua casa e ao virar-se para o lado, avistou Jane encarando toda a cena de filme de suspense na rua abaixo.
Assim que os carros de policia desapareceram da Rue Roses Blue's, Melinda entrou para dentro de seu quarto. Ela sentou-se sobra a cama e colocou o notebook sobre suas cochas translúcidas e nuas.
Melinda abriu o aplicativo Wattpad em seu notebook, apertou no livro Over You e clicou no capitulo O Soneto Do Cisne Negro. A jovem revisou a página para certificar-se de que não havia um erro sequer e publicou.
Não demorou muito para Jane adentrar no quarto da filha, assistí-la digitar rapidamente e dizer a jovem:
- Por que não procura fazer algo que dê lucros?
Vamos começar mais uma discussão. Pensou Melinda enquanto controlava a própria língua para não terminar o dia brava com sua mãe. Ela não disse nada, apenas continuou escrevendo mais um soneto na plataforma gratuita.
- Preciso de um par de brincos seu. - disse Jane vasculhando a caixa de bijuterias da filha.
Melinda olhou sua mãe bagunçar as suas coisas por cima da tela do notebook e disse:
- Tudo o que eu tenho é isso ai.
Jane pegou um par de brincos com pedras brilhantes e disse:
- Não recordo de comprar esse par de brincos para você.
Melinda olhou para o par de brincos presos entre os dedos de sua mãe e lembrou que fora um presente de Evan. Ele lhe deu seis meses antes da jovem decidir terminar o namoro.
- Comprei com o salário que os Swan's me pagavam para cuidar da Micaela. - mentiu.
- Eu não gosto dos Swan's. - disse Jane. - Mas por que largou o emprego de babá se elas lhe pagavam bem? - perguntou curiosa.
- Você sabe que eu não gosto de criança. - respondeu.
Jane pegou um par de enormes argolas douradas e saiu do quarto da filha sem dizer nada.
Melinda olhou para a bagunça em sua caixa de bijuterias e levantou-se para arrumá-las no lugar. Ao pegar os brincos que Evan havia lhe dado, ela lembrou que as pedras eram de diamantes e valiam um bom dinheiro.
![](https://img.wattpad.com/cover/270611746-288-k7046.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Soneto Do Cisne Negro
Mystery / ThrillerAlguns segredos não devem ser revelados; Algumas mentes não devem ser estudadas; Algumas pessoas não devem ser tocadas. A história se sucede em um dos anos mais chuvosos na cidade de Paris, localizada na França. Quando Melinda denuncia seu ex-namor...