Escrevi minha vida para tentar entender o acidente que é existir. Rabisquei meus momentos para romper o silêncio e a solidão. Revelei-me. Uma entrega desmedida e desenfreada. As piores verdades e as melhores mentiras escancaradas em cada poema.
Aqui meu peito goza, agoniza, ama, luta e sangra exposto.
Não sei o que dizer sobre o livro, porque falar sobre ele é falar sobre mim. E nós nunca sabemos discorrer sobre nós mesmos. Prefiro me esconder em personagens e em narrativas.
As discussões nos poemas estão em torno de um eu que não se conhece, não se percebe e persegue as poucas coisas que quer. Um eu que busca encontrar seus sonhos, seus gostos, sua inspiração.
Um eu que se perde na calmaria e se encontra na tempestade. Um eu depravado em sua própria loucura. Um eu perdido nos seus conflitos internos, mas imerso nas guerras do mundo.
Essas linhas me fizeram companhia por anos e a ideia de publicá-las era animadora enquanto remota. Mas agora, que não é mais só uma ideia, o sentimento é dual.
Você publicaria seu diário? Revelaria seus segredos? Abriria seu coração para quem quisesse o ler? Prontificar-se-ia nua/nu perante observação e opiniões alheias?
Os poemas aqui reunidos são feridas abertas esperando a cicatrização, tumores adormecidos que eclodem na trivialidade de ser e sentir sem disfarce. Divagações existenciais escritas com álcool, lágrimas e crises.
Confissões, dialéticas e dilemas tolos na fragilidade dos dias que devoram uma estabilidade emocional quase inexistente.
Ouse aventurar-se e encontrar a si mesma/mesmo. Ouse adentrar no meu, no seu, no nosso Calabouço. Mas, cuidado, é difícil sair.
Iara.
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Calabouço - Poesia
PoetryPeço desculpas pelas loucuras, depravações e amarguras contidas neste livro. Este é o diário de uma jovem refém do tempo, aprisionada em sua própria mente.