girls' night

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  depois que voltei do hospital, nossas atividades naturalmente seguiram seu ritmo habitual. a primeira noite do pijama após o ocorrido havia chegado e esse é um evento pelo qual esperamos a semana inteira, já que acontece exclusivamente aos sábados.

  as manhãs do primeiro dia de fim de semana são sempre as melhores, pois assim que o sol entra pela janela do dormitório e nos lembramos que logo é noite de festa toda a casa é tomada por otimismo.

  eu costumava viver pelo sábado, onde eu poderia me sentar no chão vestindo macacões de personagens animados enquanto bebia vinho, brincava de qualquer coisa com as meninas e via lisa cair ao dar as mais deliciosas gargalhadas.

  vê-la em seu estado mais confortável e livre sempre me trouxe imensa satisfação e a certeza de estar apaixonada por ela se fazia ainda mais clara em momentos como esse.

  gravamos para uma emissora pela manhã, tivemos photoshoot em seguida e passamos o resto do dia na sala de prática. voltei para o dormitório assim que terminei o ensaio para arrumar tudo para a noite do pijama.

  ao chegar, tomei banho e comecei a distribur as guloseimas pela sala. dispus as taças na mesa, juntei todos os jogos que consegui encontrar e espalhei algumas velas aromáticas pela sala.

  ouvi a porta de casa se abrir enquanto terminava de arranjá-las. lisa estava de volta.

  – uaaau... que romântico... – ela exclamou animada, me abraçando por trás como sempre fazia.

  – vou receber alguém hoje, acha que ele vai gostar? – brinquei ao sair de seu abraço.

  – pode ser. só não garanto que vai gostar do que tenho pra ele. – lisa disse levantando a manga de sua camiseta e flexionando o pequeno bíceps.

  não pude evitar de rir ao ver a cena. lisa era, sem dúvidas, a pessoa mais naturalmente fofa que já havia conhecido.

  – você é adorável... – respondi encarando seus grandes olhos brilhantes.

  lisa cobriu as bochechas com as mãos e desviou o olhar, fingindo timidez. a vontade de encher seu rosto de beijos era imensurável e cada vez mais frequente.

  jennie e jisoo chegaram e pedimos comida depois que todas havíamos tomado banho e vestido o pijama do dia. a mais velha pegou o vinho na geladeira e bebêmos um pouco enquanto jogávamos cartas e esperávamos para comer.

  jisoo é a maior oponente quando o assunto é jogos de cartas. seu raciocínio rápido e destreza durante as partidas lhe garantem a vitória na maioria das rodadas.

  jennie se torna a rainha da pista quando jogamos just dance, o que nos faz questionar a posição que ocupa no grupo, já que sempre fica em primeiro ou segundo lugar seguida de mim.

  já para lisa e eu, karaokê é sempre a primeira e melhor opção. cantar despreocupadamente enquanto fingimos estar nos apresentando ou pulamos de um lado para o outro é nosso talento secreto.

  quando a comida finalmente chegou, estávamos famintas e acabamos com tudo em alguns instantes. foi então que decidimos assistir um filme, já que ficamos cansadas de tanto comer.

  após três rodadas de kawi bawi bo, descobrimos quem teria o poder de escolher o que assistiríamos e a sortuda da vez foi jennie, que escolheu uma animação da disney da qual todas nós gostamos.

  pouco depois de meia hora que o filme havia começado, lisa me cutucou, apontando em direção à jennie dormindo ao lado de jisoo, cuja a cara entregava a vontade de rir.

  continuamos assistindo até que jennie acordou com os sons da tv e decidiu ir dormir no quarto. a essa altura, jisoo também parecia sonolenta, mas ainda desperta o bastante para terminar o filme.

  acabamos de ver o filme e a mais velha foi vencida pelo cansaço, indo para o quarto antes que pudessemos voltar aos jogos. as membros da unnie line não poderiam ser mais parecidas.

  – acho melhor vermos outro filme, se não vamos acordar elas... – lisa disse enquanto eu procurava jogos.

  – tem razão... o que vamos ver? – perguntei voltando para o seu lado.

  – kawi bawi bo! – exclamou lisa.

  – certo... – revirei os olhos sarcasticamente.

  – kawi... bawi... bo! – dissemos juntas antes que ela fizesse tesoura e eu papel.

  – yes! – lisa celebrou em voz baixa a pequena vitória.

  para a minha surpresa, a maknae escolheu um filme de suspense, gênero que ela sempre abominou abertamente.

  pegamos alguns dos doçes na mesinha da sala e demos início a segunda sessão de cinema da noite.

  o filme tinha um roteiro interessante, mas meus olhos pareciam mais curiosos pela expressão nervosa no rosto de lisa, que não parecia exatamente concentrada no que se passava na tv.

  e, de repente, enquanto o um ar misterioso dominava a cena audiovisual, lisa agarrou minha mão.

  não sei dizer se era por causa do clima do filme ou se meu coração estava agindo contra a minha consciência, mas naquele instante a distância entre nós parecia menor do que nunca.

  era quase como se estivéssemos dividindo o mesmo pulmão, por mais bizarro que isso possa parecer. nos encontrávamos estranhamente juntas, e por mais que eu tenha sonhado com esse momento, não fazia ideia de como processá-lo.

  foi então que senti sua respiração ainda mais próxima da minha. o ar quente de sua boca entre aberta parecia, ao mesmo tempo, sedativo e estimulante. seus olhos escuros fitavam os meus, agora mais fatais do que antes.

  tive certeza de que o tempo não existe nesse momento, pois embora isso tenha durado alguns segundos, a sensação era de que congelamos no tempo por horas e todo o calor em meu peito fluia na mesma constância.

  lisa se aproximava em camera lenta, como se soubesse exatamente o que se passava pela minha cabeça; salvaria seus esforços porque eu certamente não pouparia os meus.

  subitamente sentou-se no meu colo, entrelaçando suas mãos às minhas enquanto seus olhos pareciam perdidos entre os meus e minha boca, numa espécie de maratona de um ponto ao outro.

  não saberia sequer por onde começar a explicar o que estava acontecendo caso as meninas voltassem para a sala naquele instante, mas mergulhar em cada segundo do que se passava ali era tudo o que conseguiria fazer.

  quando nossos lábios finalmente se encontraram, um arrepio percorreu todo o meu corpo, como um trovão atingindo o solo em meio a uma garoa de meio dia. o poder que ela tinha sobre mim parecia sobre-humano.

  senti seus lábios deslizarem até o meu pescoço e minhas coxas se contraíram ao mesmo tempo. a umidade entre minhas pernas era desesperadamente crescente.

  quanto tempo até eu desistir de não tocá-la...

  minha mente relutava em ceder aos fortes impulsos que meu corpo já não podia mais neglicenciar. a dor de me abster de sua energia era quase física.

  a derrota, já ditada desde o começo, finalmente se consolidara pouco depois, quando minhas mãos aterrissaram sobre o seu corpo, viajando por suas curvas cada vez mais rápido e mais longe.

  o vento de cada descida era quente e ligeiramente audível enquanto lisa segurava firme em meus ombros, as unhas pressionadas contra a minha pele como as de um predator que amacia a carne fresca.

  eu era dela, mesmo que a tivesse nos dedos e na boca. ainda que regesse cada um dos pequenos gemidos em ecstasy ao meu ouvido e o vai e vem de seus quadris, eu era dela. sincera e irrefutavelmente dela.

  e ela finalmente me tinha por completo.







querida roseanne | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora