Ela ainda não tinha definido quem era. Sua vida era baseada em opiniões de quem deveria ser e como se portar, e, bem, namorar o garoto popular da escola a tornava uma pessoa que a maioria gostava. Assim ela pensava.
O que não pensava, era que uma semana antes do seu primeiro dia dos namorados juntos, aquele garoto bonito, de opinião forte e um jeito um tanto quanto rude, aprontaria com o garoto franzino e esquisito que estudava numa série acima da deles. O garoto era atrapalhado e fechado, e ela não pôde fazer nada enquanto via o então amor da vida dela, assim pensava, quebrar seus óculos de aros finos. Ela olhou, e olhou, e quando enfim o óculos estava quase em pedaços, se ajoelhou, e catou os pedaços para o garoto.
Eles se olharam, enquanto o então ex amor da sua vida os encarava como se ela fosse louca.
E então, naquele olhar assustado e confuso, mas cheio de coragem e decisão, ela viu o que procurava, e o que ela era.
O dia dos namorados podia esperar, pensou, e sem mais nada dizer, saiu com o garoto confuso e franzino.Ela conversou com ele, e ele lhe contou sobre a vida, e nessa uma semana até o tão esperado dia dos namorados eles se apaixonaram secretamente, tão inesperada e rapidamente, como nunca tinha acontecido. E ele não lhe forçou a ser quem não era. Não estavam juntos, não romanticamente falando, mas estavam, se pensarmos no sentido mais profundo das palavra. Nenhum completava o outro, mas se transbordavam.
Eles divergiram em opiniões, liam histórias de amor e terror juntos, falavam sobre o dia dos namorados, e sobre a imensa baboseira que seria ver casais tão falsos quanto ela e o garoto popular eram jogando ao vento declarações de amor.
Ele lhe falou sobre o amor, e como ele não se encontrava apenas em presentes e declarações, e como não era amor o que ela sentia, e sim medo de ficar sozinha em um mundo onde ela não sabia quem era. Não era amor, e não era o dia dos namorados que iria resolver isso.
E aquele garoto, que tampouco se importava com aquele dia, porque não havia para ele o que comemorar, o passou inteiro com ela, em silêncio, apenas ali, e a viu chorar porque estava sozinha. A viu chorar, não de saudades, mas pelos planos que havia perdido. A viu jogar fora o cartão e o scrapbook que havia se empenhado tanto para fazer, porque era aquilo que as namoradas faziam, e respirar fundo para tentar esquecer aquilo.
A viu sair do banheiro com o rosto menos inchado, o olhar ainda triste, não por amar e não ser amada, porque deixara de amar aquele garoto uma semana atrás, mas por se sentir perdida.
E, quando bateu meia noite e um minuto e ele teve certeza que aquele dia havia passado, para não parecer tão clichê quanto realmente era, ele finalmente quebrou o silêncio.
- Você aceita namorar comigo?
Por: Joana Alves
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Contos para se apaixonar: porque amar é inevitável
Short StoryExiste várias formas de amor, de se apaixonar e a única certeza que temos é que amar é inevitável. O Projeto Flor de Lótus reune neste livro de contos diversos autores com diferentes contos apaixonantes. Vai de caixa de bombom em formato de coração...