O amor é lindo
enquanto somos jovens e loucos.
Depois disso, alguns poucos
depositam esperança
nessa conflitância de emoções.
Quando tu me cantavas canções
tremia cada molécula,
moleca
por suas ruindades apaixonada.
Eu arrumava a casa
sempre que avisava
que viria
e agora
que nossos sofrimentos são lembrança
fútil, fria
espero o dia em que eu possa
finalmente
te esquecer.
Enquanto isso
limpo o banheiro
guardo os isqueiros
lavo a louça
dobro a roupa
a-n-s-i-a-n-d-o
que lembres de alguma coisa
e que decida buscar para me rever.
Passaram-se semanas,
M
E
S
E
S
e nenhuma mensagem,
nenhum interesse
nenhuma notícia
ou sinal de fumaça
NENHUMA TRANSAÇÃO ENGANADA.
Mascarastes melhor a minha falta
do que mascarei a sua,
a verdade é crua
e ainda não sei lidar.
Desliguei o telefone
noite
após
noite
de embriaguez
e apaguei seu número
toda vez
que pensei em ligar.
Rasguei TODOS os poemas que te fiz,
e infeliz
nunca parei de te escrever.
Profanei nossos retratos
e em meio aos retalhos
nunca cortei seu rosto.
Esqueci teu gosto
e sem esforço
cada sinal do teu corpo
está guardado
na memória.
A crueldade dessas horas
me joga
no devaneio
de um possível
e místico
[re]começar.
Mas, sem ilusões,
repito o que é verídico:
a distância é a mesma,
eu também não vou
te visitar.
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Calabouço - Poesia
PoetryPeço desculpas pelas loucuras, depravações e amarguras contidas neste livro. Este é o diário de uma jovem refém do tempo, aprisionada em sua própria mente.