Capítulo 3: Absinto.

66 7 3
                                    

— Kero??? — abri a porta da biblioteca e entrei, receosa.

— Ah! Você está ai. Me d-desculpe! Eu demorei mais do que pensava para encontrar essa belezura. — ele apontou para um grosso livro que estava em cima de uma mesa.

— Sem problemas. — tranquilizei-o.

— É... Você tem algum talento em particular? — perguntou ele.

— Bem... não acho que minhas habilidades mundanas sejam úteis nesse mundo. — arqueei as sobrancelhas.

— Uhm. É verdade. — Kero sorriu sem graça — Vamos começar, então...

Ele me fez algumas perguntas um tanto quanto... estranhas.  Eu tentei responder tudo de acordo com as coisas que eu gostava no mundo humano e no final das contas, fazer aquilo foi mais fácil do que eu pensava. Quando terminamos, Kero falou sobre os Mascotes que os habitantes tinham e prometeu que me daria um como presente, mas que para isso eu teria que responder outro questionário – para encontrar o que melhor se enquadra com o meu perfil. Fiquei feliz com a ideia de ganhar um cachorrinho, até que ele entrou novamente na sala, com um... ovo.

Como não sabia se ria ou chorava, eu apenas perguntei onde estava meu bichinho. Ele pareceu não gostar da minha "piada" e então me explicou direito como eram os mascotes desse mundo. Aparentemente, você tinha que chocar um ovo primeiro, para depois ganhar o mascote. Isso significava comprar uma incubadora, o que não estava nos meus planos. Eu sequer tinha um centavo no bolso!

— É... Kero, vocês aceitam dólares aqui? — eu interrompi o faeliano, que me explicava onde eu deveria ir para conseguir uma incubadora. — De qualquer forma, eu estou sem condições para comprar essa tal de incubadora...

O rapaz arregalou os olhos e ajeitou as armações de seu óculos.

— Dólares? — ele perguntou, as sobrancelhas franzidas em confusão.

— Sim! — afirmei — É o dinheiro que as pessoas usam no meu mundo.

— Ah é! Eu me esqueci disso, totalmente! — ele fez uma careta. Depois de uns segundos, ele pegou um papel e começou a rabiscar algo. — Aqui nós usamos os purreuros. Basicamente são moedas de ouro, prata e bronze. Você pode ganhá-las ao prestar serviços aos Purrekos, que são os donos do epicentro comercial de Eel. Também foram eles quem criaram o banco central. E pode deixar que eu vou te dar a incubadora de presente.

— Oh... não precisa, de verdade. — eu gesticulei, tentando fazer ele mudar de opinião.

— Aqui: vá até a loja dos Mascotes e entregue seu ovo para o Purreko junto com esse bilhete e eles cuidarão do processo para você. — Kero sorriu e me estendeu o papel, que eu aceitei com um aceno.

 Repassei mentalmente as novas informações que eu adquiri. Purrekos. Sistema econômico. Banco central de Eel. Parecia bem simples.

— Muito obrigada por tudo, Kero! E pela incubadora também. — agradeci enquanto saia da biblioteca com o ovo em mãos.

— Hahaha, não tem de quê! Até logo. Assim que eu encontrar o gabarito e somar os pontos, eu te procuro para dizer em qual Guarda está.

Eu sorri. Kero parecia muito distraído as vezes, deve ser por isso que anda perdendo os objetos por ai. Depois de ir até o "petshop-eldaryano" e ajudar o Purreko a colocar o ovo [que se tornaria meu futuro mascote] para eclodir, eu fui dar uma volta pelo QG enquanto esperava o resultado do teste. Como estava sem saber o que fazer, comecei a vagar pelo corredor, até que trombei com alguém... Ou alguém trombou em mim, não sei muito bem.

— BUUUUU!

— Ai! — dei um pulo, assustada. Levei minha mão direita até o peito, recuperando a respitação. — Você de novo? Vou começar a cobrar por cada trombada que você der em mim. — cruzei os braços e abri um sorriso de canto.

Eldarya.Onde histórias criam vida. Descubra agora