Espera II

27 7 3
                                    


O amor é lindo

enquanto somos jovens e loucos.


Depois disso, alguns poucos

depositam esperança

nessa conflitância de emoções.


Quando tu me cantavas canções

tremia cada molécula,

moleca

por suas ruindades apaixonada.


Eu arrumava a casa

sempre que avisava

que viria

e agora

que nossos sofrimentos são lembrança

fútil, fria

espero o dia em que eu possa

finalmente

te esquecer.


Enquanto isso

limpo o banheiro

guardo os isqueiros

lavo a louça

dobro a roupa

a-n-s-i-a-n-d-o

que lembres de alguma coisa

e que decida buscar para me rever.


Passaram-se semanas,

M

E

S

E

S

e nenhuma mensagem,

nenhum interesse

nenhuma notícia

ou sinal de fumaça

NENHUMA TRANSAÇÃO ENGANADA.


Mascarastes melhor a minha falta

do que mascarei a sua,

a verdade é crua

e ainda não sei lidar.


Desliguei o telefone

noite

após

noite

de embriaguez

e apaguei seu número

toda vez

que pensei em ligar.


Rasguei TODOS os poemas que te fiz,

e infeliz

nunca parei de te escrever.

Profanei nossos retratos

e em meio aos retalhos

nunca cortei seu rosto.


Esqueci teu gosto

e sem esforço

cada sinal do teu corpo

está guardado

na memória.


A crueldade dessas horas

me joga

no devaneio

de um possível

e místico

[re]começar.


Mas, sem ilusões,

repito o que é verídico:

a distância é a mesma,

eu também não vou

te visitar.

Calabouço - PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora