Flor

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Despi-la

pétala por pétala

sem arrancar

nenhuma delas,

minha bruta,

flor do querer.

Esse é meu mantra

que te chama

e te solta.

Que sejas

tão tua

a ponto de ser

minha

e de quem

desejar.

Desabrocha

na primavera

e supera

quantas guerras

forem necessárias,

estarei aqui

ou mesmo lá.

Me chame, nega

me chamegue,

marcharemos lado a lado

na rua ou no quarto

reivindicando

nosso direito

e dever

de resistir e lutar.

Ame o universo

a rebeldia

a sororidade,

tudo o que puder

e se quiser, se der, me ame

mesmo que de longe.

Perto ou distante

nenhum quilômetro

destruiria

o que sentimos,

rimos das rédeas

sabendo

que nenhuma delas

pode nos definir

ou limitar esse furacão.

Você é livre,

é doce,

gentil, mas firme

e pode aguentar a existência sem mim.

Posso viver sem ti.

Damos as mãos

não por necessidade

ou obrigatoriedade;

nós damos, aos gritos de prazer,

porque escolhemos ser

as libertárias que somos.

O sentimento é marginal,

imoral, mundano,

é contra os planos

da sociedade.

Mas por poesia,

resistência e arte

responderemos em liberdade

ao crime de amar. 

Calabouço - PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora