O5 - empurrando a lança ao seu lado (de novo e de novo e de novo)

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! ! ATENÇÃO ! !

O capítulo a seguir tem os seguintes possíveis gatilhos, você foi avisado.

— Morte.
— Representações de luto.

capa feita por @/trix_kitku no twitter

Ele segurou Tommy por a primeira vez em um quarto iluminado por o Sol.

Ele havia chegado mais cedo do que o esperado era uma coisa tão pequena, muito menor do que seu irmão tinha sido. As parteiras disseram que havia uma chance de perdê-lo em uma hora, e sua esposa embalou o recém-nascido contra seu peito, soluçando contra sua pele pálida.

"Meu bebê," ela chorou, "meu pequeno guerreiro. Seja corajoso, Tommy, seja forte."

Mas Tommy estava tão parado nos braços de sua mãe.

Philza estava ao lado de sua cama, a vendo arrulhar e chorar com um bebê que não se mexia. Ele viveu um milhão de vidas, e todas as suas misérias combinadas não podiam ser comparadas à dor de estar de luto no leito de nascimento de seu filho. E à medida que os minutos passavam, sem se importar com o abismo crescente dentro de seu peito, ele descobriu que não conseguia nem chorar. Era uma tristeza muito grande para lágrimas, uma dor infinita demais para medir.

E quando sua esposa o ofereceu o bebê, para lhe dar uma chance de dizer adeus, apesar de seu próprio desespero, Philza fez algo que ele nunca se perdoaria. Ele hesitou.

Ele olhou para o silencioso pacote em seus braços, morto antes mesmo que pudesse viver, e sentiu a fratura em seu coração crescer. Este era o destino da humanidade, eventualmente. Não importava se Tommy viveria até o próximo ano, a próxima década ou a próxima respiração, ele ainda morreria um dia. Amargo e entorpecido e odioso para o mundo, Philza se perguntou se seria melhor se Tommy morresse agora, antes que Phil pudesse começar a amá-lo mais. As pessoas lamentavam a beleza de uma rosa murcha, mas um botão que não desabrochava causaria uma dor no coração mais silenciosa.

Mas Tommy não era uma flor. Ele era Tommy. Ele era o filho de Phil, e ele o amava agora tanto quanto poderia amá-lo mais tarde, embora o mais tarde talvez nunca viesse. Mas seus braços eram feitos de pedra. Eles não se levantariam, por mais que ele desejasse. Se ele segurasse Tommy agora, ele sabia que nunca mais o deixaria ir. Ele seguiria seu bebê até seu túmulo.

E então ali ele estava, esgueirando-se entre os guardas e as parteiras, passando sob a atenção de um deus em luto. Ele escalou a cama, sorrindo para sua mãe, aparentemente desatento—ou imune, como muitas vezes as crianças de olhos brilhantes eram—à angústia que revestia o próprio ar do quarto.

"Este é meu irmão?" Wilbur perguntou, inclinado sobre o bebê nos braços de sua mãe. "Posso segurá-lo, mãe?"

Um nó se formou na garganta de Phil. Ele se virou antes que Wilbur pudesse olhar para seu rosto, e quando ele virou de volta, Wilbur havia Tommy na gentil curva de seus braços. A luz do sol inclinada sobre eles, e Phil queria lembrá-los daquele jeito para sempre: seus dois lindos filhos, imortalizados em ouro. Os cachos castanhos de Wilbur esconderam sua expressão quando ele se inclinou sobre o bebê, murmurando algo que Phil quase não entendeu.

E o bebê começou a chorar.

Wilbur se afastou, espantado, seu rosto contraído de admiração. "O que foi?" ele perguntou freneticamente. "Eu fiz algo errado?"

"Não," Phil soluçou, caindo de joelhos na frente dos três—sua adorável, sorridente esposa, seu gentil, desnorteado Wilbur, e seu alto, estridente Tommy. "Você fez tudo certo, meu garoto. Você é perfeito."

Agora Wilbur segurava seu irmão—não mais um bebê, mas ainda tão, tão pequeno—em seu peito enquanto eles andavam por o quieto, vazio acampamento. Wilbur falou as palavras que falara por a primeira vez a seu irmão, todos aqueles anos antes, de novo e de novo, como um encantamento ou uma oração para trazê-lo de volta à vida mais uma vez.

Passerine | Sleepy Boys IncOnde histórias criam vida. Descubra agora