Ciclos

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Te darei um livro.

Te escreverei poemas.

Te tocarei com penas

e quando quiseres, com pedras.

Beberei teu veneno

trancarei teus tormentos

dançarei nua em teus braços

gemerei alto nos quartos

e nos teus ouvidos.

Sorrirei todas as manhãs.

Amarei-te a todo instante

e todos os meus versos gritarão teu nome.

No fim, contudo,

como tudo acaba e acabará,

sumirei sem dar pista, egoísta,

levando apenas as marcas físicas

da despedida,

construindo poesia

que será recitada para outra alma

devastada e perdida

que cedo ou tarde nessa vida

encontrarei ou me encontrará.

De fato, tudo acaba

mas, meu amor, tenha calma,

existem ciclos

– o mundo nem sempre é um moinho.

Calabouço - PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora