Primavera. Muitos dizem ter uma gigantesca admiração por esta época do ano. Quem saberá não estiverem mentindo? Mas será que só é bonito quando vê as flores desabrochando, exibindo cores fortes de até arderem o olho, testemunhando sua saída do casulo como uma borboletinha mínima ao sol da tarde?
Induzo a pensar. Ou apenas se assim quiserem: não achas bonito quando, por exemplo, uma pessoa se despe a alguém especial como se aquilo pudesse trazer à duas almas efervescentes, quentes de paixão um resquício do que significa um ajuntamento de corpos suados em júbilo e êxtase abstrato, dois sentimentos vorazes, ao mesmo tempo ímpares e que lhes repuxam infindamente ao encontro de um e de outro, sem lhes pedir permissão? És jogado a isto involuntariamente. Em todo momento nessas circunstâncias, é inibido de usar a razão.
Desejos físicos estão no controle. São só dois corpos perdendo a inocência antes nunca
violada…O amor romântico é… Empírico? Considera-o tal?Para alguns, o amor é tão minúsculo! Uma coisa dessas assim, acolhedora, lapidada por seres de um céu inalcançável e belo… Torna-se tão... Perto do nada.
Algo a ser mostrado de várias formas passa a ser resumida em apenas uma: de que o
amor que está nas pessoas é capaz de curar qualquer ferida, momento ruim, lembrança ruim, pessoas de má índole… Poderia citar uma infinidade de comparações. Contudo não quero dar voltas e voltas replicando o que está já fincado na mente dos alguéns por aí afora.O amor coexiste. Como coexiste o abstrato? Aquilo que não se toca, aquilo que não se vê, aquilo que necessita de apoio para tal finalidade. Coexistir? Falta-lhe algo, não? Nós somos o algo. Porque de nós, sentimentalistas, ele parte. Cria asas, pousa em corpos frívolos nos véus escuros de uma noite.
Há quem diga que existem vários tipos de amor. Existir. Se algo já existe, é sólido em
subconsciências. Ao falar de amor, podes e vais pensar na parte angelical, alegre, na qual duas almas se encontram e se completam em fusão fugaz. Avassaladora. Sem ninguém que os aparte ou proíba.A noite. Por quê pensamos nela ao sermos traídos por quem amamos e nos amou? Será a senhora noite a única fase do dia em que podemos nos debulhar em mártir que não passa, não passará nunca? Ou também podemos andar pela casa vazia a distribuir lágrimas em cada cômodo que quisermos? Vamos. A casa está vazia! Não tens por quê esperar uma fase de véus noturnos para chorar todas as lágrimas de uma só vez.
Ele não precisa saber que choras; ela, de mesmo modo. Ora! Tem ao teu dispor os astros. Pra quê carne e ossos? Astros. Em silêncio testemunham tuas lamúrias sem precisar propagar. Sem que outro o saiba. Se não fosses tão dependente de carne e ossos você compartilharia segredos com os habitantes celestes. Só eles lhe bastariam!
Não sei para quem diabos digo isto. Siggert está aqui comigo. Não estou me centrando em ensaiar a ótima peça que fomos sugeridos a escrever para a primeira aula de Literatura no início do próximo mês, em setembro. O professor não nos deu algo preparado. Éramos nós e nossas duplas que fomos incumbidos de escrevê-la. A gente pegou uma música brasileira. Achamos tudo nela incrível: desde o audiovisual até a letra.
Mas nós dois somos estrangeiros. Por isso deu um trabalhão para traduzir e tudo. A gente ficou uma boa parte do dia trancados no quarto porque decidimos que precisaríamos de concentração: nem o primeiro verso entrava na nossa cabeça! Foi um inferno. Até que a Vandety, minha irmã, veio perguntar por que diabos eu não tinha levado o Siggert até a cozinha pra lanchar.
— Siggert, você vai ficar ao lado da sua amiga malvada? Ela não está te deixando sair dessa zona chata de peça escolar, é? — surpreendeu-se a mais velha.
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Contos para se apaixonar: porque amar é inevitável
Short StoryExiste várias formas de amor, de se apaixonar e a única certeza que temos é que amar é inevitável. O Projeto Flor de Lótus reune neste livro de contos diversos autores com diferentes contos apaixonantes. Vai de caixa de bombom em formato de coração...