Capítulo 30 - Antes da Tempestade

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É mais uma noite tranquila no bosque que muitos fantasmas frequentam e nenhum se manifesta. Perto dali, num local isolado de outros espectros, protegidos pelas habilidades desenvolvidas em anos no pós-morte, Kim conversa com alguém.

- Você disse que conseguiria a tempo mais gente. Eu fiquei longe dos seus para esse momento, então, por favor, não me faça me arrepender.

- Eu consegui alguns bem extraordinários. Coisa que você sabe, é difícil.

- Não se você é recheado de ódio. – Esboça o que poderia ser satisfação.

- Eles não são. – Kim Pontua firmemente.

- Aquelas boas e delicadas almas. – Diz num tom de escárnio.

- Agradeça por isso, Demétrius. Só tem uma coisa. – Kim levanta-se da pedra no qual estava sentada.

- O que? – Pergunta, mexendo em suas unhas, distraidamente.

- Não gostam de você.

...

- E quem é que gosta? – Martim continua discutindo com Félix, depois que Martim que quebrou, sem querer, o pote de uvas passas que o pai de Julie guardava.

- Uva passa é incrível no salpicão! – Félix rebate.

- Claro, e vai dizer que ama maçã na maionese também.

- Eu fico do lado do Martim – Se pronuncia Pedrinho.

- Ei, precisamos nos concentrar aqui. – Aponta Daniel para a roda de pessoas, composta pelos quatro integrantes da banda, Bia e Pedrinho.

- Temos mais um show na semana que vem, precisamos ser estratégicos para o caso de situações acontecerem. – Continua o cacheado.

- Tem sempre alguém atrás da gente. – Julie inclina a cabeça, fazendo careta.

- Até lá precisa tomar cuidado, algum de nós precisa acompanhar vocês quando saírem. – Félix relembra.

- E a liberdade foi pro brejo. – Bia lamenta, colocando uma almofada para tapar seu próprio rosto.

- Mas isso é coisa normal. Vocês estão sempre com a gente. – Pedrinho mostra confiança.

- Eu não gosto desse sentimento de perseguição. – Bia admite.

...

Enquanto todos os vivos entraram na casa, os fantasmas continuaram sua conversa particular na edícula.

- Kim nos falou que já estamos praticamente prontos. É a semana do teste.

- Daniel, eu tava pensando... precisamos de um plano B. - Félix começou, meio nervoso.

- Como? - O guitarrista o encara, curioso.

- Se tivermos sorte do Demétrius estar enfraquecido, podemos prendê-lo em alguma coisa.

- Mas se não der certo, e a gente, sabe, evaporar... – Prosseguiu Martim.

- Temos que preparar a Julie. – Completou Félix.

- Podemos dizer que é só pra tentar distrair.

- Vocês têm razão. Na verdade, eu também estava tentando encontrar um outro jeito.

...

Julie está contrariada quanto ao afastamento dos garotos. Eles contaram que precisariam manter-se longe depois do próximo show. Culpado por quebrar a promessa, guitarrista decide fazer valer esse tempo perto. Monta para os dois um piquenique perto do parque, mesmo não podendo comer, organiza todo o cenário encantador para ela. Os fantasmas já haviam contado dos poderes potencializados (omitindo a parte do motivo), coisa que ela achou incrível e assustador.

- O que eu queria é vocês por perto. Não me importo de parecer estranha conversando sozinha – Julie observa as folhas da árvore próxima. Respira meio

- Você nunca está sozinha, os outros é que não enxergam o que você pode. – Toca o queixo dela com a ponta de seus dedos. Ela sorri.

- Obrigada por acreditar em mim. Por ter subido naquele palco comigo.

- Você tem o dom, você quem soltou a voz. Eu só dei um empurrãozinho. Desde aquele dia nós todos tivemos que superar nossos medos. Obrigado por ter me visto. – Entrelaçam suas mãos, mirando um ao outro ternamente. Havia mais naqueles olhares do que qualquer coisa. Admiração, gratidão, carinho, amor.

- Eu tenho uma dúvida – A garota morde o lábio inferior, ponderando se deveria dizer – Nós nunca dissemos que estamos namorando.

Daniel ri. Aquilo era verdade, apesar de ser simples nenhum dizia que era alguma coisa, eles só eram. Mas percebe a confusão dela. Por coincidência, ele tinha algo perfeito para o momento. Ele a entrega uma caixinha.

Dentro um colar com pingente de estrela de seis pontas. Atrás, uma inscrição: J & D.

- Isso é tão...

- Ridiculamente romântico.

- Não há nada de ridículo nisso! Pelo contrário. É lindo! - Ela pula em cima do fantasma o abraçando, depositando um beijo em seus lábios. Desequilibrados, caem na grama e riem alegres.

UNSEENOnde histórias criam vida. Descubra agora