Capítulo 6: Será que tem como piorar?

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Meia hora depois de gastar calorias zanzando pelo QG, eu estava frustrada. 

Nevra e Valkyon estavam treinando. Leiftan parecia ter sumido do nada. Pensei na minha última alternativa: Ezarel, o elfo arrogante. Não foi difícil encontrá-lo, ele estava na sala de alquimia debruçado sobre alguns livros. O chefe da Guarda Absinto soltava um grande e preguiçoso bocejo quando eu entrei.

— Ei, Ezarel! — eu o chamei.

— Sinto muito, não posso falar agora. — o elfo me recebeu com um grande sorriso sarcástico. — Eu estou ocupado... Respirando.

Revirei os olhos, ignorando sua fala.

— Eu preciso de ajuda. — engoli em seco. — Um garoto do refúgio perdeu o mascote e eu me ofereci para ajudar a procurar. É um Lapysa, mas não sei exatamente como encontrá-lo.

Ezarel sorriu debochadamente enquanto se ajeitava em sua cadeira.

— Engraçado... até parece que você sabe do que está falando.

— Mas eu sei! — juntei as sobrancelhas, indignada.

— Ah, é? Pode me dizer o que é de fato um Lapysa, por favor? — o elfo perguntou com um interesse repentino. Comecei a me questionar se o sorriso repuxado no canto da boca era parte do visual dele.

Suspirei alto.

— Um Lapysa é... Hum... — eu olhei para o alto, tentando encontrar as palavras certas. — É tipo um cachorro que voa.

Ezaral ficou em silêncio, a cara séria, somente para alguns segundos depois explodir numa gargalhada.

— Boa busca! — ele se levantou e foi em direção à saída. Eu fui mais rápida e segurei em sua veste. — NÃO. ME. TOQUE.

— Caramba... — meu coração saltou pela boca. Eu tinha esquecido dessa pequena fobia aleatória do meu chefe. — M-me desculpa... Eu... Eu só queria ajuda.

— Não é me arrastando por ai que vai consegui-la. — Ezarel ajeitou suas vestes, fazendo uma cara de indiferença para mim.

— Mas que droga! — grunhi, sem acreditar que minha busca de trinta minutos seria em vão. Permiti que os sentimentos de frustação, raiva e ódio assumissem o controle da minha mente. Estreitei os olhos, me contento para não soltar um grito pior que o choro do Mery ali mesmo. — Você acha que eu estou aqui porque gosto da sua companhia??? Eu escutei o que você disse sobre mim hoje cedo e aquilo me magoou muito, então pode apostar que você é a última pessoa que eu gostaria de ver na face desse mundo!

Eu respirei fundo para controlar o meu tom de voz que subia a cada palavra.

— Sei que não gosta de mim. — silabei, me limitando a fazer uma expressão de nojo. — E eu muito menos de você. — avancei um passo para frente, fechando as mãos em punho. — Acontece que eu acabei de chegar aqui e quis fazer algo útil para não me sentir uma completa idiota. Só que eu não sei nada sobre esse seu mundinho mágico e estúpido e colorido, então Kero me falou para procurar por alguém para não me perder lá fora. Mas adivinha só? — eu ri sarcasticamente — Todos os outros rapazes estão ocupados! Só me resta você.

Ele não respondeu. Me questionei se ele sequer tinha prestado atenção. Contive a vontade de o agarrar pelas suas vestes e o sacudir. Pisquei por um longo momento para invocar o que restava do meu auto-controle.

— Acredite, — eu continuei, dando mais um passo para frente e forçando-o a olhar em meus olhos. — se eu estou aqui, é porque realmente preciso da sua ajuda.

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