A porta

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A porta

por onde sairei

e a vida me habitará

é um poema

concreto

cubista,

incerto,

que usa abusa acusa

a palavra como faca

a forçar a entrada

em meu mundo.

É a beirada

do precipício,

o início do fim,

o estopim

e a fuga

das alegrias e absurdos.

Os números

ainda (me

codi) ficam

entrelaçados

aos braços

de meus suspiros

mais sonhadores

e infantis,

ainda decifram

meus crimes

e pecados

alheios, consumidos

e consumados,

mas sem todo aquele antigo esforço.

Há um poço

de exatidão

em cada

pedaço

antes humano

desse meu ser

conflitantemente

irritante

e um mar

de humanidade

em cada cálculo inexato

que me

(des) construirá.

Acalme o peito

abrace os segredos

cruze os dedos

liberte os anseios

e com o máximo de respeito

tire os sapatos

antes de aqui

entrar. 

Calabouço - PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora