Quando saíram do hotel seguiram caminhos diferentes. Ela para a direção que era a casa de sua amiga; disse-lhe que iria vê-la uma última vez antes de voltar para o trabalho, e ele voltando para casa, seguindo aquele longo caminho que o trouxera até ali.
Já um pouco distante de onde estavam, andando a passos comuns, ele enfim começou a esquecer daquela ótima surpresa que foi encontrá-la e fazer amor com ela ali mesmo, improvisando algo maravilhoso para eles. Estava começando a prestar atenção à rua novamente, olhando o movimento, os lugares e algumas pessoas, sentindo-se outra vez uma delas, como parte daquele povo que andava. Mas foi olhando as vitrines das lojas que ele começou a sentir algo estranho.
Odilon estava andando em linha reta e olhando o comércio à sua esquerda, nunca parando, apenas vendo-os conforme andava. E uma sensação começou a apoderar-se dele. Cerrou as sobrancelhas e passou a prestar atenção ao que acontecia, a essa sensação, tentando entendê-la. Algo devia estar incomodando-o no que via. Então passou a prestar atenção ao que estava dentro das vitrines, nas lojas. A maioria era de roupas, uma após a outra; roupas penduradas, presas em paredes improvisadas, em manequins ou no chão mesmo. Ele olhava e tentava entender o que estava acontecendo. Não queria parar e prestar maior atenção àquela sensação, pois temia perdê-la se parasse, também não queria atrasar mais em chegar casa. Olhou para trás preocupado se seria alguma coisa vindo de lá; será que estaria sendo seguido? Não parecia pelo que pode destacar. De todo modo, a sensação era de outra coisa, mas ele não sabia dizer o que era.
Sem conseguir resultado algum, ele desistiu de tentar a sensação e olhou para a rua no outro lado, percebendo após algum tempo que a sensação estava sumindo. Para tentar compreender melhor a coisa continuou olhando na direção da rua evitando olhar para as vitrines ao seu lado, esperando ver se a sensação sumiria de vez. Pois foi o que aconteceu. Quando prestou atenção, ela já não estava mais lá. Ele voltara ao normal. Talvez fosse apenas a sensação de ter esquecido algo ou de precisar lembrar-se de algo, poderia deste modo não ser nada demais.
Desde então voltara a andar olhando para frente, evitando os lados. E assim permaneceu durante um tempo. Retornando ao seu simples caminhar e lembrando-se que estava voltando para casa depois de seu passeio. Nem pensou em voltar para captar a sensação novamente, parecia-lhe irrelevante agora.
Estava passando em frente a uma relojoaria quando sem querer olhou sua vitrine, vendo os variados relógios que tinham amostra. Continuou olhando para as vitrines que passavam, seguindo para uma loja de peças de cozinha, onde agora ele não mais se preocupava em ver o que estava amostra, olhando a vitrine apenas para poder olhar algo enquanto andava. É quando a sensação voltou. Ele se intrigou de novo e não desviou o olhar, percebendo agora que a sensação acontecia quando ele não prestava atenção no que tinha nas vitrines, mas apenas olhava para elas. Ao menos era isso o que achava.
A sensação persistiu sem dar sinal algum do que era enquanto ele passava por vitrines de loja de eletrodomésticos, drogarias e até de uma loja de pescaria. Ela continuava com ele, o intrigando sem aliviá-lo. E assim permaneceu enquanto ele olhava para vitrines, mas aos poucos até com elas a sensação foi sumindo, até que finalmente não estava mais lá. Neste momento Odilon já estava cansado dela e nem percebeu bem quando ela desapareceu, de modo que nem pensaria o porquê dela ter sumido.
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OS BONECOS ENGRAÇADOS
RomanceOdilon é um homem tímido que se depara com uma garota apaixonada, que, o querendo muito, vence a sua timidez, a sua falta de atitude, consegue quebrar a sua rotina e finalmente o conquista. Através da personalidade dele uma vida amorosa se forma enq...