Encenação

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Me arrastei para preparar o banho, coloquei aromas que mais se aproximavam do seu, mas nada faria jus ao cheiro que estava impregnado em mim. Ao sair do banho minha loção estava na mesa onde antes estavam as taças e a bebida. Passei no corpo e me demorei na curva onde antes suas mãos estavam. Nuala apareceu em seguida, uma caixa quadrada em mãos, ela abriu e estendeu a mim.
- Senhor Azriel pede que use essas joias.

Olhei para o conjunto de colar e brincos de safiras escuras

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Olhei para o conjunto de colar e brincos de safiras escuras.
Nuala pegou o vestido e passou por meu braço. A modificação feita mal cobria minhas partes intimas, e nos seios se fazia ainda menor, havia tecido por todo meu corpo, mas me sentia nua. O tecido bordado azul transparente demais, delineava todas as curvas do meu corpo, Nuala prendeu parte dos meus cabelos e os deixou em cachos soltos. Se afastou para avaliar o trabalho e sorriu.

- Está maravilhosa

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- Está maravilhosa.
Ela falou então sumiu. Me olhei no espelho e puxei a mecha para o rosto, coloquei os brincos, que pareciam flutuar em minhas orelhas, ele bateu à porta, peguei o colar na mesa e sai sem olhá-lo.
- Você está...
"Nuala disse que queria que os usasse."
- Sim um presente.
"Não quero, usarei hoje e devolverei."
Coloquei o colar em sua mão e virei as costas para ele puxei os cabelos para frente.
- Achei que gostaria, são na sua cor favorita.
Seus dedos roçaram a pele do meu pescoço me fazendo arrepiar.
"Sim, mas encontre alguém que as mereça."
Ele se colocou a meu lado estendendo o braço. Vestido de calça, botas e camisa preta desabotoada na altura do peito, exibindo as tatuagens, em sua mão as luvas com os sifões, seu cheiro agarrou-se a mim como uma segunda pele, ele estava tão elegante, mesmo que todos os dias ele parecesse assim, mas ali ao seu lado se não fosse pelo salto pareceria uma criança.
- Pronta?
"Não!"
Repassei os mandamentos de Mor, erguer o queixo, um olhar esnobe, como uma parceira deve se portar?
"Mas vamos assim mesmo."
Ele assentiu e nos guiou pelo corredor, depois pelas escadas. A ampla sala decorada com velas em tons vermelhos, pequenas esferas pairando sob nossas cabeças. Seguimos para a lateral do trono que fora colocado horas antes, a insígnia da Corte Noturna planando acima numa tapeçaria antiga. As montanhas com três estrelas, me perguntava se não simbolizavam os três Illyrianos mais fortes que já existiram. Olhei para Azriel que nos guiava, Amren e Mor já tinham chegado. Mor estava maravilhosa em um vestido vermelho com fendas nas pernas e um decote enorme, e parecia ainda mais letal que a felina que lutou ao meu lado na guerra. Amren estava em um dos seus conjuntos finos, fiz uma nota para cobrar de Nuala o mesmo. O que ostentava em meu corpo era absurdamente elegante e sensual, de uma forma que me fazia ficar desconfortável ao me mover.
- Pela Mãe, está divina.
Mor gritou me tirando de perto de Azriel, sorri.
- Você está... Melhor fechar minha boca ou irei babar.
Olhei para seus seios, os cabelos ondulados caindo sobre os ombros.
- Viu? Assim que se elogia uma mulher, idiotas!
Ela apontou Cass e Az, Rhys e Feyre chegaram e arrumaram-se nos tronos, coroas sobre as cabeças, voltei para o lado de Azriel.
- Todos sabem o que fazer, não permitam que se sintam em casa. Az, tudo certo?
- Sim, sabemos o que fazer.
Azriel olhou para mim respirei fundo, ergui o queixo e assenti, passando o braço pelo seu.
- Então que o show comece.
Com um acenar á Amren as barreiras foram baixadas.
"Falarei com você por aqui."
Azriel olhou de mim para os outros.
"Disse que só você me ouviria assim."
Ele assentiu.
- Aqueles panos que veste durante o dia não faz jus ao que realmente é.
Lucien falou em meu ouvido, revirei os olhos. Azriel fez um barulho rouco que fez seu peito chiar, ele havia rosnado? Lucien passou para frente, em seus lábios um sorriso malicioso enquanto ele se afastava para se colocar ao lado de Amren, ele vestia azul escuro, abandonara suas próprias cores pelas da Corte Noturna.
"Não imaginei que ele fizesse parte da Corte."
- Ao que parece faz, é o emissário de Rhys as terras humanas.
"Certo, só mais um macho com superego que essa corte abriga."
Sorri ao olhar para Az incomodado ao meu lado, uma das sombras se soltou de sua garra e percorreu meu braço, se aninhando em meu pescoço, enroscando-se em meus cabelos.
"Já que deseja tanto uma comunicação pouco convencional, faremos assim."
