Tempo
perdido
escondido
em tantas crises existências,
mas ainda sou aquela menina
que acredita
na beleza
e na metafísica
que há de existir
numa suposta
sinceridade
hu-ma-na.
Na matança
por capital e lucro
serei condenada
ao absurdo
por lutar pela paz,
mas, sostô, tanto faz,
não há incômodo
em ser condenada!
Vagarei pelas estradas
gritando nas calçadas
que fui
[in]coerente
até o fim.
Nesse sangue mestiço
tenho o DNA
de mil poetas aflitos
com muitos gritos
calados, absorvidos
e humilhados
num navio negreiro.
Mesmo numa realidade
em que tudo
é mais do mesmo
com emoções de plástico
e amor sintetizado,
posso dizer e digo-lhe:
conheço-me.
Essas feições negras
acarretam em meu peito
a destreza
de não ser de futuro,
mas de presente;
de não querer
estar ausente
na minha própria vida.
Posso nunca ser chamada de poeta,
mas minha alma poetiza.
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Calabouço - Poesia
PoesíaPeço desculpas pelas loucuras, depravações e amarguras contidas neste livro. Este é o diário de uma jovem refém do tempo, aprisionada em sua própria mente.