Capítulo 19 - O Presente

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Bia está animada, já havia batido energicamente na porta inúmeras vezes, Julie desce as escadas o mais rápido que pode. Abrindo a porta, a amiga mostra um largo sorriso.

- Viu o que saiu? – Pergunta para Julie, esfregando as mãos uma na outra.

- O quê? – Julie franze o cenho.

- O Peche vem pro Brasil! – Julie arregala os olhos.

- Não! É turnê da banda dele?! – Elas pulam de emoção

- Não, estão dizendo que ele vai fazer um festival! Imagina vocês tocando pro Peche!

- Ele é bom? – Martim pergunta também animado, logo em seguida os dois fantasmas aparecem ao seu lado.

- Ele é demais! - Julie segura o baixista pelos ombros.

- Alguma coisa mais específica sobre o evento e as inscrições? – Daniel está empolgado, um festival de música seria uma oportunidade maravilhosa.

- Não tem nenhuma informação, parecem mais rumores. No entanto, eu acho que isso é pra criar expectativa. Vocês têm que se preparar.

- Temos alguns meses pela frente. – Félix pontua, colocando as mãos nos bolsos.

- É. Só que hoje, o dia todo é seu! Julie! – Bia tira uma língua de sogra do bolso e assopra na cara da amiga, também pega um chapéu roxo com glitter e plumas da mochila.

- Hora da foto zoada! – Falam juntas. Daniel, Martim e Félix riem da bobagem que elas fazem. Depois, um por um, felicitam a cantora da banda. As meninas saem para a escola. Tudo parece perfeito, porque mesmo tendo aula, os estudantes são liberados mais cedo. Bia convenceu Julie a dormir na sua casa naquela noite, mas, claro, era só um truque para ela não saber dos preparativos da festa.

...

Enquanto os fantasmas ajudam – discretamente, sem serem vistos - o pai de Julie, Pedrinho, Shizuko e outros que decidiram participar da organização, refletem sobre alguns assuntos.

- Eu gostava dessa parte de estar vivo. Estar com as pessoas, nesse algazarra – Martim suspira, observando os outros.

- É, as vezes eu também. – Félix faz biquinho e coloca a mão no queixo.

- O que vocês fariam, agora, se estivessem vivos? – Daniel encara seus amigos com curiosidade. Eles pensam um pouco. Martim é o primeiro a responder.

- Ah, eu comeria pamonha. – Sorri pensando em uma deliciosa pamonha.

- Eu aprenderia a dirigir carro, eu tinha pavor. – O baterista balança a cabeça, e um arrepio invade seu corpo fantasmagórico.

- Você não sabe? Tá bom, isso é um desafio para mim. Vou te ensinar. – Martim estufa o peito e faz continência breve.

- Eu dispenso. - Félix faz sinal de pare - E você, Daniel? – Se vira para o guitarrista que parece perdido em seu próprio mundo.

- Eu ficaria com a Julie – Sua voz está mansa, melancólica. Pondera sobre seus sentimentos. Eles são bons, é tudo o que não sentiu por qualquer pessoa. Estar apaixonado o deixa numa situação tão vulnerável, admitir muito mais. Mas, o que mais importa? Não estar vivo não o impede de sentir nada, então, dane-se. Vai demonstrar o quanto ela significa para ele, sem precisar dizer diretamente, mas em cada detalhe, mesmo que ela nunca corresponda. E isso vai começar agora, pelo seu aniversário. Precisa de algo especial.

...

Ele já tinha tudo planejado. Martim e Félix estavam de acordo, seria algo que a garota não esqueceria. No meio de toda a bagunça refeita na edícula, ele vê o CD do instrumental da música que escrevera sobre seu desamor, a letra, escrita em papel, estava em algum lugar escondida. Talvez usasse um dia. No momento, preferia guardar.

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