Sua voz escorregou para meus ouvidos, um sussurro rouco carregado pela sombra, contive um tremor, ele apertou meu braço contra o corpo, talvez ele soubesse que seria eu a escorregar até o chão.
"Não toco em você."
"Mas pode."
A sombra deslizou em meu braço me fazendo estremecer novamente. Me fiz forte com a chegada dos "convidados", os pais de Mor foram os primeiros a chegar, seguidos por seus generais e alguns lordes, a realeza da Cidade Escavada. Rhys lançou a Keir um olhar indiferente.
- Se demorasse um pouco mais a visita estaria cancelada.
Corrigi a postura, ficando o mais ereta possível, ergui o queixo, não olhei para os recém-chegados, apenas os olhando sem focar em nada.
Uma torturante hora de apresentações se estendeu, vez ou outra Az e Cass rosnavam, eu mantive o papel. Quando Rhys e Feyre, Mor, Amren, Az e Cass precisaram sair para reunião com Keir, algo sobre os limites que ele teria em Velaris. Fiquei sozinha, todos os olhares voltaram para mim.
- Se continuar parada aí vão devorá-la.
Lucien falou me estendendo a mão, aceitei, foi um alívio ser tirada da mira deles. Música começou a ser tocada, a comida passou a ser servida. Ao atravessar o salão só o que dava para sentir entre os convidados era a inveja, pura.
- Se continuasse ali tive a sensação de que garras iriam surgir. Obrigada.
- Oficialmente somos agregados da Corte Noturna.
- Poderia ser pior, se fossemos prisioneiros. No entanto estamos alimentados, vestidos e com camas confortáveis. Um brinde a isso.
Sugeri ao pegar duas taças da bandeja que estava no balcão ao lado. Ele acenou, tocamos nossas taças, virei de uma vez.
- Vá com calma!
Ele pegou a taça da minha mão, ia reclamar, mas senti a aproximação de alguém virei para ver e Lucien me puxou para trás de si vindo em nossa direção um homem loiro nos encarava.
- A Corte Noturna abriga traidores agora?
Sua voz venenosa me fez tremer, mas disfarcei tocando o ombro de Lucien passando para seu lado.
- Os espaços vagos foram preenchidos, tenta na próxima vida.
Sorri, voltando a Lucien, tentando fazê-lo me olhar, seu olho dourado não saia do homem, abaixo da minha mão sentia ele tremer. O homem avançou, me coloquei entre eles uma mão erguida para parar o estranho e uma sobre o peito de Lucien. Pedia mentalmente que não houvesse uma briga.
- Cavalheiros, senhor? Pare de procurar, porque vai encontrar. E soube que o humor atípico do seu Rei, rende ao meu grão-senhor ideias espetaculares de tortura.
Em meus olhos estava suplicando a Lucien, ele soltou o ar assentindo e quase pude respirar aliviada também, os vi retornar para sala, o Círculo e a realeza da Escavada. O homem agarrou meu pulso ainda no alto, esmagando-o, me aproximei o suficiente para tentar não chamar mais atenção.
- Me solte.
Precisei conter Lucien que partiu para cima dele, balancei a cabeça em negativa.
- Você é só mais uma vadia...
O homem falou entre dentes, me puxando contra si, encarei seus olhos pretos depois a mão envolta do meu pulso. Tomei aquela força, ressecando pele, músculos, entortando os ossos, até o cotovelo, só parei quando o membro não passava de osso e pele enrugada. Os gritos começaram, segurei meu pulso enquanto ele caia no chão, proferindo mais ofensas e ameaças. Keir atravessou até nós, Lucien novamente se pôs a minha frente, mas Azriel atravessou me puxando pela cintura.
- Desfaça!
Ordenou Keir.
- Pedi que me soltasse.
Esfreguei o pulso esmagado.
- Tem sorte de ainda ter o braço, se fosse em minha presença, perderia a cabeça. Considere uma gentileza.
Azriel rosnou.
- Keir?
Feyre chamou, mas os olhos dele não saiam de mim, debatendo se valeria a pena alcançar meu pescoço e me estrangular ele mesmo.
- Tire seu homem daqui, não irei tolerar nenhum tipo de abuso em minha Corte.
Ela falou, ele assentiu se afastando, alguns de seus homens atravessaram com o ferido. Rhys apenas se moveu, e todos voltaram a atenção para o trono.
- Para que fique claro todos em minha Corte e em meu círculo são livres, então quando uma fêmea ou macho disser NÃO, será NÃO!
Todos assentiram a atenção sobre nós se dissipando, Lucien me deu um olhar de desculpas e eu um sorriso fraco, ele foi para onde Elain estava. Azriel ainda me tinha presa a ele com o braço em minha cintura, Keir me olhava com ódio.
"Senão fosse pai da Mor, teria socado a cara dele."
Sua sombra deslizou para meu pescoço.
"Tenho certeza de que ela aprovaria."
Havia um sorriso em sua fala.
"Preciso cuidar disso."
Aconcheguei o pulso ao peito, ele concordou, caminhamos pelo salão. Ou Azriel havia assustado aquelas pessoas, ou eu, porque nenhuma delas ousou olhar diretamente para nós.

A Corte de Sombra e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora