Kalina
Dormi por quase dois dias seguidos. Se alguém tinha notado, não comentou. Quando eu acordei, Bambi estava irritado — o que me lembrou de conseguir mais moedas para comprar ração para ele. Após o café da manhã, descobri que Miiko estava ocupada demais resolvendo os problemas causados pelo último ataque e as investigações sobre minha ligação com Eldarya ficariam para depois.
Passei na enfermaria para ver Ewelein, que disse estar tudo certo com meus níveis de maana. Além disso, a enfermeira me entregou uns vidros com um conteúdo semelhante a xaropes, dizendo que eram os manipulados para suprir as minhas necessidades humanas. Voltei para meu quarto perto do meio-dia e notei que haviam deixado algo na porta. Uma pequena sacola de moedas!
— Por ajudar a recuperar o mascote do Mery. Ezarel. — sussurrei. Arqueei as sobrancelhas, surpresa pelo gesto. Dei de ombros e enfiei-a no bolso, dando meia volta alegremente para ir até o mercado. Decidi voltar e ir até o quarto para levar Bambi junto comigo.
O filhote, parecendo saber o que iríamos fazer, caminhou todo feliz ao meu lado. Com as moedas, além dos potes para água e comida, consegui comprar mais ração para Bambi. O alimentei ali na cidade mesmo, na sombra de uma grande árvore do refúgio. Depois, o enviei para explorar e fui até as duchas para tomar um banho.
E então eu descansei.
O relógio marcava três horas da tarde quando resolvi subir até a biblioteca. Ela estava aberta dessa vez. Kero estava lá e me recebeu animado, me levando até uma mesa com uma pequena pilha de livros e pergaminhos escritos em inglês que ele separou para mim.
— Alguns desses pergaminhos foram manuscritos especialmente pelos Guardiões. — explicou Kero, enquanto eu me sentava numa das cadeiras da mesa. — Uma das tarefas deles é traduzir da língua original para a língua comum. E também a dos humanos, da Terra.
— Uau, que legal! Obrigada, Kero. — agradeci.
— Disponha, vou deixar você ler em paz. — Kero me deu um grande sorriso. Ele me entregou uma bolsa de pano. — Aqui: pode levá-los até seu quarto, se quiser. Mas por favor, se o fizer assine uma das fichinhas no balcão e devolva em menos de uma semana.
Assenti para Kero, que se afastou em passos silenciosos. Suspirei, passando o olho em tudo. Peguei um pergaminho bem antigo.
— Vejamos: lista de raças existentes em Eldarya... — sussurrei. — Aengels, azizas, brownies? — franzi a testa. — Bugbears, dragões, elfos — revirei os olhos ao lembrar de Ezarel. — Eríneas, faeries, fenghuang, gnomos, golems, hamadríades, híbridos, kappas, kitsunes, lobisomens...
Arqueei as sobrancelhas e inclinei a cabeça, me questionando se os irmãos Grimm poderiam de alguma forma saber sobre Eldarya. Pisquei o olho para espairecer e voltei a minha atenção para a lista.
— Lorialets, leprachauns, ninfas, ogros, sátiros, sereias! — arqueei as sobrancelhas. — Nossa. Ok, vampiros e blá blá blá. Depois eu vejo isso com mais calma. — expirei e guardei o pergaminho na cesta.
Meus olhos saltaram para o próximo livro que Kero havia separado e pareceu perfeito. A história de Eldarya simplificada. Então eu abri e li e aprendi.
Os seres humanos e os faeries viviam juntos e em harmonia na Terra com a magia, ou maana, circulando livremente entre eles. Porém, só os faeries tinham a habilidade de manipular o maana. Com o tempo a relação entre as duas espécies se desestabilizou. Primeiro, houve um tipo de apartheid: os seres humanos acharam melhor não haver miscigenação. Qualquer relação entre humanos e faeries era proibida.
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Eldarya.
FanfictionA vida de Kalina fica de pernas para o ar quando ela vai parar em Eldarya, um mundo mágico onde tudo parece ser possível. Agora ela precisa encontrar uma maneira de voltar para casa ao mesmo tempo em que descobre mais sobre suas verdadeiras origens...