Tive um surto
absurdo
de sinceridade
e traí
a pessoa que tento ser,
é impossível
negar-me
por muito tempo.
Posso não saber
o que sou
mas sei
o que não sou
e me cansa
mentir pra mim.
Uma hora explodo:
grito, gemido, choro
e apesar da censura interna
convulsiono liberdade
fazendo dela
a substância
momentânea
de vida.
No fim tudo é momento,
tenho
ou penso que tenho
a certeza que morrerei
ante de encontrar
um objetivo sincero,
sempre escrevo
poemas boêmios
antes de viajar.
Marco o instante
que saio pela porta
ansiando o retorno
com um sorriso nervoso
temendo que nunca ocorra
imaginando os lugares
que devorarei
- sei
que também serei
devorada.
Partir e ficar
é um dilema
recorrente
que recorta a mente
cética e metafísica.
As feridas
parecem
nunca se curar,
estes dedos
cansados
quebrados
acidentados
só esperam
o minuto exato
de segurar uma caneta preta,
só há beleza
em renascer na poesia.
Essas linhas
parecem tão vazias
diante da dor
que sentimos
no mundo,
o silêncio
é absoluto,
ensurdeceDOR.
O golpe me rompe
e as ruas me tomam,
tomo as ruas
pela pura e obscura
obrigação de persistir.
Todo dia
é um 7 contra 1
não tem jeito,
meu coração
bate/apanha
no lado esquerdo
da rua e do peito.
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Calabouço - Poesia
PoetryPeço desculpas pelas loucuras, depravações e amarguras contidas neste livro. Este é o diário de uma jovem refém do tempo, aprisionada em sua própria mente.