Revivendo Dores

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Um mês após Melinda retornar para casa, Edward teve seu registro cancelado por se envolver com uma paciente e fora morar com a garota e a mãe dela. Mas as coisas já não eram mais as mesmas e ele havera iniciado um novo plano de uma outra carreira.

Era manhã quando Melinda desceu os degraus da escada vestida em uma saia branca que caia sobre seus tornozelos e um body de veludo na cor vinho que possuía mangas longas. Ela adentrou na cozinha e avistou Edward arrumando sua pasta preta e perguntou:

- Onde está a minha mãe?

- Foi trabalhar. - ele disse colocando a alça de sua pasta sobre o ombro. - Quer carona para a escola? - acrescentou.

Ela assentiu.

À caminho da escola de Melinda, o silêncio predominou no veículo enquanto ele dirigia silenciosamente.

- Sabe que não precisar deixar-me na escola todos os dias. - comentou Melinda.

- Melinda mesmo que o Evan...

- Depois de tudo, ele não sai tão fácil. - ela o interrompeu.

- Não é só o Evan que me preocupa. - ele fez uma pausa. - Alguém atirou nele naquela tarde. - acrescentou.

Edward sabia que ela conhecia os riscos, mas não entendia porque a garota se recusava em enxergar os fatos. Melinda apenas queria esquecer e superar tudo, porque a criança que estava a caminho ainda a apavorava.

Quando ele estacionou o veículo em frente à escola, Melinda assistiu a mão dele pousar sobre a sua e suspiro pesado sair dos lábios de Edward.

- Desculpe-me. - ele fez uma pausa. - Eu só quero manter você e o bebê seguros. - acrescentou.

Melinda sorriu.

Ela colocou a mão de Edward sobre seu abdômen e disse:

- As vezes, penso que é uma menina.

Edward depositou um beijo terno na testa da loura e assistiu ela descer do veículo. No fundo, ele queria construir uma nova vida com Melinda ao seu lado e que pudessem ser uma família estável e feliz.

Melinda desceu do veículo e caminhou em direção à escola. A cada passo todos os olhares pousavam nela.  Mas ela já esperava por isso, seu rosto fora estampado nos jornais e seu nome era sempre pronunciado na rádio quando fora colocada em cativeiro por Evan.

Melinda estava pronta para perguntas que fariam sobre Evan e sobre seu relacionamento com Edward. Ele me atraiu, pensou ela quando a imagem de seu ex-amante e sequestrador veio a sua mente.

Ela já caminhava pelo corredor repleto de armários e estudantes que formava uma fila na frente das paredes olhando-a fixamente. Melinda já estava girando a maçaneta da porta de sua sala de aula quando uma voz masculina a fez soltar o trinco.

- Senhorita Christie.

Era Cassius, o vice-diretor da escola.

Enquanto milhares de coisas passavam pela cabeça de Melinda, seus pés já seguiam o vice-diretor. Após adentrarem na sala, ela acomodou-se em uma cadeira nada confortável e assistiu Cassius sentar-se em sua poltrona de couro.

Melinda observou ele dizer como estava aliviado por estar a salva e de volta à escola, mas a voz do vice-diretor ficou distante dos sentidos dela. Ela apenas observava os lábios de Cassius se movendo e um zumbido se intensificando em seus ouvidos.

- Você está bem para voltar as aulas?

- Sim.

Desde o começo Melinda tentou ao máximo ser vista por todos a sua volta, mas dada as consequências que ocorreram em sua vida, ser notada naquele estado não era bom. Ela sentia-se vulnerável a cada olhar alheio e tudo se tornava mais difícil quando fixavam as íris curiosas em seu abdômen ou mencionavam o nome de sua amiga.

Durante o intervalo, Melinda sentou-se sobre o banco do jardim da escola e ficou folheando um livro que tinha em mãos. Não queria ler, apenas desejava que o tempo passasse depressa e pudesse retornar a casa onde havia a única pessoa que não a olharia com indiferença: Edward.

- Eu espero que esteja lendo o livro. - sussurrou uma voz masculina.

Ao levantar suas íris azuis ela avistou Scott com as mãos dentro do bolsa de sua calça e um sorriso divertido nos lábios. Melinda fechou o livro, sorriu, mas voltou a ficar séria e disse:

- Espero que não esteja fingindo ser legal comigo.

- Jamais. - ele disse tirando as mãos de dentro do bolso e levantando-as na altura dos ombros. - Mas o seu tom foi ameaçador. - acrescentou.

Ela sorriu.

- Posso sentar ao seu lado? - ele perguntou curioso.

Melinda afastou-se para o lado e assistiu ele sentar-se e sorrir. Não havia motivos para desconfiar de Scott, era a primeira pessoa a tratando como uma amiga e não como alguém passou por momentos traumatizados.

- Lamento pela Sofia. - ele disse apoiando os cotovelos sobre os joelhos.

- Ela era uma ótima amiga. - ela fez uma pausa. - Sempre esteve ao meu lado. - acrescentou.

- Vocês se consultavam com o mesmo psiquiatra, não é? - ele perguntou curioso.

- Não. - ela respondeu confusa.

- O nome dele é Ramirez. - ele fez uma pausa. - Eu devo estar confundindo. - acrescentou.

Ela assentiu.

Melinda achou estranho Edward não ter dito nada sobre sua amiga. Sofia também não havera dito que estava se consultando com um psiquiatra de verdade e muito menos que era ele.

Melinda não ficou para assistir o resto das aulas que ainda faltavam, apenas pegou o primeiro táxi e retornou a sua casa. Ela precisava saber se era verdade o que Scott havera dito ou apenas sua mente que estava confusa.

Ao passar pela porta da frente de sua casa, Melinda subiu para o seu quarto e sentou-se à cadeira que ficava em frente a escrivaninha. Ela pegou seu notebook e procurou no Google sobre a morte de Sofia e tudo o que encontrou em relação a sua amiga e Edward era que ambos tiveram apenas uma sessão e a garota disse que precisava contar algo.

Era tarde quando Edward adentrou no quarto e a assistiu sentada sobre a cama fazendo algumas anotações em uma agenda média. Melinda assistiu ele fechar a porta que dava acesso à varanda dizendo:

- Não é seguro ficar sozinha e deixar as portas abertas, Melinda.

Quando ele caminhou para colocar sua pasta sobre a poltrona, Melinda levantou-se da cama e abriu a porta novamente. Edward olhou confuso para ela e a assistiu caminhando em direção a escrivaninha.

- Quer dizer alguma coisa? - ele perguntou cruzando os braços.

Ela virou-se para olhá-lo e perguntou:

- Por que não disse que conhecia a Sofia?

- Não sabia que ela era sua amiga. - respondeu. - Além do mais a sessão terminou bem rápido. - acrescentou.

- O que ela contou a você?

- Ela disse que precisava falar com a amiga que estava viajando. - ele fez uma pausa. - Mas recebeu uma mensagem e saiu correndo do consultório. - acrescentou.

Melinda assistiu ele sentar-se sobre cama e retirando os sapatos.

- Os jornais disseram que ela estava grávida e que o tio é suspeito de tê-la matado.

Após retirar os sapatos, ele caminhou com os pés descalços sobre o chão e aproximou-se dela. Edward segurou o rosto da loura com ambas mãos e disse:

- Não é saudável reviver essa dor, Melinda.

Ela abaixou a cabeça, mas Edward levantou segurando o queixo dela e disse:

- Vamos focar apenas no futuro e nessa criança que está a caminho.

O Soneto Do Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora