the letter

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  lisa's pov

  eu sempre achei que conhecia rosé melhor do que ninguém, como a palma da minha mão. ela sempre me dizia que eu era provavelmente a pessoa que mais sabia dela no mundo, porque podíamos conversar sobre tudo de forma confortável.

  quando dividíamos quarto, costumávamos virar madrugadas falando sobre o passado e como nos sentíamos durante as preparações para o tão esperado comeback, que nunca parecia próximo o suficiente para nossos corações eufóricos.

  a sensação era de que não havia segredo que rosie pudesse esconder de mim por muito tempo, como se eu fosse uma chave e ela o cadeado que guardava os mistérios mais óbvios.

  apesar disso, havia notado, especialmente algumas semanas antes do desmaio de rosie, uma mudança em seu semblante, que dera lugar a uma expressão abatida e claramente distante da realidade.

  deduzi que fosse porque, apesar de estar trabalhando duro nos ensaios e compondo, rosé sentia muita falta de se apresentar e dos nossos fãs, que sempre recarregavam nossas energias quando o rítmo de nossas atividades se tornava frenético demais.

  seu amor pelos palcos e pela música sempre foi algo muito constante e crescente. sempre que saía dos shows, embora se encontrasse visivelmente cansada, era como se tivesse renascido.

  foi então que, poucos dias depois de eu ter notado sua mudança, tive a certeza de que algo estava acontecendo com rosé. era quarta-feira e eu havia voltado para casa com leo e luca depois de ensaiar. jennie e jisoo tinham trabalhos individuais, por isso haviam saído cedo para seus respectivos destinos.

  entrei no dormitório e me deparei com rosé caída no chão da sala. esse foi, sem dúvida, um dos maiores baques que já tive.

  — rosie! rosie! tá me ouvindo?! — dizia balançando seus ombros na esperança de que respondesse.

  mas ela continuava desacordada. meu coração batia na garganta e o ar em meus pulmões parecia cada vez mais curto. liguei para o manager, que prontamente veio ao nosso encontro e nos levou ao hospital.

  no caminho, tudo o que eu fazia era segurar a mão de rosé e orar em silêncio para que ficasse tudo bem e que ela não sentisse dor. pensei em avisar as meninas quando ela fosse atendida, mas tive medo de que acontecesse algo, então entrei em contato com as duas, tentando não as desesperarar.

  rosie, por favor fique bem... acorda logo, por favor... a gente precisa de você...

  minha musculatura sentia tremores por toda parte. o medo de ter que deixá-la internada sem saber se melhoraria num futuro próximo me impedia de pensar no que quer que fosse.

  chegamos ao hospital e uma equipe de médicos logo encaminhou rosé a sala de emergência, onde ela foi examinada e colocada em observação. seu rosto se encontrava pálido e os batimentos cardíacos eram lentos.

  — eu nunca vi algo assim... — disse uma enfermeira, incrédula — é quase como se ela estivesse morta-viva...

  — perdão, o que disse? — indaguei, confusa.

  — ao que tudo indica, o corpo está funcionando normalmente mesmo que mais devagar, no entanto a pele está acinzentada e a respiração muito fraca... — disse ela enquanto encarava rosé.

  — meu deus... o que vamos fazer? — perguntei, preocupada.

  — por hora, vamos deixá-la em observação e ver se ela desperta. caso contrário, faremos novos exames. — concluiu a enfermeira enquanto deixava a sala.

  me sentei na cadeira ao lado do leito de rosie e a olhei por um instante. era angustiante vê-la daquela forma e não poder ajudar.

  jisoo chegou pouco depois e se assentou ao meu lado, estranhamente agitada.

  — oi! como ela está? — perguntou comprimindo os lábios.

  — não sabemos ainda. a enfermeira disse que o corpo dela funciona quase que normalmente mas sua respiração é fraca e o coração bate lento. — respondi encarando minhas mãos, ainda trêmulas.

  — o que será que aconteceu? ela desmaiou algumas vezes antes mas nada tão intenso... — jisoo disse sem me olhar.

  — acho que pode ser estresse. ela parecia bastante preocupada nas últimas semanas... — respondi relembrando os momentos não tão distantes.

  um instante de silêncio se deu até que jennie entrou no quarto de repente.

  — oi, oi! desculpa a demora... como está a rosie? algum sinal? — jennie perguntou com olhos desesperados.

  — ainda na mesma... ela está em observação... — jisoo respondeu em seguida.

  — vocês já comeram? saíram de casa cedo por causa de schedule, devem estar famintas...

  — ainda não... vim direto para cá. e você? — jisoo perguntou a jennie.

  — também não. comi uma maçã antes de sair de casa e mais nada.

  — vocês querem pedir algo para comer ou ir para casa tomar um banho? posso ficar aqui com ela... — disse fitando as duas.

  — tudo bem se pedirmos comida, jennie? — jisoo perguntou.

  — certo. vamos todas ficar aqui... — jennie respondeu com um sorriso assertivo.

  as duas pediram comida e eu belisquei um pouco do que comiam para repor a energia, embora não estivesse com fome.

  jisoo acabou cochilando na cadeira enquanto jennie vagava pelo instagram e eu jogava jogos de celular para me distrair e tentar fazer o tempo passar mais rápido.

  como num passe de mágica, rosie começou a mexer os braços em movimentos idênticos ao de um abraço. seu rosto parecia indicar que sentia tristeza.

  jennie me olhou por um instante e me chamou para que fossemos até rosie, que apertava os olhos como se estivesse chorando.

  — rosie? consegue me ouvir? — jennie perguntou segurando levemente o braço dela.

  jisoo despertou ao ouvir que falávamos com rosé e se juntou a nós.

  rosé parecia compenetrada no que quer que estivesse acontecendo em sua cabeça. não sabíamos se ela ouvia a voz de jennie, porque continuava envolvida pelos próprios braços e com uma expressão triste.

  até que suas mãos voltaram à cama e seus olhos começaram a se abrir. quase que no mesmo momento, a pele de rosé voltou a sua cor normal e ela nos olhou por um instante.

  — oi... — ela finalmente disse, confusa.

  um alívio instantâneo pairou sobre todas nós, dando fim à atmosfera tensa que tomava conta da sala por mais tempo do que deveria.

  conversamos um pouco, e embora rosie ainda estivesse claramente confusa com a situação, ver que estava conosco era maravilhoso.

  jisoo chamou o médico, que pediu alguns exames antes que pudesse dar alta à rosé. passamos o fim do dia esperando os resultados e, felizmente, tudo indicou que ela poderia ser liberada no mesmo dia.

  voltamos para casa e após descansarmos um pouco, decidimos pedir pizza, porque estávamos cansadas para cozinhar e especialmente porque é a comida favorita de rosé.

  fui tomar banho para ir dormir logo depois do jantar, já que aquele dia havia me cansado mais do que uma semana inteira de promoções.

  abri minha gaveta para pegar meu pijama e mais um susto: um envelope assinado por rosé. abri rapidamente e o choque veio assim que li o primeiro parágrafo.

  eu não acredito! não pode ser...

  corri para fechar a porta e evitar que alguém entrasse e me visse com a carta, pois eu certamente não saberia explicar porque estava a lendo ou o que faria depois disso.

 

 

querida roseanne | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora