domingo, nove da manhã.
o sol entrava pela pequena brecha da janela entreaberta. a luz era quente, mas menos do que o calor que revestia meu peito, ainda confuso sobre o que havia acontecido.
com o cobertor na altura da clavícula e as mãos repousando sobre a barriga, encarei o teto branco por alguns minutos, me perguntando se realmente deveria estar tão maravilhada, já que estava certa de que a situação entre lisa e eu provavelmente seria a mesma de sempre.
mas, mesmo que eu tentasse manter os pés no chão, minha cabeça já viajava para além das núvens. nenhum dos meus sonhos foi tão mágico quanto o que eu havia vivenciado.
quando me dei conta, já havia passado uma hora e eu ainda estava na cama. finalmente me levantei, tomei um banho rápido para despertar por completo e fui até a cozinha procurar algo para comer.
encontrei lisa sentada no sofá enquanto tomava seu sagrado chá de ginseng. ela abaixou a xícara e abriu um sorriso adorável ao me ver.– bom dia rosiiiiie! – ela exclamou fazendo voz de bebê, uma das formas de aegyo mais infalíveis que ela tem.
como eu poderia não me apaixonar por você? indaguei mentalmente.
– o que vamos comer no café? – perguntei enquanto abria a geladeira.
– vou fazer torradas para você. deve estar com as mãos cansadas para fazer sozinha. – lisa replicou com um sorriso sugestivo.
– lisa! – exclamei em tom baixo, encarando os quartos de jisoo e jennie.
– elas ainda estão dormindo... – lisa sussurou atrás de meus ombros.
ela sabia exatamente o que estava fazendo e não parecia nem um pouco disposta a parar.
– suas torradas, senhora– lisa brincou me entregando o prato.
– obrigada. você não vai comer? – indaguei ao vê-la indo em direção ao seu quarto.
– não, vou encontrar uma amiga. podemos almoçar juntas, se quiser. – ela respondeu vestindo a jaqueta e pegando a chave.
eu nunca senti ciúmes de lisa, mas naquele momento me senti um pouco insegura sobre o fato de que ela sairia com outra garota, principalmente porque não sabia quem era e não achei que deveria perguntar.
é claro que isso era bobeira e não tinha motivos para me sentir assim, mas eu sabia que, além disso, eu nunca havia estado tão perto de ter lisa como eu a via de verdade, algo além do posto de minha melhor amiga.
passei o resto da manhã arrumando algumas coisas no meu quarto e revisitando algumas composições antigas perdidas no meio da bagunça.
jennie entrou no quarto pouco depois de eu ter começado a arrumação e disse que passaria o dia com a mãe. fiquei feliz por ela, porque sabia o quanto o tempo que tinha com a família é precioso e tem o poder de renovar suas energias.
jisoo saiu para passear com dalgom pouco depois de acordar, então aproveitei que estava sozinha em casa para ouvir música o mais alto que conseguia para me motivar a terminar a organização que havia começado.
quando terminei, senti minhas costas começarem a doer um pouco, então aproveiter para me alongar um pouco, mesmo que tivesse o péssimo hábito de só me alongar durante ensaios ou antes de apresentações.
peguei o tapete de yoga que comprei há mais tempo do que consigo me lembrar e que havia usado no máximo três vezes e comecei a alongar a coluna. terminei o alongamento ficando de pé e encostando os dedos das mãos nos pés com as pernas abertas.
a dor foi instantânea e meus olhos apertaram no mesmo momento. quando os abri, me deparei com lisa encostada na porta, me olhando atentamente como se fosse uma instrutora.
começei a rir assim que a avistei. a cena era constrangedora demais para não ser engraçada.
– porque parou? – lisa perguntou repousando a cabeça no rodapé da porta.
– eu já terminei – ri um pouco. – você tá a quanto tempo aí?
– acabei de chegar. o que vamos almoçar? – ela perguntou cruzando os braços.
– que tal jjajangmyun?! – jisoo exclamou tirando os sapatos e fechando a porta.
– boa! – lisa e eu replicamos ao mesmo tempo.
com o passar dos dias, lisa se tornou ainda mais atenciosa do que já era, sempre se oferecendo a fazer algo por mim ou me convidando a participar de suas atividades, por mais simples que fossem. eu ainda não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas estava decidida a aproveitar como se fosse a última coisa no mundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
querida roseanne | chaelisa
Fanfictioncansada de ser constantemente julgada (inclusive por si mesma) e ter que se justificar por coisas sob as quais não tem controle, a jovem rosé decide pôr um fim a sua agoniante narrativa. o que ela não imaginava, era que o 'grand finale' que acredita...