A vida deles continuava na mesma, no mesmo ritmo e afazeres, a mesma coisa. Nada realmente mudara, viviam como um casal. Tudo os mostrava felizes, aproveitando o máximo da vida juntos, alegrando um ao outro. Mesmo tudo parecendo normal àquilo que já era, o que se passava na mente dele ainda mostrava alguma diferença.
As sensações estranhas continuavam, em ocasiões poucas apenas, sempre sumindo em seguida, sem que ele conseguisse decifrá-las. Começava a achar que estava se acostumando a elas. Detalhes diferentes, bem sutis; se ele não fosse alguém com tempo para pensar possivelmente nunca os repararia, e, nesse caso, ajudava muito o fato dele ser um detalhista.
Após uma semana, ele segurando o máximo que pôde, não querendo incomodá-la, ele não aguentou e resolveu tentar coisas. Começou a se perguntar se essa amiga dela realmente existia. Nunca a vira, nunca realmente atendera algum telefonema dela, as mensagens que Célia recebia ele não olhava, não tinha noção alguma de como era ela.
Resolveu então abordar o assunto, aproveitando que estavam em casa, juntos na cozinha. Era uma e quarenta da tarde e ela estava tranquilamente arrumando salada de frutas para eles. Adorava fazer aquilo, não só achava que era bom para o seu corpo como gostava também, além do prazer em fazer algo para ele.
— Como é essa amiga sua?
— O quê?!
— Como é ela? — repetiu ele, sabendo que ela ouvira.
— Minha amiga? — disfarçou ela. — Que amiga?
— Ela existe, essa amiga sua?
— Que pergunta é essa?
— Nós vamos ficar fazendo perguntas um para o outro agora?
— Ou você poderia me deixar preparar a salada de frutas.
— Se você me falar dela não precisarei fazer perguntas como essa.
— Em vez disso podemos esquecer a coisa toda.
— Não. Se você não vai responder as minhas perguntas até agora, vou dar o exemplo e responder a sua. Estou com problemas. Algo me incomoda, não tenho paz. Quanto mais tempo passa mais eu percebo que muito de você eu não conheço. E acho que estamos juntos o bastante para poder saber tudo sobre você, não acha? ... Nunca vi essa amiga sua, nem mesmo sei se ela existe. É uma pergunta para incentivá-la a me falar um pouco mais sobre si mesma. Se você estranhou é por que eu não soube fazer a abordagem correta ao assunto.
— Não há muito para saber sobre mim, amor. Você já sabe tudo o que tem para saber.
— Quem é essa pessoa?
— Para que quer saber isso?
— Já disse, paz. Passa o número do telefone dela, eu ligo e converso com ela.
— Não! — disse ela, sendo categórica. — O que é, amor? Acha que eu não tenho uma amiga, mas um amigo? Está com ciúmes, com medo deu ter outro homem?
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OS BONECOS ENGRAÇADOS
RomanceOdilon é um homem tímido que se depara com uma garota apaixonada, que, o querendo muito, vence a sua timidez, a sua falta de atitude, consegue quebrar a sua rotina e finalmente o conquista. Através da personalidade dele uma vida amorosa se forma enq...