Começaram a almoçar juntos todos os dias, com exceção dos finais de semana. Os almoços pareciam cada vez melhor, tanto para um quanto para o outro. Odilon ia se mostrando cada vez mais à vontade e ela foi se acostumando com o jeito calado dele, jeito que mudou levemente.
Os encontros entre eles não passavam do almoço e parecia algumas vezes encontro entre amigos, ou entre colegas de trabalho, mas não de alguém que estava querendo entrar num relacionamento. Grande culpa disso provinha de Odilon, sua falta de atitude era demasiado séria, com jeito de ser difícil de ser mudada. Certa vez ela disse que em vez de retornar ao trabalho iria para casa e pediu se ele poderia acompanhá-la até lá. Como não trabalhava, e com o tempo da tarde todo livre, ele aceitou. Contudo, ela não esperava que a ida dele acompanhando-a ficasse apenas nisso, uma caminhada juntos, mas foi o que aconteceu.
Ela vivia num desses apartamentos feitos apenas para aluguel, que não crescia para cima, mas para os lados. Ele a acompanhou até lá e depois voltou; despediu-se dela e voltou para casa; ela não insistiu e deixou-o ir. Várias vezes ele acompanhava ela até em casa, mas nunca entrava, e ela nunca o convidava para entrar, permanecendo apenas algum tempo na frente do prédio conversando até ele começar a mostrar-se com vontade de voltar para a sua casa, era quando ela se despedia e ele ia embora. Ela esperava uma iniciativa dele, um beijo, mas nada, ele nunca avançava em nenhum sinal dela.
Odilon não saía muito de seu apartamento, não encontrava muita coisa que podia fazer fora dele, mas algumas das vezes que saia ela estava lá. Ela o cercava em vários lugares, surpreendendo-o toda vez, encontrando e ficando com ele durante algum tempo para que pudessem conversar. No começo ele sempre questionava se ela estaria de folga ou algo parecido, perguntando por que ela não estava trabalhando já que estavam em sua maioria em horário de expediente. Muitas vezes ela simplesmente dizia: "mais ou menos", e mudava de assunto, já que tencionava conversar com ele sobre outras coisas. Algumas vezes contava que tinha pedido licença de algumas horas para resolver alguma coisa, ou, às vezes, contava que tinha saído a mando da empresa para resolver alguma coisa. Sempre havia alguma explicação. Ele não se importava e após um tempo parou de perguntar. Ficava cada vez mais feliz toda vez que a via, alegre por ela ter aquele tipo de emprego onde poderia sair e consequentemente encontrá-lo. A última vez em que esse detalhe lhe veio à mente ele falou apenas consigo mesmo. Tinham aproveitado uma oportunidade e parado para comer um salgado numa padaria, onde ele, sentado, olhando para ela à sua frente, com brilhos nos olhos enquanto admirava a sua beleza, denunciando-o bem apaixonado, pensou feliz: "que incrível como ela pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, no trabalho e comigo. Parece que sai só para ficar comigo". Ele não via alguém gostando dele daquele jeito há muito tempo. Encontrava-se de uma maneira muito especial, disposto a ceder qualquer coisa.
Passou mais alguns almoços, alguns encontros na rua, onde ela deixou as coisas fluindo como estava fluindo, dando tempo para ele, mas mostrando-se cada vez mais tentadora. Finalmente suas vontades estavam saindo de seu domínio, o tempo em que ela podia esperar estava se esgotando. Eles estavam saindo do restaurante depois de outro almoço agradável, onde estavam totalmente à vontade, um tanto cúmplices para já trocarem experiências de vida, e ela resolveu.
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OS BONECOS ENGRAÇADOS
RomantikOdilon é um homem tímido que se depara com uma garota apaixonada, que, o querendo muito, vence a sua timidez, a sua falta de atitude, consegue quebrar a sua rotina e finalmente o conquista. Através da personalidade dele uma vida amorosa se forma enq...