Serendipity

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Dentro de uma casa grande de paredes em tons roxos, Park Jimin observava os flocos de neve caírem do lado de fora formando um tapete alvo sobre a grama. O rapaz encontrava-se sentado sobre o peitoril da janela com apenas um roupão cobrindo seu corpo esbelto.

O clima frio e agradável fazia-o lembrar de uma certa época da sua vida, onde sob circunstâncias inusitadas conheceu a garota que se encontrava despida sobre sua cama. Jimin a olhou de soslaio com um sorriso sutil nos lábios ao ver quão adorável ela parecia dormindo.

O rapaz lembrava-se perfeitamente do dia que a conheceu.

Era uma tarde de verão e naquele dia Jimin estava em casa, esparramado sobre o sofá de forma preguiçosa. Seu irmão de 6 anos sentado do seu lado, aborrecia-o com o pedido insistente de que queria sorvete. O rapaz obviamente, fingia que não ouvia nada, porém, sua indiferença não durou muito.

ㅡ Jihyun, será que dá para ficar quieto? Eu 'tô tentando assistir ㅡ Jimin esbravejou.

ㅡ Eu quero sorvete, hyung! ㅡ o garoto respondeu de forma manhosa.

Enquanto ambos os irmãos travaram uma pequena discussão, a Sra. Park adentrou a sala e pediu que o filho mais velho fosse comprar o sorvete. Jimin não queria ir, pois além da preguiça que o tomava,  ainda chovia muito forte do lado de fora. Contudo, sua mãe foi irredutível consigo.

Sem outra alternativa, Jimin saiu porta afora, sabendo que pegaria um resfriado horrível depois de levar aquela chuva.
O rapaz de cabelos loiros adentrou a loja de conveniência de forma exasperada para fugir da chuva torrencial que caía do lado de fora. Dentro da loja uma cena se desenrolava: uma moça parecia explicar algo para a atendente, ela gesticulava com as mãos, mas, parecia não ser compreendida.

Intrigado, Jimin resolveu se aproximar.

ㅡ Com licença, a senhorita precisa de ajuda? ㅡ Jimin perguntou para a atendente, desviando os olhos dela para a outra moça a qual possuía características ocidental.

Jimin lembrava como a moça de origem ocidental olhou-o por intocáveis segundos e como de forma automática seu olhar se prendeu no dela. As íris castanho claro detinha um brilho esplendente que o fascinou de imediato. Ficou tão encantado que sequer ouvia a atendente respondendo-lhe.

ㅡ Ela não compreende o que digo ㅡ a mulher, até então estranha, disse em um coreano quase indecifrável.
Mas Jimin se reforçou para entender, porque queria ajudar, porque por alguma razão que ainda não era conhecida por si naquela época, o fez fazer.

ㅡ Eu posso ajudar, se quiser ㅡ ofereceu com um sorriso nos lábios que deixou toda a sua face fofa.

ㅡ Eu só gostaria de comprar uma torta de morango ㅡ explicou para ele. Jimin, então, fez o pedido para a moça. ㅡ Obrigada!

Depois disso ambos embarcam em uma conversa animada, onde Jimin descobriu que o nome dela era Júlia e que a moça estava na Coreia para estudar. Quando a chuva cessou, cada um seguiu seu caminho imaginando que não se encontrariam mais.

Contudo, levado por ímpetos incompreendidos, todo dia Jimin estava naquela conveniência almejando encontrá-la novamente, nem que fosse apenas mais uma vez. E certo dia, quando já não havia mais esperança, a moça simpática apareceu ali exibindo um sorriso lindo.

A partir daquele dia os encontros se tornaram corriqueiros e não somente na conveniência.

Julia era uma garota deveras peculiar na visão de Jimin que, sendo um asiático não estava acostumado com o jeito despojado e extrovertido dela. No entanto, a cada novo trejeito da moça só o fazia ficar mais encantado e sem que ele percebesse o encanto passou a se tornar paixão.
Os passeios casuais pelas ruas de Seul, tornaram-se o programa preferido de Júlia. Jimin apresentou lugares que ela ainda não conhecia, convivendo com ele seu coreano passou a ser mais fluente. Ambos passaram a ter mais intimidade conforme se conheciam na cidade repleta de luzes coloridas.

No começo do relacionamento, para Jimin, não foi fácil lidar com as peculiaridades de Julia, porém, ele não negava que gostava do jeito atrevido dela. Para a moça também não foi simples se adaptar ao jeito tímido e contido do Park, logo o primeiro passo para todas as primeiras vezes partiu dela.
O primeiro convite para jantar, para ir ao cinema, o primeiro beijo, a primeira noite... As iniciativas sempre partiam de Julia, todavia, ela não achava ruim, além do mais, o jeito adorável de Jimin a deixava cada dia mais apaixonada.

Mas como tudo não é só flores, o casal já tivera muitas brigas e Jimin se lembrava de cada uma delas, que, agora olhando para trás, ele só conseguia rir ao perceber que brigavam por motivos totalmente bobos. Porém, de alguma forma, fortaleceram-nos ainda mais.

Cansado de observar a neve cair, o rapaz saiu da janela e voltou para a cama, onde o calor proveniente do corpo alheio abraçou-o como um manto invisível. Com os braços puxou a mulher para junto de si, ouvindo-a resmungar por ser acordada, mas ele apenas sorriu com a cena e sem se importar deixou um beijo na bochecha dela.

ㅡ Eu te amo ㅡ segredou ao pé do ouvido da moça.

ㅡ Eu também te amo. Agora me deixa ficar aqui quietinha, tá muito frio pra eu sair dessa cama hoje ㅡ Julia disse, se aconchegando mais no corpo dele.

Jimin sorriu de forma torpe em seguida levou seus lábios ao ouvido de Julia e com a voz um tanto rouca, disse:

ㅡ Se você quiser eu posso fazer sua pele queimar em calor.

Julia sentiu sua pele arrepiar e sabia que não era apenas o frio, era o efeito de Park Jimin em si. Sentiu-o dedilhar seu corpo com as pontas dos dedos, aquilo fora o estopim para ela ceder. ㅡ Então faça-o.

Jimin gostava de pensar que tudo acontece por algum motivo, até as mais bobas coincidências podem ter uma grande razão por trás.

Ele não sabia se o que o fez encontrar Julia naquele dia: se foi destino, o universo ou qualquer outra divindade… Mas não importava, pois  Jimin agradecia por terem feito seu irmão o obrigar a sair de casa naquele dia, porque se não fosse isso, talvez, ele não teria conhecido o amor da sua vida. A mulher a qual amava a cada dia mais, e que construiria uma família futuramente.

Por: Tamires

Contos para se apaixonar: porque amar é inevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora