No ano de 2050, no planeta Terra, após uma devastadora guerra e uma série de conflitos sociais, filosóficos, políticos e ideológicos, um vitorioso emergiu, subjugando toda a humanidade sob seu domínio opressivo. Um mundo onde apenas um único pensamento, uma única filosofia e um único sistema político eram permitidos - uma dominação mundial.
O Japão, entre os países submetidos ao regime do ditador, não escapou à sua influência. No entanto, na ilha de Okinawa, onde Élon havia estado e conhecido Naomi, filha de Falco, uma divisão ocorreu. Pressionado pelo governador que era a favor de Falco, o país se dividiu, com a ilha permanecendo sob o controle de Falco, enquanto o Japão se submetia ao ditador, separando assim Okinawa do restante do país.
As pessoas viviam sob essa regra não por imposição física, mas por escolha própria, alimentada pelo medo constante. A prosperidade prevalecia no planeta Terra, mas era uma prosperidade sombria, enraizada no silêncio da dissidência, onde qualquer forma de pensamento contrário era cruelmente reprimida.
Em vários países, a resistência ao regime e à nova ordem mundial foi tentada, mas suas economias isoladas resultaram em grande miséria e fome. Sem grandes aspirações políticas, muitos desses países decidiram, por fim, unir-se ao regime do ditador, jurando lealdade incondicional ao líder e venerando-o como um deus, em uma nova religião obrigatória.
Em algum lugar da Terra, uma família vivia sob a tirania do ditador, desfrutando de uma vida de aparente paz e abundância. Seu poder de compra era extraordinário, e suas necessidades eram prontamente atendidas. Uma mãe conversava com seu filho:
- Olá, filho, como foi a escola hoje?
- Boa tarde, mãe! - o menino correu para abraçá-la e beijou seu rosto. A mãe retribuiu o gesto. O filho continuou: - Estudamos matemática hoje, e no final da aula cantamos o Hino Mundial Soberano.
- Que maravilha, meu amor! Pode cantar um pouco para a mamãe ouvir?
- Quão imenso e inabalável é nosso governo, desafiadores ousam questionar sua supremacia? Em épocas e eras, hereges emergem, mas serão reprimidos... - o menino parou de cantar, sorrindo ao perceber que não lembrava do restante da letra.
- Seu pai ficará tão orgulhoso quando voltar de viagem. - ela sorriu e encheu-se de orgulho por seu filho.
No Japão, outra mãe, chamada Ana, lavava a louça enquanto conversava com seu filho, chamado Hikari:
- Como foi na escola hoje, meu amor?
- Não foi muito bom.
- Por quê, querido?
- O professor disse que se não aceitássemos o governo mundial, em breve nossa paz seria ameaçada, pois ninguém sabe por quanto tempo Salazar nos tolerará.
- Quem disse isso?
- Aquele professor esquisito.
- Aquele estrangeiro?
- Sim, ele mesmo, também achei estranho.
Salazar Saddler, esse era o nome do ditador, pairava como uma sombra sombria sobre o mundo.
No dia seguinte, o professor desapareceu misteriosamente e nunca mais foi visto na escola.
Sob o comando de Falco, Okinawa estava sufocada por restrições draconianas: proibida de lançar satélites, enviar sondas ao espaço, participar de eventos internacionais ou estabelecer acordos econômicos ou políticos. A tecnologia estagnava, os recursos escasseavam e as taxas de criminalidade disparavam.
Numa noite serena, na varanda de sua casa, Hikari estava com sua mãe, contemplando o céu, quando algo inesperado ocorreu. Um intenso clarão surgiu no horizonte, por trás de um monte, inundando o céu noturno com sua luz fulgurante.
- Mãe, olha! Uma estrela cadente! - exclamou o jovem, contagiado pela empolgação.
- Onde, meu anjo? - ela tentou avistar, mas logo compreendeu a gravidade da situação.
O objeto luminoso descia rapidamente, e antes que pudessem reagir, uma explosão ensurdecedora e devastadora abalou a cidade.
No epicentro da explosão, apenas destroços e desolação permaneceram. Embora não fosse uma bomba nuclear, os estragos foram catastróficos, ceifando inúmeras vidas.
Infelizmente, a mãe não sobreviveu, mas milagrosamente, o menino escapou ileso, protegido pelo abraço amoroso de sua mãe que o envolveu até o último momento. Antes da explosão, ela sussurrou:
- O socorro virá do mesmo céu que estamos admirando agora.
Hikari, agora com a perna quebrada por um fragmento de madeira, chorava e clamava por ajuda. Horas agonizantes se passaram até que o socorro chegasse. Finalmente, ele foi resgatado e levado para um abrigo temporário em um ginásio escolar, onde compartilhava o espaço com outros sobreviventes. Lá, ele chorava ao relembrar os momentos com sua mãe, agora apenas uma memória dolorosa.
Ele tinha 15 anos.
Hikari chorava incessantemente enquanto estava caído no chão, quando um homem, alto em sua perspectiva, se aproximou e estendeu a mão para ele. Hikari, ainda atordoado e em prantos, olhou sem compreender, mas ignorou o gesto.
O homem então falou com calma:
- Como se chama?
Entre soluços, o jovem respondeu:
- Hi... Hika... Hikari.
Um sorriso surgiu nos lábios do homem, que se apresentou:
- Prazer, sou Falco. - ele segurou o ombro de Hikari e continuou: - Tenho certeza de que sua mãe não gostaria de te ver assim.
Hikari, aos poucos, diminuiu o ritmo do choro. Falco, o pai da mulher que Élon encontrou no bar, Naomi, não era o mesmo Falco que estava com Áslan e outros em Árret. Ele disse:
- Venha comigo!
Hikari olhou sem entender, ainda com lágrimas nos olhos, mas sem soluçar:
- Ir para onde? Eu perdi tudo, minha mãe, minha casa, tudo!
- Vamos escapar deste mundo juntos. Existe um lugar onde podemos viver longe dessas guerras, e tenho certeza que sua mãe ficaria feliz ao ver você se recuperar.
Hikari enxugou suas últimas lágrimas e segurou firme nas mãos de Falco.
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O Visitante Espacial
Bilim KurguÁslan é um jovem que vive em Árret, um planeta distante rodeado de mistérios. Sua vida muda quando um estranho objeto vindo do espaço cai dos céus em seu distrito. Áslan, Élon, Nóslen e Ámelly junto de todos os pesquisadores, têm a missão de desvend...