Esforço

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Procurei por Nuala para me ajudar com as caixas, Feyre havia cedido um cômodo na casa para que eu trabalhasse nas fórmulas. Estava alcançando o topo da escada quando vi ele, tentei disfarçar, me virar e voltar, mas ele já tinha me visto, agarrei a primeira caixa e desci prendendo a respiração.
- Posso enviá-las para onde precisar.
- Não, tem coisas muito delicadas, prefiro carregá-las da forma tradicional.
Segui e coloquei a caixa na mesa no meio do quarto vazio. Voltei para sala torcendo que ele já houvesse partido, ele não o fez. Quando tentei pegar a segunda caixa ele e suas sombras sumiram com todas as outras.
- Falei que eram frágeis.
Coloquei a caixa ao lado das que ele havia trazido e avancei contra ele.
- Estão perfeitamente intactas.
- Não pedi sua ajuda.
- Quanto tempo acha que podemos ficar assim?
- Ficar como? Não importo para você.
Dei de ombros e me afastei, olhando as caixas.
Passei o restante do dia trancada no quarto, fazendo a lista dos ingredientes, repassando as fórmulas. Precisava lidar com questão das asas e minha cabeça doía só de pensar nisso. Nuala me trouxe comida e insistiu que eu fizesse uma pausa, passava das duas da manhã quando resolvi dar um tempo. Acendi toda as luminárias que comprei, dormiria com o "sol" no rosto se fosse preciso.
Acordei no dia seguinte perto da hora do almoço, me desculpei com o círculo, mas comeria sozinha, dedicando cada segundo no preparo dos remédios. Lucien apareceu com uma bandeja de biscoitos e chá.
- Agora tem um esconderijo.
Os olhos vagando pelas prateleiras e mesas repletas de coisas.
- E você decidiu me perseguir?
Girei na cadeira, peguei um biscoito e mordi.
- Vim ver se estava viva, soube que andou brincando com asas.
Apoiei o queixo na mão, ele percorreu o dedo na bancada em que trabalhava.
- Se soube que estive "brincando" devia saber que não estaria morta.
- Já ouviu o que dizem sobre a envergadura Illyriana?
Ele pegou um biscoito e sentou-se à minha frente.
- Digo que se a Mãe fez é porque cabe.
Me afastei o bastante para vê-lo engasgar-se com o biscoito.
- E se julgarmos o tamanho da língua, você não deve deixar nada a desejar.
Joguei um biscoito na cara dele e sorrimos com malicia.
- Obrigada pelo lanche, mas estou mesmo ocupada, quando terminar podemos pegar uma fita e sair medindo para descobrir se corresponde aos boatos.
- Passo! Mas se tiver interesse em medir minha língua ou o correspondente...

 - Passo! Mas se tiver interesse em medir minha língua ou o correspondente

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- Saí daqui Lucien.
Arremessei um frasco em sua direção, ele desapareceu pouco antes do frasco espatifar contra a porta, bufei indo até a porta.
- Tudo bem?
Azriel perguntou ao surgir a minhas costas. Me assustei e quase grito.
- Que droga, use a porta, tem uma porta aqui.
- Escutei vidro quebrando.
- É por quê tinha vidro se quebrando, não foi nada.
Terminei de juntar os cacos coloquei-os sobre a bancada, tentei consertá-lo, mas faltava um caco. Me abaixei cutucado o chão em busca do pedaço que faltava, encontrei-o preso entre o piso esfreguei a unha para soltá-lo, ele soltou-se entrando em minha pele, puxei um lenço e envolvi a mão, Azriel parado a minha frente, bloqueando minha passagem.
"Preciso tirar para recuperar o frasco."
Ele puxou minha mão sem cerimônia, sua sombra envolveu meu braço impedindo que recuasse.
"Consigo fazer isso sozinha."
- Por que não usa a voz?
Ele desenrolou o lenço sujo de sangue, dei de ombros, tocou o pedaço de vidro e o puxou com delicadeza. Fechei a palma e luz azulada vazou entre meus dedos. Quando voltei a abrir ele esfregou o lenço e não havia nada, nem mesmo cicatriz.
"Disse que estava bem, agora me dê o pedaço."
Ele me entregou, coloquei junto aos outros e refiz o frasco. Voltei a me sentar e ignorar sua presença.
- O que está tentando fazer?
"Trabalhar? Rhys e Feyre me deram casa e comida, o mínimo que posso fazer é retribuir"
- Novamente, por que não usa a voz?
"Porque não quero irritar você, minha voz, meu cheiro, tudo o que vem de mim o irrita. O que ainda está fazendo aqui?"
- Tenho buscado informações sobre o que aconteceu há você, a nós.
"Que nós? Não existe um nós, sou eu."
Seus punhos cerraram.
- Podemos pedir que uma sacerdotisa verifique o laço.
"E por que você acha que eu faria isso? Faça você com sua parceira, qual seu problema, não cansa de me humilhar?"
- Não quero humilhar você, só preciso da verdade.
Bati as mãos na bancada, sacudindo e derrubando horas de trabalho.
- Se você não sente, não existe. Não me sujeitarei a nenhuma prova de parceria, você é livre, faça o que quiser só não me envolva. Não existe parceria de um só. Já te pedi e farei de novo, fica longe de mim!
Passei pela porta e fui para o quarto, escorrei na porta e chorei com a dor que cortava meu coração e alma, adormeci em meio as lágrimas e o desgaste emocional. Acordei antes do sol nascer o corpo dolorido de ter ficado a porta a noite toda, preparei um banho quente com ervas para livrar meu corpo do peso, mas eu precisava de remédio para alma quebrada. Ao sair do banho Nuala me esperava com uma bandeja de café da manhã, frutas, pães e chá.
- A Corte dos Pesadelos vem visitar Velaris pela primeira vez.
Mordi um pedaço do pão quentinho, e olhei para ela que andou até o guarda-roupas, tirou um vestido azul que havia sido comprado antes de eu decidir não gostar mais de azul, era um tecido fino e transparente, bordados mal cobriam os seios e bunda, não chegava nem perto do que escolheria para vestir, Mor avisou que "nossa" corte se apresentava de forma única e eu devia tanto a eles que se precisasse me fantasiar de vadia, faria.

 Mordi um pedaço do pão quentinho, e olhei para ela que andou até o guarda-roupas, tirou um vestido azul que havia sido comprado antes de eu decidir não gostar mais de azul, era um tecido fino e transparente, bordados mal cobriam os seios e bunda,...

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Depois de tanto suplicar Nuala conseguiu fazer alterações no vestido cobrindo um pouco mais as parte que não deveriam aparecer, poderia tê-la beijado se não fosse um espectro que só se materializava quando queria. Fui para o trabalho, resignada a arrumar a bagunça da noite anterior e para minha surpresa estava tudo limpo e organizada, repassei tudo e preparei as bases para os tônicos e quando terminei pedi que Mor selasse o cômodo.
- Apenas uma garantia de que ninguém venha xeretar.
- Já sabe o que esperar de hoje à noite?
- Não faço ideia, mas se pudesse não sairia do quarto.
- Erga o queixo e faça olhar de indiferença, haja como se eles não importassem.
Ela me fez fazer o que dissera, sorriu e me deu tapinhas nos ombros.
- Siga o roteiro e se ficar muito difícil Az e Cassian estarão ao seu lado.
Quase sorri, entrei para o quarto esperei pela hora do almoço e Rhys, Feyre e Amren estavam a mesa.

A Corte de Sombra e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora