Capítulo 8 - Fim de Semana

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É claro que ela ficou apavorada com o Demétrius. Mas ter que passar um final de semana no sítio do tio Alberto com o pai a deixa inquieta. Quer dizer, ela adorava isso quando era pequena. Só que agora? Bom, pode chamar de preguiça ou tédio. Problema é que ela não consegue mesmo deixar de ir, não quer decepcionar o pai e tudo o mais.

- Nosso próximo clipe vai ser gravado em breve. – Félix a lembra.

- Você não pode, sei lá, fingir que tá doente. – Martim fazia cara de súplica.

- Bem que eu queria, mas sei lá, se a gente quiser melhorar o figurino para os nossos próximos shows e comprar um microfone bom, precisamos de um dinheirinho extra.

- Vai mesmo conseguir dinheiro com suborno emocional? Eu sabia que você tinha potencial.

- Não enche, Daniel!

- Sabe, você poderia levar o Martin, ele adora bezerros – O guitarrista aponta para o amigo.

- Ha, ha, ha, Daniel. Eu só me descuidei uma vez com um.

- Que história é essa? – Interessada na história, Julie senta na beira do sofá, colocando as mãos no queixo esperando ouvir o conto.

- O Martin queria fazer carinho num bezerro, na casa da avó dele, mas acabou sendo perseguido. – Félix explica, sentado perto do sofá ao lado de Jimmy.

- Você correu de um bezerro? – A garota se diverte.

- Ei, em minha defesa, eu acho que ele era meio psicopata. – Todos riem.

- Sobre o dinheiro, a gente podia arranjar um trabalho também, se for o caso. – Félix muda de assunto.

- Vocês? Trabalhando? – Pega uma almofada próxima e a coloca entre os braços.

- Mortos, mas capazes – Martim sinal positivo com as duas mãos.

- É podemos procurar, temos tempo. – Confirma Félix.

- Claro, claro. Enquanto isso, eu terei o final de semana mais tedioso possível. – Suspira jogando a almofada em Félix, que joga em Martim, que joga em Daniel. E assim começam uma guerra de almofadas.

...

No outro dia, Julie e seu pai arrumavam as coisas para sair.

- Vocês precisam de tudo isso pra um fim de semana? – Os cachinhos de Daniel brilharam na luz da manhã.

- Eu levaria minha casa se fosse possível.

- Não sei pra que levar repelente, o seu entusiasmo pode afastar qualquer um a menos de dez metros. – Daniel comenta, e Jimmy late para ele.

- E é só você falar que alguém fica irritado.

- Vocês vão mesmo levar o Jimmy? – Martim aparece também na sala, jogando uma bola para o cachorro.

- Ele podia ficar com a gente. – O baterista parece desapontado.

- Tá muito apegado ao cachorro, Félix, deixa ele respirar um pouco sem você. – O guitarrista solta.

- Estamos devendo ar livre pro garoto. Mas logo estaremos de volta. Aproveitem pra espairecer, ou sei lá o que vocês fazem quando não estão por aqui.

- Filha, tá falando com quem?

- Ah, pai, é a bia no telefone – Julie grita para o pai que está do lado de fora colocando as coisas no carro.

- Traz o Jimmy e tranca a porta, nós já vamos.

- Tá. Tchau, gente. – Abraça cada um deles. Tranca tudo, entra no carro com Jimmy e segue viagem. Da porta, Daniel, Martin e Félix olham o carro se distanciar.

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