Os próximos sete dias se passaram de forma razoável. Eu fui escalada para pequenas missões, como: buscar ingredientes simples de alquimia na floresta, ajudar Evelin na Loja dos Mascotes, ajudar na pintura de um comércio que havia sido danificado durante a última invasão... Nada muito perigoso ou complicado demais para uma "humana inútil", como diria o digníssimo chefe da guarda Absinto.
No Q.G, as pessoas estavam agitadas. Sete dias se passaram, mas nada dos rapazes. Nenhuma outra notícia. As fofocas corriam soltas. E eu tentava não dar ouvidos... Mas era difícil quando a ansiedade tomava conta dos meus pensamentos. Eu estava literalmente à beira de um colapso. Não aguentava mais formular cenários na minha cabeça.
Foi então que o primeiro dia de uma nova semana chegou, e, com ela, uma pequena comoção de pessoas se aglomerando na entrada do Q.G. Eu estava terminando de regar as plantas de Evelin quando percebi o fuzuê. Me despedi um pouco apressada para ir ver o que se tratava e, para minha surpresa, era a chegada da comitiva da missão dos rapazes.
Eles já estavam se comunicando com a população e eu havia chegado um pouco tarde demais para conseguir entender a primeira parte da mensagem.
— ...e a Huang Hua não pôde nos acompanhar. — Leiftan esclarecia em voz alta para os curiosos. — Mas ela virá assim que possível. Vocês saberão quando for a hora.
A notícia foi o suficiente para fazer com que as pessoas se dispersassem. Algumas resmungando, outras ansiosas e até mesmo entusiasmadas. Será que ela era como uma celebridade aqui? Dei de ombros, indo encontrar os rapazes. Será que eu deveria abraçá-los?
Não seja estúpida. — a voz racional da minha mente. — Vocês conviveram juntos por algum pequeno tempo, não é como se fossem melhores amigos. Você se dá bem com alguns, só isso.
— Ei, você! — Nevra bagunçou meu cabelo.
— Ah! Oi! — sorri. — Bom ter vocês de volta.
— Olá, Kalina. — cumprimentou Leiftan. — Você parece melhor.
— Obrigada. — assenti para ele. — Acho mesmo que aquelas olheiras e a pele pálida não combinavam nadinha comigo.
— Bom saber que seu corpo se adaptou ao maana. — Valkyon disse.
— A Ewelein me ajudou bastante nisso. — eu afirmei. — Ela é maravilhosa no que faz.
— Eu não ganho nenhum elogio? Nem um simples "Obrigado"? — indagou Ezarel, se juntando ao grupo. Nós começamos a caminhar pela trilha dos arcos. — A Ewelein e eu trabalhamos duro para criar as poções que estão te ajudando a ficar de pé aqui.
Arqueei as sobrancelhas para ele.
— Obrigada, digníssimo, magnífico, oh! Excelentíssimo Ezarel... Por ser maravilhosamente esplendido e se esforçar tanto para que nossos corpos humanos tão frágeis e inúteis não pereçam graças ao maana. — eu disse com uma voz cordialmente irônica.
Os rapazes e inclusive Ezarel explodiram numa gargalhada.
— Não há de quê. — respondeu o Elfo, com um sorrisinho de canto nos lábios.
— Como foi a missão? — eu perguntei enquanto chutava uma pedrinha do caminho.
— Tudo correu bem, como foi previsto. — o chefe da Absinto respondeu. — É uma pena que Huang Hua não tenha vindo conosco. Prolongamos nossa viagem na esperança que ela nos acompanhasse durante a nossa volta, mas não foi possível.
— Entendo. Será que você teria um tempinho para conversarmos à sós? — perguntei por impulso, me arrependendo disso meio segundo depois.
Agora, todos do grupo encaravam a mim e Ezarel com uma sobrancelha erguida ou ao menos franzida.
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Eldarya.
FanfictionA vida de Kalina fica de pernas para o ar quando ela vai parar em Eldarya, um mundo mágico onde tudo parece ser possível. Agora ela precisa encontrar uma maneira de voltar para casa ao mesmo tempo em que descobre mais sobre suas verdadeiras origens...