no alarms and no surprises

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A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal
You look so tired, unhappy
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
I'll take a quiet life
A handshake of carbon monoxide


  quarta feira, dia quinze. céu limpo e mais um dia inteiro livre. ou melhor, sem programação, porque se esse fosse um dia livre, não seria repleto de angústia do começo ao fim.
eu deveria estar acostumada, mas não estou. e nem quero, pois isso significaria negligenciar a força que me move e o propósito da minha alma, que é cantar e me apresentar.

  já quis tanto que fosse diferente, que pudesse ter uma vida normal onde só as preocupações corriqueiras são assolação.

  quis ainda mais que o que sinto por lisa fosse exatamente o mesmo que cultivo por jisoo e jennie. especialmente quando voltei para casa naquele entardecer de sexta-feira, onde tudo o que minha mente parecia processar era a imagem de sua silhueta se movendo precisamente em frente ao espelho da sala de prática, que também refletia o céu alaranjado da janela tal qual uma pintura impressionista.

  aquela cena fez com que o local não parecesse infernal, embora minha cara queimasse e meu peito gritasse enquanto tentava, inutilmente, não pensar no que estava vendo. e do que adianta tentar, se já memorizei cada pedaço de pele que reveste o corpo dela? sua imagem roda em meu subconsciente como um longa-metragem cujo enredo cativa e a trilha sonora liberta.

  mas não somos livres. nem para existir da forma que quisermos, menos ainda para amar. querem que sejamos "mais fortes" quando nos julgam magras demais e "mais magras" quando nossos rostos não lhes parecem extraterrestres o bastante.

  por que ser bem preparada e estar saudável não pode ser o suficiente? como esperam que sejamos humanas se nos privam de ter o que é inato a nossa natureza, e até mesmo aos animais? que mal querer bem pode trazer?

  estar apaixonada por lisa me causa euforia constante, mas também me faz ver como o mundo ainda é cruel e me tornou uma estranha a mim mesma. tenho amor para além de nós, no entanto tudo o que posso me servir é medo. e culpa.

  esse cheiro de gás é terrível, mas agora não deve demorar até que não haja mais o que vazar. luto contra meus pulmões para que eles me deixem ir e eu sei que vão.

nunca me aliviei tanto por uma derrota.

yours truly,

rosé

Silent, silent

querida roseanne | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora