Na manhã seguinte ela começou a gripar, piorando gradativamente durante o dia. Odilon resolveu deixá-la na cama, esperando que isso ajudasse a melhorá-la, enquanto ele fazia qualquer coisa que precisasse ser feito. Quando era de noite ela estava mais ou menos, mas tudo indicando que iria piorar.
No dia seguinte, segunda-feira, ela continuava na mesma, nem piorara nem melhorara. Ele aconselhou que ela ligasse para o trabalho e pedisse licença para ficar em casa, explicando que estava doente, mas ela não fez, argumentando que logo ficaria boa, ele veria. Disse que quando voltasse já estaria completamente bem, que o trabalho lhe seria o melhor remédio.
Pouco antes da hora do almoço ela ligou avisando que não poderia encontrá-lo para que almoçassem juntos, contou que iria à casa de uma amiga que sabia como ajudá-la a melhorar. Ele não se preocupou, principalmente após ela dizer que seu problema estabilizara naquilo mesmo, e que logo algum remédio a melhoraria por completo. Almoçou sozinho.
Ele não preocupou com aquilo durante o resto do dia, pois percebia que ela sabia o que estava fazendo. Quando ela voltou do serviço no final da tarde ele confirmou, ela estava completamente bem. Nem um espirro, nenhum nariz escorrendo, nem indício de doença alguma, como se pela manhã nem estivesse num estado que prometia uma piora.
— Melhorou mesmo, heim — falou ele.
Ela não respondeu, apenas sorriu.
— Que bom que você tem uma amiga que sabe lidar com isso, mostra que com gripe eu não preciso me preocupar.
Para quem não gostava de gripe, como ele, onde a doença o derrubava de forma avassaladora, legando-o à cama por pelo menos uns três dias, aquilo pareceu uma vitória. Não gostava de ficar doente, e também não gostava de ver os outros doentes. Para ele as doenças afetavam os outros exatamente como o afetava. Quando via alguém com gripe pensava que a pessoa, assim como ele, estava quase morrendo.
O imprevisto que aconteceu para ele foi que a amiga dela pegou a doença. Com isso ele ainda chegou a brincar, elevando a consideração da amiga dela, dizendo que ela tinha curada Célia transferindo a doença para si mesma. Que amiga!
Durante a semana toda Célia fez uso do celular várias vezes para contatar essa colega, acompanhando o estado da doença, verificando sempre como ela estava. Odilon gostou daquilo, da preocupação dela com a amiga, do conforto que aquele ato dela devia estar dando para a outra pessoa. E chegou a concordar que era o correto a se fazer, depois de ela ter involuntariamente infectado a outra. A amiga também entrava em contato, assim pensou ele, pois não sabia ao certo; ele nunca olhava no celular dela e nunca o atendia também, ela havia feito pedido claro para que ele não o fizesse, então, se por ventura o telefone tocasse, fosse uma chamada ou uma mensagem, num momento em que ela estivesse ocupada e não pudesse atender ou mesmo que não ouvisse, não era para ele atender sob circunstância alguma, era para que apenas a avisasse que depois ela retornaria a chamada ou leria a mensagem. O fato era que o telefone tocava o som de mensagem várias vezes e ele supôs que fosse a amiga, nunca pensou qualquer outra coisa, principalmente por que ela repassava o que a outra dizia, vagamente, mas o fazia.
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OS BONECOS ENGRAÇADOS
RomanceOdilon é um homem tímido que se depara com uma garota apaixonada, que, o querendo muito, vence a sua timidez, a sua falta de atitude, consegue quebrar a sua rotina e finalmente o conquista. Através da personalidade dele uma vida amorosa se forma enq...